Fotojornalismo

Os cliques da notícia

Imagens que marcam a rotina

- Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Biné Morais relembra a trajetória em O Estado
Biné Morais relembra a trajetória em O Estado (Biné Morais)

SÃO LUÍS- Era a manhã do dia 6 de julho de 2015. Como todos os dias, o fotojornalista Biné Morais, com 35 anos de profissão, sendo 25 vividos em O Estado, chegou à redação para cumprir uma série de pautas que permeiam a rotina de quem vive de captar a informação. No entanto, por volta das 15h, a notícia de um linchamento ocorrido no bairro Jardim São Cristóvão alterou o que estava pré-agendado para o dia. A informação inicial era de que um homem pretendera roubar um bar e acabou capturado pela população.

Em companhia do repórter Leandro Santos, que na época integrava a equipe de O Estado, Biné Morais chegou ao local e avistou de longe o corpo de Cleidenilson Pereira da Silva, 29 anos, que supostamente teria envolvimento em um assalto na região. Para afastar curiosos, equipes policiais tinham isolado a área, o que impediu o fotojornalista de se aproximar um pouco mais do local do crime, mas a sensibilidade do profissional percebeu que mesmo dali era possível captar em suas lentes a referência da brutalidade ocorrida ali. “Antes de eu chegar, já tinha visto algumas fotos circulando em redes sociais que exploravam a tragédia de uma forma brutal, e quando eu cheguei a área já estava isolada. Eu dei a volta no quarteirão, pois a minha intenção era registrar também os policiais e os curiosos, mas, quando eu mirei com a lente, eu prestei atenção nas amarras e pensei que não precisava mais de nada. Aquela cena já dizia tudo”, relembrou.

Além dessa imagem, o repórter fotográfico fez outros registros. Um deles, já mais próximo ao corpo ele percebeu a presença de um senhor o observando. “Eu percebi o olhar de um senhor e pensei que poderia ser algum parente da vítima. Então, por respeito eu logo me afastei, mas eu fiquei com a sensação de que conhecia aquele senhor de algum lugar e, de fato, eu tinha sido apresentado a ele, uns dias antes, e quando eu fui à casa da vítima, era o pai dele. Por me conhecer, ele aceitou falar com o repórter, contou que na verdade o filho dele era usuário de drogas e nunca tinha cometido nenhum assalto. Foi uma cena muito triste”, avaliou.

A sensibilidade na hora de registrar um momento tão brutal chamou atenção na Redação de O Estado. Logo, a fotografia foi escolhida para ilustrar a capa de O Estado. A imagem também foi cedida ao jornal carioca Extra e também ganhou a primeira página.

Com a imagem, o Extra ganhou o Prêmio ExxonMobil, antigo Prêmio Esso, na categoria “Primeira Página”. A capa, que recebeu o título de “Do tronco ao poste”, fez uma comparação entre o linchamento de Cleidenilson Pereira da Silva, de 29 anos e uma pintura de 200 anos antes do artista francês Debret, que retrata um escravo sendo açoitado em praça pública.

Outros fatos marcantes
Além dessa imagem marcante, Biné Morais relembra outras que ficaram gravadas pelas suas lentes. Fatos inusitados, cotidiano, o instante exato da notícia marcam a sua trajetória. Entre tantas imagens captadas para O Estado, Biné destaca o registro de uma vaquejada realizada no Parque Independência. Durante a apresentação, o vaqueiro perdeu o controle do boi e acabou caindo. “Eu consegui captar o momento em que ele fica debaixo do boi e é muito impressionante”, relembra.

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