Justiça Eleitoral

Deputados ainda convivem com fantasma da cassação no TRE

Duarte Júnior e Thaíza Hortegal respondem a ação na Justiça Eleitoral por supostas irregularidades cometidas na campanha eleitoral de 2018

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Duarte Júnior e Thaíza Hortegal são acusados de ter cometido abuso de poder na eleição de 2018
Duarte Júnior e Thaíza Hortegal são acusados de ter cometido abuso de poder na eleição de 2018 (Duarte Júnior)

Os deputados estaduais Duarte Júnior (PCdoB) e Thaíza Hortegal (PP) são os únicos da atual legislatura que ainda convivem com o fantasma da cassação dos mandatos por ações na Justiça Eleitoral.
No Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão (TRE-MA), ambos respondem a processos por abuso de poder. Os dois casos estão na fase de tomada de depoimentos.
O deputado comunista é alvo de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) protocolada pelo procurador regional eleitoral no Maranhão, Pedro Henrique Castelo Branco. Segundo o representante da Procuradoria Eleitoral, o parlamentar usou a estrutura do Instituto de Promoção e Defesa do Cidadão e Consumidor do Maranhão (Procon-MA), órgão que dirigiu até antes do peito, para obter a vitória nas urnas. A atual presidente do órgão, Karen Barros, também figura como ré no processo.
Ao propor ação, Castelo Branco apontou abuso da promoção da imagem pessoal do comunista via Procon-MA. Segundo ele, uma pesquisa realizada pela Procuradoria Eleitoral, entre outubro de 2017 e abril de 2018 – quando o comunista já era, notoriamente, um pré-candidato a deputado – apontou a publicação de 99 fotos e vídeos do então presidente nas páginas oficiais do órgão e do Governo do Maranhão no Instagram. Foram identificadas, ainda, no mesmo período, 138 publicações em sites oficiais.
“A exposição massiva da imagem de autoridades/servidores de modo a desvirtuar o caráter educativo, informativo e de orientação social da publicidade de atos, programas, obras, serviços e campanhas de órgãos públicos, convertendo-os em meios de promoção pessoal, como claramente ocorre no caso trazido à apreciação judicial, caracteriza abuso de autoridade”, destaca Castelo Branco.
Na Aije, o procurador lembra que, já após a desincompatibilização de Duarte, a PRE chegou a emitir uma recomendação a sua sucessora, Karen Barros, para que imagens e menções ao ex-presidente fossem retirados das páginas oficias e redes sociais do Procon-MA.

Abuso
Segundo ele, como o pedido não foi atendido, Barros também acabou incorrendo em abuso. “Tal responsabilização de ambos os agentes se dá em razão da manutenção da propaganda desvirtuada após a exoneração do primeiro requerido [Duarte Jr.] do cargo de presidente do Procon, que passou a ser ocupado pela segunda requerida [Karen Barros]”, pontuou.
Para Pedro Castelo Branco, Duarte Júnior lançou mão de uma “estratégia ilícita” para obter dividendos eleitorais à custa da publicidade institucional do Procon-MA.
“Mais do que a efetiva utilização da publicidade institucional a serviço de sua promoção pessoal, é possível perceber com clareza o nexo entre tal conduta e o benefício eleitoral angariado por ele, que decorre do resgate da referida publicidade institucional dentro da propaganda eleitoral do requerido; com isso, configura-se injusta vantagem ao requerido em relação aos demais candidatos, pois o material veiculado tem a capacidade de induzir os eleitores a se sentirem obrigados a retribuir, com seus votos, as ‘benesses’ concedidas pelo ex-gestor do Procon-MA”.

Deputada é acusada de abuso de poder econômico

No caso da deputada Thaíza Hortegal, a ação é por abuso de poder econômico, e foi protocolada pelo ex-deputado federal Victor Mendes (MDB) – adversário político da família da parlamentar em Pinheiro.
Um dos fatos denunciados diz respeito ao uso de uma malharia como fornecedora de campanha.
Segundo o já apurado pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), a empresa D DA S COELHO – Malharia Linha Certa possui entre seu quadro societário pessoas inscritas no Cadastro Único de programas sociais. O fato, segundo o MPE, seria indicando de falta de capacidade operacional.
Além da oitiva da proprietária da empresa, o desembargador Tyrone José Silva, corregedor do TRE-MA, determinou a tomada de depoimentos de outras três pessoas em Pinheiro e 11 em Chapadinha.

O que dizem os deputados

Duarte Júnior
Em uma nota divulgada quando da proposição da ação, no fim do ano passado, Duarte Júnior disse que é ficha limpa e contra a corrupção, e que teve contas de campanha aprovadas pela Justiça Eleitoral – embora a denúncia da PRE não trate disso. Acrescentou, ainda, que quando esteve à frente do Procon-MA teve atuação “amparada na lei”.
“O objeto da denúncia é o fato de existirem notícias postadas durante o período em que fui presidente do Procon/MA, no site e redes sociais do órgão – conduta amparada na lei e adotada por muitos gestores e instituições com o fim de informar a população acerca dos seus direitos”, declarou.

Thaíza Hortegal
Em nota divulgada em março, a deputada Thaíza Hortegal desqualificou a denúncia. “A ação é frágil, sem amparo em provas, e se baseia em fatos genéricos, a respeito dos quais já foi apresentada tempestiva defesa ao TRE/MA”, disse, atribuindo o processo a “candidatos derrotados nas urnas” que “buscam criar factoides jurídicos para tentar tumultuar o mandato de seus adversários e aplacar a frustração de seu grupo político”.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.