Negociação

Socialistas tentarão governar Espanha sem coalizão formal

Segundo vice-premier, PSOE apostará em Gabinete minoritário; Cidadãos, de centro-direita, fecha porta a entendimento; ontem, 29, a vice-líder do Cidadãos, Inés Arrimadas, voltou a descartar qualquer tipo de acordo com o PSOE

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Pedro Sánchez precisará negociar a formação do governo para ser reconduzido ao posto
Pedro Sánchez precisará negociar a formação do governo para ser reconduzido ao posto (AFP)

MADRI - A vice-primeira-ministra da Espanha, Carmen Calvo, disse ontem, 29, que os socialistas tentarão governar a Espanha sem uma coalizão formal. Na véspera, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) confirmou o favoritismo nas eleições gerais, amealhou maioria absoluta no Senado e obteve 123 cadeiras na Câmara, a maior bancada, mas longe da maioria absoluta de 176 cadeiras. Agora, o líder da legenda e atual primeiro-ministro, Pedro Sánchez, precisará negociar a formação do governo para ser reconduzido ao posto. Em entrevista à rede SER, Calvo destacou que os socialistas querem "conversar com todo mundo", mas "governar com as próprias forças". "

" O PSOE vai tentar um governo solitário", afirmou.Os socialistas governaram o país com apenas 85 cadeiras na Câmara desde junho do ano passado, depois que uma moção de desconfiança forçou a queda do primeiro-ministro Mariano Rajoy, do Partido Popular, de direita.

Para sua eleição pelo Parlamento em 2018, Sánchez teve o apoio do Podemos, de esquerda, e de pequenas legendas regionais e nacionalistas. Ele governou com o apoio informal dessas forças até que os partidos independentistas da Catalunha votaram contra a aprovação do Orçamento, em fevereiro, precipitando a convocação de eleições antecipadas, realizadas no domingo.

Na entrevista à rede SER, Carmen Calvo defendeu que o PSOE mantenha a fórmula adotada no último ano e tente governar sozinho.

"Vamos tentar sobretudo porque acreditamos, como partido e como governo, que em muito curto espaço de tempo as pessoas nos entenderam muito bem. Somos o socialismo que gosta de governar para mudar as coisas", destacou ela. "Governamos com 85 cadeiras, derrubando a direita com a Constituição na mão para demonstrar que a política tem de servir à realidade".

Na noite de domingo, 28, a maioria dos analistas apostava em uma coalizão dos socialistas com o Podemos, de esquerda, que obteve 42 assentos nas eleições. A aliança ficaria, ainda assim, 11 cadeiras aquém da maioria absoluta, o que poderia significar uma aproximação com partidos menores, provavelmente nacionalistas bascos ou separatistas catalães.

Bloqueio

Deputada eleita do Podemos, Pilar Garrido criticou a ideia de um governo solitário do PSOE e destacou que tal formação "pode levar a um bloqueio" no Parlamento.

"Os governos monocromáticos do bipartidarismo não têm mais sentido", apontou, referindo-se ao período da redemocratização espanhola nos anos 1970 até 2011, quando o Parlamento era dominado por apenas dois partidos, o social-democrata PSOE e o direitista PP.

No domingo, 28, o líder do Podemos, Pablo Iglesias, já havia afirmado que a legenda é "imprescindível para que haja um governo de esquerda na Espanha".

Pedro Sánchez teria ainda a possibilidade de formar um governo com o Cidadãos — de centro-direita, que obteve 57 assentos no domingo —, mas a hipótese perdeu força ao ser descartada durante a campanha pelo líder da legenda, Albert Rivera. Tratava-se da solução preferida dos mercados financeiros, já que conduziria o PSOE para o centro e garantiria ao governo uma maioria estável.

Ontem, 29, a vice-líder do Cidadãos, Inés Arrimadas, voltou a descartar qualquer tipo de acordo com o PSOE, incluindo um para a aprovação do nome de Sánchez como primeiro-ministro.

" Não haverá nenhum tipo de negociação para um governo, para uma eleição parlamentar, nenhum tipo de negociação que facilite que o senhor Sánchez chegue outra vez ao Palácio da Moncloa", disse ela.

A vice-premier Carmen Calvo, por sua vez, afirmou que o PSOE quer gerar um clima de entendimento entre partidos, mas que o Cidadãos "nada traz" à mesa.

Negociação arrastada

As negociações podem durar semanas, senão meses. A primeira sessão da legislatura eleita no domingo está prevista para 21 de maio. Só depois disso, e sem prazo definido para tanto, o rei Felipe VI consultará as lideranças partidárias para chegar a um nome de primeiro-ministro com que a Casa concorde. Há eleições regionais e locais em 26 de maio — no mesmo dia das eleições para o Parlamento Europeu - , que atrasarão as conversas de governo. Isso significa ser improvável que um novo governo esteja pronto antes de junho ou julho.

Para tomar posse, um novo governo precisa de maioria absoluta numa votação parlamentar de primeiro turno. Em segundo turno, basta uma vitória por maioria simples. Caso o candidato não consiga votos suficientes, começa a correr o prazo de dois meses para que os deputados escolham um novo premier, antes que o Parlamento seja dissolvido e outra eleição seja marcada para 54 dias depois.

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