SÃO LUÍS - Um dos principais cartões-postais de São Luís, o Mercado das Tulhas (Feira da Praia Grande), deve passar por algumas mudanças nas lojas e comércios que funcionam no local. Na tarde de ontem (23), uma ação conjunta entre Polícia Civil, Militar, Corpo de Bombeiros, Blitz Urbana e Vigilância Sanitária aconteceu no local, com o intuito de averiguar se os serviços estão sendo prestados em condições mínimas de segurança.

O delegado Joviano Furtado, da Delegacia de Costumes de Diversão Pública (DCDP), realizou uma primeira ação há duas semanas, quando boa parte do bairro Praia Grande foi percorrida, sendo dada atenção especial ao Mercado das Tulhas. Na reunião marcada para ontem, os órgãos frisaram que medidas devem ser tomadas pelos comerciantes locais para que o funcionamento siga sendo feito de maneira plena, sem problemas judiciais ou de segurança, chegando a afetar a vida dos consumidores que passam diariamente na feira.

“Aqui foi constatado que não há nenhum extintor de incêndio, e o lugar foi reprovado pelo Corpo de Bombeiros”, afirmou o delegado Joviano Furtado. Segundo o Comandante do Corpo de Bombeiros do Maranhão, coronel Célio Roberto, essa é uma exigência que será feita para todos os comerciantes locais, em prazo que deve ser determinado e enviado por meio de notificação.

Os principais pontos citados na reunião de comerciantes e órgãos foram a instalação de equipamentos de segurança contra incêndios, maior rigor e fiscalização para evitar venda de bebidas alcoólicas para menores de idade, pessoas embrigadas e pessoas em situação de rua, além de questões relacionadas à higiene do local. Nenhum alerta sobre a estrutura do histórico mercado foi feito.

“Nós já passamos por vistorias como essa antes. Esperamos agora os prazos que os órgãos vão nos dar para tentarmos nos adequar”, disse Rosinaldo Ferreira, que trabalha no mercado há 29 anos. Segundo o comerciante, um ponto abordado considerado desnecessário foram licenças para realizações de eventos.

“Praticamente não temos evento aqui. Aos sábados, temos uma roda de samba e, nos demais dias, quando algo ocorre, às 20h se encerra, pois é o horário que os comércios aqui dentro todos fecham”, explica. Rosinaldo Ferreira conta que seu pai trabalhou no local por mais de 50 anos, e nunca nenhum tipo de exigência como essa foi feito. Demais comerciantes do local seguem o mesmo discurso a respeito da utilização do espaço.

Denúncia
Em outubro de 2018, O Estado denunciou a carência de obras de infraestrutura, policiamento e incentivos públicos para o Mercado das Tulhas. Na época, a presidente da Associação dos Feirantes da Feira da Praia Grande, Ubiracy Lima Sampaio, falou sobre a queda na movimentação de clientes vista nos últimos anos. “Acabaram com as nossas festas de São João e Carnaval. Esses eventos proporcionavam alto número de clientes na Feira da Praia Grande. Não temos espaços para estacionamento. Os consumidores não estão vindo mais, também com medo da violência. É muito roubo, principalmente dia de quinta e sexta-feira. Os banheiros estão sucateados. O piso, deteriorado. O nosso patrimônio histórico, turístico e cultural está defasado”, explicou Sampaio.

Artesanato, comidas típicas do Maranhão, bebidas artesanais, doces, castanhas, temperos, licores, entre outros produtos, são os mais comuns encontrados no local, que recebe diariamente centenas de turistas de todas as partes do mundo. Tudo isso começa a perder a beleza e essência, uma vez que a feira se encontra em condições precárias.

HISTÓRIA
O Mercado das Tulhas, também conhecido como Casa das Tulhas, Feira da Praia Praia Grande ou Mercado da Praia Grande, é um mercado especializado em produtos maranhenses. Construído no século XIX, o nome tulha se refere a inicialmente ser um local para venda de grãos, um celeiro público, onde o lavrador guardava e vendia os gêneros que seriam comercializados.

Entre 1855 e 1861, a Companhia Confiança Maranhense incorporou a Casa das Tulhas, demolindo o prédio e construindo um edifício regular. Em 1895, o seu controle foi repassado para a Câmara Municipal de São Luís. Ocupando uma edificação retangular, possui quatro entradas A principal delas fica localizada na Rua da Estrela. Também há entradas na Rua Portugal e outras duas com laterais para o Centro de Criatividade Odylo Costa Filho e a Câmara Municipal de São Luís.

Na área externa, existem lojas comerciais que vendem artesanato e vestuário. Na parte interna, há inúmeros boxes, bancadas e barracas vendendo produtos ligados à gastronomia, incluindo comidas típicas, temperos, bebidas artesanais, tiquiras, cachaças, licores, castanhas e doces.

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