Forró

A um passo do reconhecimento

Seminário marca início do processo de pesquisa que investigará a complexidade das Matrizes Tradicionais do Forró, incluindo o Maranhão

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
A sanfona é um dos símbolos do forró
A sanfona é um dos símbolos do forró (Forró )

SÃO LUÍS - O forró está em processo para ser reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A manifestação cultural conhecida por seus ritmos musicais, danças e instrumentos tradicionais já passa por um intenso processo de mobilização social e será pesquisada pelo Iphan, em cooperação com a Associação Respeita Januário a partir do Seminário Forró e Patrimônio Cultural, a ser realizado de 8 a 10 de maio, em Recife (PE).

O evento gratuito e aberto ao público reunirá forrozeiros, artistas, músicos, artesãos e dançarinos, além de gestores públicos e culturais, produtores e pesquisadores de todo o Nordeste e de estados com forte presença nordestina, que há décadas acolhem e ajudam a fortalecer as matrizes tradicionais do forró, como São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Espírito Santo.

Para que o dossiê resultante da pesquisa contemple a história, os atuais desafios e as perspectivas de continuidade das práticas sociais que formam as matrizes tradicionais do forró, o Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan buscará a participação ativa das comunidades e atores sociais que mantêm viva a tradição no país, incluindo o Maranhão. O espaço promoverá trocas de experiências sobre o que consideram importante para o reconhecimento e a continuidade dessa forma de expressão tão representativa da cultura brasileira.

“Esse seminário é de extrema importância para o forró como forma de expressão por falar de maneira tão profunda da cultura nordestina e que vem se renovando no tempo, mantendo-se como força viva da disseminação pelo Brasil e pelo mundo. A partir da discussão com os detentores, instalamos a política de salvaguarda, para que essa manifestação possa passar de geração a geração. Diferente do tombamento, o Registro impõe que façamos uma revalidação a cada dez anos”, explica Kátia Bogéa, presidente do Iphan, acrescentando que o Maranhão tem um dos maiores expoentes do ritmo forró, que é João do Vale.

Na pauta, estão debates importantes para a compreensão do forró como Patrimônio Cultural, a exemplo da valorização e sustentabilidade da manifestação; das ações de preservação; de políticas públicas, entre outros. A programação buscará também compreender as formas de transmissão dos saberes relacionados, por meio de oficinas e aulas dos mestres sobre os diferentes instrumentos musicais, os ritmos e as danças que constituem as matrizes do forró.

Haverá, também, espaços para apresentações e interações musicais entre músicos e dançarinos por meio de palcos abertos e um show de encerramento especial na tradicional casa de forró recifense, Sala de Reboco, que reunirá os participantes do Seminário na noite da sexta-feira, dia 10 de maio, e será aberto ao público. A pesquisa se estenderá até meados de 2020 e resultará no dossiê de Registro a ser analisado pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, que deliberará se o bem receberá o reconhecimento como Patrimônio Cultural do Brasil.

Em São Luís, o forró é pulsante em diversas épocas do ano

Maranhão

Em São Luís, o forró é pulsante em diversas épocas do ano e, principalmente, nas festividades de São João. Já no interior, acontece anualmente a Festa do Forró em Pedreiras, em homenagem à João do Vale. Em Lucindo, povoado do município de Porção de Pedras, a festa é dos sanfoneiros, reindo tocadores de todo o estado. É o que explica a coordenadora do Fórum de Forró de Raiz no Maranhão, cantora Alexandra Nicolas. “O forró tradicional no Maranhão tem sido observado com um olhar mais atencioso e a novidade é que seremos a sede de um Encontro do Fórum Nacional do Forró, em outubro, quando também faremos o Festival Pisa na Fulô, nosso primeiro festival de forró”.

Em setembro de 2011, a Associação Cultural Balaio do Nordeste encaminhou ao Iphan o pedido de registro das matrizes tradicionais do forró como Patrimônio Cultural do Brasil. Desde então, o Instituto buscou, em parceria com a Associação, o Fórum Nacional Forró de Raiz e outras instituições parceiras, incentivar encontros, fóruns e audiências públicas para discutir o processo de reconhecimento, abordando os potenciais, significados e limites da política de Patrimônio Cultural. As diretrizes apontadas no Encontro Nacional para Salvaguarda das Matrizes do Forró, ocorrido em João Pessoa (PB) em setembro de 2015 são o fundamento para a pesquisa a ser realizada pela Associação Respeita Januário. em cooperação com o Iphan.

Para que um bem seja registrado pelo Iphan, é necessário ter relevância para a memória nacional, continuidade histórica e fazer parte das referências culturais de grupos formadores da sociedade brasileira. Dentre os patrimônios imateriais inscritos no Livro do Registro das Formas de Expressão estão as Matrizes do Samba do Rio de Janeiro, o Tambor de Crioula do Maranhão, o Samba de Roda do Recôncavo Baiano e o Frevo.

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