Comércio

Venezuela dribla sanções ao receber dinheiro por petróleo via Rússia

Pelo esquema a estatal venezuelana PDVSA começou a repassar faturas de suas vendas para gigante petrolífera russa Rosneft

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Logo da estatal venezuelana de petróleo PDVSA em um posto de abastecimento na capital Caracas
Logo da estatal venezuelana de petróleo PDVSA em um posto de abastecimento na capital Caracas (Reuters)

CARACAS - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, está canalizando o fluxo de caixa das vendas de petróleo do país através da estatal de energia russa Rosneft, à medida que busca evitar as sanções dos Estados Unidos, projetadas para retirá-lo do poder, de acordo com fontes e documentos vistos pela Reuters.

As vendas são o mais recente sinal da crescente dependência do governo venezuelano da Rússia em meio à crise financeira do país, à medida que os EUA apertam o cerco econômico a Maduro, que os americanos classificam como um ditador.

Com a economia em frangalhos por anos de recessão e um substancial declínio na produção de petróleo, a Venezuela já vinha lutando para financiar importações e gastos governamentais antes mesmo de Washington impor restrições à petroleira estatal PDVSA em janeiro.

O petróleo representa mais de 90% das exportações que partem da única nação sul-americana do cartel da Opep (Organização dos Países Produtores de Petróleo) e a maior parcela de receitas do governo. Maduro acusou o presidente dos EUA, Donald Trump, de promover uma guerra econômica contra a Venezuela.

Desde janeiro, o governo Maduro vem negociando com aliados em Moscou maneiras para contornar a proibição de transações com clientes que pagam a PDVSA em dólar, disseram as fontes. A Rússia afirmou publicamente que as sanções americanas são ilegais e que trabalharia com a Venezuela para enfrentá-las.

Sob o esquema descoberto pela Reuters, a estatal venezuelana PDVSA começou a repassar faturas de suas vendas de petróleo para a Rosneft.

A gigante da energia russa paga à PDVSA imediatamente, com um desconto sobre o preço da venda - evitando o período comum de 30 a 90 dias para a conclusão de transações petrolíferas - e recebe depois a quantia total do comprador, segundo os documentos e fontes.

“A PDVSA está entregando suas contas a receber para a Rosneft“, disse uma fonte da empresa venezuelana com conhecimento dos acordos, que falou sob condição de anonimato por temer retaliações.

Grandes empresas de energia como a indiana Reliance — maior cliente da PDVSA com pagamentos em dinheiro — foram convidadas a participar do esquema, pagando à Rosneft pelo petróleo venezuelano, mostraram os documentos.

Investimento

A Rosneft, que tem investido fortemente na Venezuela sob o governo do presidente Vladimir Putin, não respondeu imediatamente a um pedido por comentários. A PDVSA, o Ministério do Petróleo e o Ministério da Informação da Venezuela, que responde ao setor de mídia pelo governo, também não responderam questões enviadas pela Reuters.

Perguntado sobre as transações, um porta-voz da Reliance afirmou que a empresa fez pagamentos à Rússia e a companhias chinesas, que foram deduzidos de valores devidos pela Venezuela a esses países.

O diretor financeiro da Reliance, Srikanth Venkatachari, confirmou a jornalistas nesta quinta-feira os pagamentos por meio de empresas russas e chinesas, mas não deu maiores detalhes." Estamos em diálogo ativo com o Departamento de Estado dos EUA a respeito de nossas negociações por petróleo venezuelano, para permanecer em conformidade com as sanções americanas", disse ele.

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