Tradição

Celebração da Paixão e Procissão do Senhor Morto reúne fiéis, no Centro

A Sexta-feira Santa reúne dois dos atos mais importantes de toda a Semana Santa, onde o silêncio e respeito são palavras de ordem

Emmanuel Menezes / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Duranta a Sexta-feira da Paixão fiéis rezam e refletem sobre o corpo morto de Cristo em igreja da capital
Duranta a Sexta-feira da Paixão fiéis rezam e refletem sobre o corpo morto de Cristo em igreja da capital (Cristo morto)

A Sexta-feira Santa, que os antigos chamavam de “Sexta-feira Maior”, é uma das comemorações mais importantes do cristianismo, onde se celebra a paixão e morte de Jesus. Se diferenciando dos demais dias, este é o único no calendário católico no qual não se é celebrada uma missa. Os fiéis se reúnem para o ato da Via Sacra e Celebração da Paixão.
“Neste dia há uma mudança na nossa celebração, quando é feita a recordação da morte de Jesus em quatro momentos: Liturgia da Palavra, Oração Universal, Adoração da Cruz e Rito da Comunhão”, explica o pároco da Igreja da Sé, Roney Rocha Carvalho. A celebração foi feita pelo arcebispo de São Luís, dom José Belisário.
Dezenas de fiéis estiveram presentes durante a simbólica passagem, que traz de forma lúdica os momentos de sofrimento que Jesus passou em sua caminhada ao calvário. O dia é dedicado ao silêncio e à meditação em lembrança à crucificação de Jesus Cristo.
“Eu, mesmo com problemas de saúde, não perco a oportunidade de assistir momentos como o da Via Sacra e Celebração da Paixão”, diz Conceição Maria, de 67 anos. Segundo a aposentada, ela sempre participou das celebrações da Semana Santa da Igreja da Sé. Toda Sexta-feira Santa é tradição a Procissão do Senhor Morto, que sai da Igreja e percorre as ruas do Centro de São Luís.
“Ao contrário do que muitos pensam, a Paixão não deve ser vivida em clima de luto, mas de profundo respeito e meditação diante da morte do Senhor”, reitera o pároco Roney Rocha.

Via Sacra
Antes do início da celebração, o pároco e os fiéis acompanham a Via Sacra dentro da própria igreja. O doloroso caminho percorrido por Jesus, antes de ser crucificado, é narrado, passando pelas 14 estações que descrevem seus últimos momentos em vida, desde a condenação à morte por Pôncio Pilatos até o seu sepultamento.

Procissão do Senhor Morto
Após a Celebração da Paixão, os fiéis reunidos na Igreja da Sé seguiram em procissão junto a imagem de Jesus morto. Passando pela Rua do Egito, Praça João Lisboa, Rua da Paz, Rua do Sol e, novamente, para a Igreja da Sé, onde o cortejo havia iniciado.l

SAIBA MAIS

Como surgiram as 14 estações

Em 1584, Adrichomius retomou o itinerário espiritual de Jan Pascha e lhe deu a forma que tem a Via Sacra como a conhecemos hoje. Ou seja, o caminho da Cruz de Cristo acontece a partir do pretório de Pilatos, onde Jesus foi condenado à morte, num total de 14 estações, até o Calvário, onde morre o Crucificado. Os franciscanos tiveram um papel importante na propagação do exercício da Via Sacra. Desde o século XIV, estes são os guardas oficiais dos lugares santos da Terra Santa e, talvez, por isso dedicaram-se à propagação da veneração da Via Sacra em suas igrejas e conventos. Desde o fim da Idade Média, os franciscanos erguiam estações da Via Sacra, segundo o roteiro de Jan Pascha e Adrichomius. Isso fez com que essa forma prevalecesse sobre as outras formas de devoção da Via dolorosa de Cristo. Foram, também, os franciscanos que obtiveram dos Papas a concessão de indulgências ao exercício da Via Sacra.
Assim, o exercício da Via crucis desenvolveu-se ao longo dos séculos até atingir sua forma atual, a partir da obra de Pascha e Adrichomius no século XVI. A aprovação da Santa Sé e a concessão de indulgências mostram que a veneração e a meditação da Via dolorosa de Cristo fazem muito bem para a piedade cristã, especialmente no tempo da Quaresma.

Procissão do Senhor Morto

Em muitas cidades históricas ou interioranas do Brasil e Portugal, a Celebração da Paixão e Morte do Senhor é procedida da Procissão do Enterro, também conhecida como Procissão do Senhor Morto, em que são cantados motetos em latim. A celebração tradicionalmente é promovida pela Irmandade do Santíssimo Sacramento.

Sábado Santo ou Sábado de Aleluia

É o dia da espera. Os cristãos junto ao sepulcro de Jesus aguardam sua ressurreição. No final deste dia é celebrada a Solene Vigília Pascal, a mãe de todas as vigílias, como disse Santo Agostinho, que se inicia com a Bênção do Fogo Novo e também do Círio Pascal.
Proclama-se a Páscoa através do canto do “Exultet” e faz-se a leitura de 14 passagens da Bíblia (sete leituras e sete salmos), percorrendo-se toda história da salvação, desde Adão até o relato dos primeiros cristãos. Entoa-se o Glória e o Aleluia, que foram omitidos durante todo o período quaresmal. Há também o batismo daqueles adultos que se prepararam durante toda a quaresma. A celebração se encerra com a Liturgia Eucarística, o ápice de todas as missas.

Domingo de Páscoa

É o dia mais importante para a fé cristã, pois Jesus vence a morte, ressuscita e mostra o valor da vida. Esse dia é estendido por mais cinquenta dias até o Domingo de Pentecostes.

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