Acusações

China diz que críticas de secretário de Trump são ''caluniosas''

Na sexta, 12, Pompeo acusara Pequim de contribuir para colapso econômico na Venezuela e pedira ''cautela'' a países da região

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Secretário de Estado americano, Mike Pompeo conversa com presidente colombiano, Iván Duque, em Cúcuta
Secretário de Estado americano, Mike Pompeo conversa com presidente colombiano, Iván Duque, em Cúcuta (Reuters)

PEQUIM - A China reagiu ontem, 15, ao que chamou de críticas "caluniosas" do secretário de Estado americano, Mike Pompeo. Durante viagem à América do Sul, encerrada no domingo, o representante de Donald Trump pediu que os latino-americanos tomassem "cautela" com Moscou e Pequim. O governo chinês rebateu afirmando que as nações da região em breve veriam quem é "o verdadeiro amigo" delas.

Na sexta-feira, 12, no Chile, Pompeo acusou a China de contribuir para o colapso econômico da Venezuela ao financiar o governo do presidente Nicolás Maduro no momento em que se agrava a crise política de Caracas.

Na viagem, Pompeo apontou que a China é hipócrita por defender a não interferência nos assuntos da Venezuela e, ao mesmo tempo, "financiar intervenções que ajudaram a destruir o país". Segundo Pompeo, a China e a Rússia "montam armadilhas" e "espalham a desordem" no mundo. O porta-voz da Chancelaria chinesa, Lu Kang, destacou em entrevista coletiva que os comentários do americano são "mentiras".

"O secretário de Estado Pompeo, sobre as relações entre América Latina e China, é totalmente calunioso, deliberadamente irresponsável e irracional. Nós nos opomos fortemente a isso (as declarações)", ressaltou Lu.

Pressão

Os EUA lideram uma investida internacional de pressão para Maduro deixar o poder, em apoio ao líder opositor Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino da Venezuela em 23 de janeiro. A maioria dos países latinos-americanos, que elegeram governos conservadores dos últimos anos, reconheceu a autoridade do opositor. O líder bolivariano se atém ao poder com o suporte de Pequim e Moscou, que defendem a soberania venezuelana, e da cúpula militar de Caracas.

Globalmente, os EUA também combatem a ascensão chinesa, hoje a segunda potência econômica do mundo. No ano passado, o governo Trump lançou uma guerra comercial contra Pequim, e neste ano

"Os líderes da América do Sul se tornaram mais lúcidos e desconfiados de falsos amigos. China, Rússia estão definitivamente batendo na porta, mas uma vez que eles entram na casa, eles montam armadilhas, ignoram as regras e propagam desordem", disse o chefe da diplomacia americana. "Felizmente, a América do Sul não está comprando isso e nem nós", disse Pompeo, no tour aos latino-americanos.

A influência dos Estados Unidos no continente tem sido desafiada pela China, cujo impulso econômico das últimas duas décadas aumentou sua demanda por commodities latino-americanas. A China é a principal parceira comercial do Brasil, a maior economia latino-americana. Tal aproximação dos brasileiros e de vizinhos com Pequim alarma Washington.

Ganhos

Buscando destacar ganhos que os países latino-americanos, segundo ele, tiveram com a cooperação econômica e comercial com os Estados Unidos, Pompeo alertou sobre práticas de empréstimo "predatórias" e ações "malignas ou nefastas" chinesas. Ele repetiu críticas constantes de autoridades americanas sobre a China.

A estratégia de segurança nacional do governo Trump, divulgada em dezembro de 2017, aponta que a China tenta levar a região para sua órbita de influência com base em investimentos e empréstimos patrocinados pelo Estado chinês.

"Durante muito tempo, os Estados Unidos viram a América Latina como seu quintal. Pressionaram, ameaçaram e até derrubaram regimes políticos de outros países", respondeu o porta-voz da Chancelaria da China.

Estima-se que a China investiu cerca de US$ 60 bilhões de dólares em Caracas na última década, para serem pagos em petróleo. De acordo com a consultoria Stratfor, a Venezuela ainda deveria US$ 23 bilhões a Pequim. Já a Rússia emprestou e investiu mais de US$ 17 bilhões nos últimos 20 anos. Em dezembro, Putin prometeu mais US$ 6 bilhões, além de 600 mil toneladas de grãos.

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