Solidariedade

Cruz Vermelha decide expandir ajuda humanitária na Venezuela

Organização vai triplicar orçamento previsto para o país; serão investidos 24,6 milhões de francos suíços (R$ 91,8 milhões) para intensificar suas atividades na Venezuela; o governo havia bloqueado em fevereiro remessas de alimentos dos EUA e aliados

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Presidente venezuelano Nicolás Maduro recebe Peter Maurer, presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha
Presidente venezuelano Nicolás Maduro recebe Peter Maurer, presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (Reuters)

GENEBRA - O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) anunciou que chegou a um acordo com o governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, para expandir suas operações de assistência humanitária, oferecendo apoio a hospitais e centros de saúde na nação sul-americana. Além disso, a Cruz Vermelha declarou que triplicou seu orçamento dedicado ao país. A organização investirá 24,6 milhões de francos suíços (R$ 91,8 milhões), para intensificar suas atividades na Venezuela.

O anúncio ocorre após uma visita de cinco dias do presidente da organização, Peter Maurer, à Venezuela, durante a qual se encontrou com Maduro. Apesar de anunciar o acordo na quarta-feira, o governante rejeita que o país atravesse uma crise humanitária.

"Fico feliz em ver que as autoridades estão dispostas a trabalhar conosco para atender às necessidades humanitárias", disse Peter Maurer, em comunicado em Genebra, sede da organização.

Segundo a Cruz Vermelha, um total de "28 hospitais e centros de saúde na Venezuela se beneficiarão com funcionários especializados, fornecimento de água, serviços sanitários, além de materiais médicos".

Bloqueio

Numa queda de braço com a oposição, o governo venezuelano havia bloqueado em fevereiro passado remessas de alimentos e remédios, enviadas pelos Estados Unidos e aliados, nas fronteiras com a Colômbia e o Brasil. A ajuda havia sido fornecida a pedido do líder opositor Juan Guaidó, proclamado presidente interino do país com apoio da Assembleia Nacional em 23 de janeiro.

Maduro alegou que a ajuda americana enviada em 23 de fevereiro era uma "desculpa" para os EUA conseguirem realizar uma intervenção militar e derrubá-lo. Já Guaidó — reconhecido como presidente interino por mais de 50 países, incluindo Estados Unidos e Brasil — tentava furar o bloqueio, lançando um apelo aos militares para que deixassem os alimentos e remédios passarem. O episódio resultou em algumas deserções nas Forças Armadas, mas não numa divisão maior que alguns opositores esperavam.

Na ocasião, a Cruz Vermelha e a Organização das Nações Unidas não participaram do esforço de envio do auxílio em função das disputas políticas, por considerarem que feria os seus princípios de "imparcialidade, neutralidade e independência".

Batalha política

A situação levou as Nações Unidas a fazerem um apelo confidencial aos dois líderes rivais para encerrarem uma batalha política pela ajuda humanitária. De acordo com o documento da ONU enviado a Maduro e Guaidó, ao qual o New York Times teve acesso, cerca de 94% dos venezuelanos vivem na pobreza e até sete milhões — ou um quarto da população — precisam de assistência humanitária imediata em um país que já foi um dos mais ricos do mundo.

No dia 29 de março, a Cruz Vermelha anunciou que havia negociado com governo e oposição o fornecimento de ajuda humanitária, calculando ajudar aproxidamente 650 mil pessoas a princípio. A organização enfatizou que não aceitaria qualquer interferência de nenhum dos lados da disputa política. Para garantir isso, pretendia distribuir mantimentos somente em oito hospitais de rede própria. Agora, com a nova negociação de Maurer, a Cruz Vermelha poderá expandir a ajuda.

Frase

"Fico feliz em ver que as autoridades estão dispostas a trabalhar conosco para atender às necessidades humanitárias"

Peter Maurer

Presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha

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