Impasse

Feirinha do Vinhais é montada no meio de avenida como protesto

Desde o mês de janeiro o espaço onde a feira é instalada toda semana foi tomado por containers, colocados para forçar a mudança de local dos feirantes; agora, a feirinha deve ir para o Cohafuma

Emmanuel Menezes / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25

O dia dos trabalhadores da Feirinha Livre do Vinhais foi bastante turbulento ontem (10), quando iniciaram a montagem de suas bancas. Desde janeiro, o terreno cedido para a montagem da feira foi “invadido” por containers, colocados com propósito de forçar a mudança de local dos feirantes. Ontem, por falta de espaço, eles montaram sua estrutura na Avenida 1, uma das principais vias de acesso para bairros como Vinhais e Cohama, sendo esta uma maneira estratégica para chamar atenção do poder público.

“Por volta das 8h30, os policiais chegaram, de maneira agressiva, e tentaram impedir que montássemos a estrutura”, contou uma feirante, que preferiu não ser identificada. “Eles, inclusive, derrubaram um senhor que quase 50 anos. Nós montamos um cordão, todos os feirantes, de mãos dadas, impedindo que entrassem na área que estamos usando”, completou a mulher. O trânsito da Avenida 1 foi reorganizado pela Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte (SMTT).

O secretário municipal de Agricultura, Pesca e Abastecimento, Ival­do Rodrigues, disse ontem que um espaço no Cohafuma foi destinado aos feirantes. A Semapa afirmou que colocou à disposição dos feirantes transporte para levar os equipamentos para novo espaço e reiterou que continua à disposição dos feirantes para o diálogo e encontro de solução conjunta que seja favorável a todos.

Com o impasse, muitos consumidores ficaram preocupados. “Eu faço compras na feirinha há 30 anos, todas as quartas-feiras, andando. Se mudarem essa feira para o Cohafuma, quase ao lado da Ceasa, como que ela vai atender os moradores da Cohama e Vinhais?”, questiona Maria da Graça, moradora da Cohama.

O coordenador da Feirinha do Vinhais, Robson Viana, frisou que a medida de colocar a estrutura no meio da Avenida 1 foi uma forma de chamar atenção, para conseguir respostas mais rápidas. “Enquanto as brigas sobre o verdadeiro dono estiverem rolando, pedimos o nosso espaço de volta. Também temos, do outro lado da Avenida Jerônimo de Albuquerque, um terreno que está desocupado e que é institucional. Agora que sinalizamos esse terreno como opção para mudança de local, a Prefeitura alegou que construirão uma praça lá”, disse o coordenador.

Segundo Robson Viana, uma pra­ça não seria empecilho para a realização da feirinha no local, visto que em bairros como Madre Deus, Cohatrac e Jardim América as feiras são realizadas em praças. “Nós só queremos trabalhar”, finalizou o homem.

Documentos
O presidente da Associação dos Moradores do Vinhais, Flávio Dourado, mostrou todos os documentos de autorização para a realização da feirinha livre naquele espaço. “O que está havendo é um grande jogo de interesses do empresário em questão. Nós temos aqui todas as provas de que esse espaço é uma propriedade da União dos Moradores do Vinhais. Temos autorização para realizarmos a feira nesse espaço, que é organizada, ainda, por meio da Secretaria Municipal de Agricultura, Pesca e Abastecimento (Semapa)”, frisou.

Em outro parecer técnico feito pela Prefeitura, datado em 22 de agosto de 2012, fica descrito que o terreno em questão é uma área institucional, e é permanentemente proibido sua venda, desmembramento, construção de muros e alvarás para construções de unidades residenciais e comerciais.

Ministério Público
Em parceria com a Associação dos Moradores do Vinhais, uma ação será tomada por meio do Ministério Público, para que os containers sejam retirados do espaço em que a feira era realizada, enquanto não houver decisão final sobre quem é o verdadeiro proprietário da área.

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