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Livro aborda questões filosóficas e físicas a respeito do tempo

No livro "O tempo que passa (?)", o escritor francês Étienne Klein faz perguntas aparentemente simples mas espinhosas sobre o tempo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Capa do livro "O tempo que passa (?)", do escritor francês Étienne Klein
Capa do livro "O tempo que passa (?)", do escritor francês Étienne Klein ( livro "O tempo que passa (?)")

São Luís - Perguntas simples moveram o físico e filósofo francês Étienne Klein para falar sobre o mistério do tempo. No livro "O tempo que passa (?)" ele faz um passeio por questões que inquietam a humanidade, bem como um convite a contemplar a fundamental estranheza do universo e da condição temporal. A tradução da obra é de Cecília Ciscato.

Nascido em Paris, em 1958, Étienne Klein é físico e filósofo. Depois de estudar engenharia, física e filosofia, trabalhou em projetos junto à Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN) e lecionou física quântica e filosofia das ciências em liceus e universidades francesas. Ao mesmo tempo, dedicou-se a uma intensa carreira em divulgação científica, com mais de vinte títulos publicados — muitos deles sobre a questão do tempo. Atualmente, Klein dirige o Laboratório de Pesquisas sobre as Ciências da Matéria, nos arredores de Paris.

Texto de orelha
Há muito tempo, numa passagem de suas Confissões, Santo Agostinho escreveu: “O que é o tempo, então? Se ninguém me perguntar, eu sei; mas, se quiser explicar a alguém que me pergunte, não sei...”. Passados muitos séculos, o embaraço do santo-filósofo ainda está conosco. Sabemos ver e dizer as horas, sentimos a passagem do tempo, lamentamos seu caráter passageiro — mas ai de nós, se alguém começar a fazer perguntas demais... Ora, é justamente isso que faz Étienne Klein nesta saborosa conferência sobre O tempo que passa (?). Em vez de expor teorias, ele faz perguntas de aparência simples, mas afinal espinhosas. Não para nos constranger, mas em prol de um exercício socrático: perguntar, responder, cair em contradição, melhorar a pergunta e assim por diante.

Ao longo desse processo, o tempo perde aquela obviedade cotidiana que o passo regular dos relógios lhe confere, para se mostrar esquivo e complexo. Ele realmente passa — ou ele é aquilo que faz passar tudo o mais, exceto ele mesmo? Em certas ocasiões felizes e dolorosas, desejamos que ele se detenha — mas o que aconteceria se nossos desejos fossem atendidos? O tempo flui como um rio — ou somos nós que deslizamos por ele? Se ele imprime movimento a todas as coisas, qual será o seu próprio motor? Ao final da conferência, os papéis se invertem, e agora são os espectadores a interrogar Klein sobre toda ordem de questões, da relatividade de Einstein às viagens rumo ao passado, da origem do universo ao fim dos tempos.

Entre 1929 e 1932, por encomenda de uma rádio alemã, Walter Benjamin escreveu programas destinados ao público jovem: eram narrativas, conversas, conferências, mais tarde reunidas sob o título de Luzes para as crianças.

A diretora de teatro Gilberte Tsaï decidiu retomar o título para designar as “pequenas conferências” que organiza todos os anos, dirigidas tanto aos jovens (a partir de dez anos) como àqueles que os acompanham. O intuito é sempre o mesmo: iluminar e despertar. Ulisses, a noite estrelada, os deuses, as palavras, as imagens, a guerra, Galileu... Os temas não têm limites. Há, porém, uma única regra a ser respeitada: os palestrantes devem realmente falar aos jovens e fazê-lo para além dos caminhos já traçados, num gesto de amizade que atravesse gerações.

Como a experiência deu certo, veio naturalmente a ideia de publicar essas aventuras orais em pequenos livros. Nasceu assim a coleção Les Petites Conférences, publicada na França pela editora Bayard. A breve conferência de Étienne Klein sobre a natureza do tempo foi proferida em Montreuil, perto de Paris, em 9 de junho de 2012, e chega agora ao leitor brasileiro no âmbito da coleção Fábula.

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