OPINIÃO

A Ilha padece

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25

São Luís tem passado por maus momentos nas últimas semanas. A impressão que dá é que a Ilha vai implodir, caso as chuvas que a vêm atingindo continuem na mesma intensidade. Os buracos nas vias apenas aumentam, faltam abrigos para usuários de ônibus e não há um plano efetivo de contenção nas áreas de risco. E se de um lado é a chuva que preocupa a população, com os alagamentos cada vez maiores, de outro é a violência, que deixa todos mais atentos.
A Ilha rebelde não tem condições de participar do evento “Temos temporal sim!” - que parece querer se abancar em São Luís este ano.
Durante todo o mês de março, choveu mais de 700 milímetros, conforme o Núcleo Geoambiental (NuGeo), da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), quando o esperado eram pouco mais de 400 milímetros. Ocorre que o mês considerado mais chuvoso do período nem era março, mas abril, que acaba de começar e parece já ter mostrado para o que veio, com chuvas intensas, que geram alagamentos e prejuízos à população.
Já virou fato comum a viralização de vídeos e fotos de inundações a cada chuva que atinge a Região Metropolitana de São Luís. A Estrada de Ribamar (MA-201) é uma das que se transforma em rio, impedindo a passagem de veículos e pedestres. Os condomínios construídos naquela região também têm padecido com o acúmulo de água.
A Avenida Guajajaras também tem ido parar constantemente vídeos disseminados nas redes sociais, com seus alagamentos, sem a necessidade de tanta chuva assim.
Mais recentemente, a enxurrada que invadiu ruas do Maiobão deixou muitas pessoas atônitas, e suas imagens chocantes também viralizaram por meio dos aplicativos de conversa. As ruas mais pareciam rios transbordantes, e a correnteza era tanta que empurrava carros e chegou a deixar um deles com as rodas para cima, conforme as imagens.
O que esperar do mês de abril, que ainda está em sua primeira semana? Por que parece que de repente São Luís não tem mais condições de receber tanta água, sendo ela uma ilha?
E, como se não bastasse a fúria dos céus sobre a Grande São Luís, os criminosos parecem ter se rebelado também, com o aumento da violência desmedida. Os ônibus voltaram a ser alvo fácil, com ações cada vez mais violentas e ousadas. Já não basta levar os valores da catraca, todos os passageiros têm de dar a sua parte, sob pena de agressões e até morte, como a que aconteceu na última semana.
As ações da Polícia Militar, que realizava constantemente a Operação Catraca, com incursões em pontos estratégicos, fazendo revista em pessoas que permaneciam em paradas de ônibus e nos coletivos, tinha um efeito positivo, tanto que, por causa do “boom” deste tipo de violência, voltou a acontecer. Mas a pergunta que se faz é: por que parou? E não adianta negar, porque as atividades não vinham mais acontecendo.
Além dos assaltantes de ônibus, os bandos que roubam carros e agem cometendo assaltos em residências e comércios voltaram a causar pânico, com ações cada vez mais hostis. Nos últimos dias, pelo menos duas quadrilhas foram presas, e a ação da polícia deve ser exaltada, mas ainda nos resta perguntar: o que está acontecendo? Por que de repente São Luís parece tão fragilizada? Por que as ações preventivas estão sendo esquecidas e realizadas apenas as paliativas? Por que a população tem de sofrer e gritar para receber algum auxílio do poder público? Que venham as respostas.

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