Consciência

Transtorno do Espectro do Autismo: superação do preconceito é desafio

Para mudar a realidade, sessão especial de cinema será realizada a fim de garantir inclusão social; parceria é entre a ONG Ilha Azul e o Rio Anil Shopping

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Parceria    possibilita a promoção de atividades em evento TEA
Parceria possibilita a promoção de atividades em evento TEA (Dumbo)

Chega o mês de abril, e um tema ganha destaque: cam­­panha é realizada, palestras são promovidas e os meios de comunicação difundem ainda mais notícias sobre o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, celebrado hoje (2). Fala-se sobre o tema, mas muitas pessoas ainda não sabe ou não entende exatamente do que se trata o chamado TEA – Transtorno do Espectro do Autismo. Uma das razões pelas quais ainda existem tantas famílias com dificuldades de identificar a existência do autismo no próprio lar.

Os especialistas alertam que o quanto antes se obtiver o diagnóstico melhores são os resultados para o tratamento e o desenvolvimento da criança. De acordo a psicóloga Celiane Chagas, do Hapvida Saúde, o TEA é uma condição consequente de uma complexa desordem que ocorre no desenvolvimen­to do cérebro. Não se sabe identificar ainda a sua causa exata, mas estudiosos em todo o mundo acreditam, no entanto, que haja um forte componente genético, posto que irmãos de autistas tenham uma chance até 25 vezes maior de também conviverem com o transtorno. “Entende-se também que fatores ambientais possam ter alguma interferência na gênese do TEA. Estudos indicam que o TEA deve, atualmente, acometer 1 em cada 100 crianças no mundo, em média. Isso significa que, no Brasil, devam existir, mais ou menos, 2 milhões de crianças com o Transtorno do Espectro do Autismo, sendo os meninos mais frequentemente acometidos”, apon­ta Celiane Chagas.

Sinais
As crianças com TEA podem apresentar sinais bem precocemente, antes dos 2 anos de idade. Alguns bebês já podem, inclusive, demonstrar sinais sugestivos de TEA, como explica a psicóloga do Hapvida Saúde. “As crianças têm dificuldades para estabelecer contato visual ou físico. Bebês, por exemplo, podem não fixar os olhos nos adultos cuidadores. Há muita dificuldade em compreender as emoções dos outros; o que dificulta os relacionamentos sociais”, ressalta. Ela conta que a comunicação verbal ou não-verbal é dificultada ou prejudicada.

Em relação ao comportamento, as crianças com TEA tendem a ter gestos repetitivos, contínuos e estereotipados; gostam de repetir o que estão fazendo e detestam mudanças de rotina. A psicóloga destaca, porém, que nem todas as crianças com TEA têm o mesmo grau de sintomas. “Os quadros po­dem variar bastante e, por isso, sa­be-se que o TEA é uma condição individual. Cada um tem seu grau próprio de dificuldade em áreas específicas. Há os sintomas comuns que definem o TEA, mas cada um tem um grau de comprometimento diferente do outro. Por exemplo, há os que têm dificuldade intelectual e outros com inteligência acima da média”, pontua.

O diagnóstico é complexo e só pode ser realizado por uma equipe multiprofissional treinada. Mas va­le destacar que há tratamento e as crianças necessitam de acompanhamento para que tenham qualidade de vida e alcancem o máximo de sua potencialidade in­dividual em todas as áreas.

Superação
Além de todas as dificuldades que as famílias encontram para identificar e trata o TEA, há outro ponto que merece atenção especial: a superação social. Isso porque, em ge­ral, crianças com TEA acabam sen­do vítimas de olhares curiosos e preconceituosos nos passeios com as famílias. “As pessoas olham, sem saber ao certo do que se trata, e acham que a criança tem algum tipo de problema mental, quando não é nada disso”, esclarece Luíse Winkler, presidente do Grupo Ilha Azul, que reúne pais e mães de crianças com TEA em São Luís.

Em razão disso, muitas crianças acabam isoladas do convívio social, o que afeta diretamente o seu desenvolvimento, como menciona a pedagoga Thalyta Fróes, responsável pelo Núcleo de Apoio Psicopedagógico da Faculdade Estácio São Luís. “É muito cruel com essas crianças, que se tornarão adultos um dia, não poderem ser elas mesmas num ambiente com outras pessoas. Mais cruel ainda porque o preconceito não parte de outras crianças, mas dos adultos, que deveriam ter conhecimento para discernir e saber como agir, o que falar, o que calar, como se portar e o que esperar de um ser humano que é apenas diferente”, aponta a especialista.

Cinema especial
Mudar essa realidade é um desafio não só das famílias que convivem com o TEA, mas de toda a sociedade. Justamente para contribuir com essa transformação, algumas iniciativas são realizadas neste período. Em alusão ao Dia Mundial da Conscientização do TEA, o Rio Anil Shopping, por exemplo, desde 2017 mantém parceria com a ONG “Ilha Azul” na promoção de uma sessão exclusiva de cinema, totalmente adaptada às peculiaridades de quem convive com o transtorno.

Este ano, na terceira edição da sessão especial, a criançada vai assistir ao clássico recém-lançado pela Disney "Dumbo”, filme que tem tudo a ver com a proposta da ação. “Dumbo é um elefantinho de circo, que nasceu com as orelhas muito maiores do que as de todos os outros elefantes. No início, por ser diferente demais, o pequeno Dumbo é isolado e sofre com o preconceito; mas depois ele mostra que é especial por ter dons incríveis e surpreende a todos. Por isso, acreditamos que a escolha não poderia ser mais oportuna”, revela Natália Zerbini, gerente de marketing do Rio Anil Shopping.

A sessão de cinema especial tem horário diferenciado também. Será no próximo domingo (7), às 10h, no Cinesystem, Rio Anil Shopping. Para as crianças, a entrada será gratuita. Já os acompanhantes pagarão meia-entrada. Também haverá preços especiais para os combos de pipoca. Assim, a família inteira poderá se divertir à vontade. “Nos­so intuito é promover mais momentos como esse, outras vezes durante o ano”, ressalta Natália Zerbini.

O executivo comercial do Cinesystem, Michel Diniz, explica que, para essa sessão especial, o cinema prepara tudo com antecedência e a correta adaptação, para que se promova a inclusão social. “A sala não fica com as luzes totalmente apagadas, mas à meia-luz; o volume do som é reduzido, para evitar incômodo aos espectadores com sensibilidade sonora mais aguçada; na tela, o contraste é diminuído, por causa da sensibilidade visual de muitos espectadores; além de outros aspectos”, as­segura Michel Diniz.

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