Local sagrado

Hamas diz que Bolsonaro viola as leis internacionais

Organização palestina, considerada terrorista por EUA e Israel, criticou planos de abertura de escritório de negócios em Jerusalém; presidente e o primeiro-ministro de Israel fizeram uma oração no Muro das Lamentações

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
O presidente Bolsonaro reza na Muro das Lamentações, onde depositou um bilhete
O presidente Bolsonaro reza na Muro das Lamentações, onde depositou um bilhete (Reuters)

CIDADE DE GAZA - O Hamas, organização palestina que controla a Faixa de Gaza, condenou ontem, a visita do presidente Jair Bolsonaro a Israel. Em nota, o grupo afirmou que a viagem não apenas contradiz a histórica atitude do povo brasileiro de apoio à causa palestina, mas também viola leis internacionais.

Considerado terrorista por Estados Unidos e Israel, o grupo denuncia especificamente a visita do presidente brasileiro “ao Muro Buraq (das Lamentações), acompanhado pelo primeiro-ministro das ocupações israelenses”, em referência ao premier Benjamin Netanyahu.

Mais do que uma visita discreta, o brasileiro quebrou o protocolo diplomático e foi o primeiro chefe do Estado a ir ao Muro das Lamentações acompanhado do premier israelense, um simbólico gesto de aliança evitado até pelo americano Donald Trump. No texto, a organização pede ainda que o Brasil reverta sua política para a região e que a Liga árabe pressione o governo brasileiro para pôr fim ao apoio à ocupação israelense dos territórios palestinos.

O Hamas também condena os planos de abertura de um escritório de negócios do Brasil em Jerusalém. “Exigimos que o Brasil recue de imediato desta politica que viola a legitimidade internacional e vai contra à posição histórica. Essa política não ajuda a estabilidade e a segurança da região e ameaça os laços do Brasil com países árabes e muçulmanos”, conclui o texto.

Bolsonaro chegou por volta de 10h30 (horário de Brasília) à Basílica do Santo Sepulcro — o templo mais sagrado para o cristianismo, na Cidade Velha de Jerusalém, onde ficou por uma hora. Seguiu depois para o Muro, onde, de quipá, colocou as mãos nas pedras, depositou em em suas frestas um bilhete pessoal, recolheu-se em oração ao lado de Netanyahu e acenou para o público.

Ao deixar o local, Bolsonaro afirmou que escreveu no bilhete: “Deus, olhe pelo Brasil”. Bolsonaro e Netanyahu também visitaram juntos o túnel arqueológico na lateral do Muro, com câmaras e construções que remontam ao século I a.C. A abertura do túnel em 1998 provocou protestos dos palestinos, já que sobre ele fica a mesquita de al-Aqsa, local sagrado para os muçulmanos.

Escritório comercial

No domingo,31,, Bolsonaro anunciou a abertura de um escritório comercial do Brasil em Jerusalém. O gesto foi mal recebido pela Autoridade Palestina, que avisou que vai chamar de volta o embaixador no Brasil para fazer consultas e estudar uma resposta.

Assim que foi eleito, Bolsonaro disse que mudaria a embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. A medida agrada os israelenses, que considera Jerusalém a "capital eterna e indivisível" do país.

No entanto, palestinos reivindicam Jerusalém Oriental como capital do Estado que pretendem constituir. Jerusalém não é reconhecida internacionalmente como a capital israelense.

Bolsonaro foi alertado de que a transferência da embaixada poderia afetar as exportações brasileiras, principalmente de carne, para países árabes. Com isso, o presidente ainda não tomou uma decisão final sobre a cidade em que ficará a embaixada.

Legenda/Divulgação

Bolsonaro diante do Muro das Lamentações, local de peregrinação do judaísmo, em Jerusalém

JERUSALÉM - O presidente Jair Bolsonaro visitou ontem, 1º, o Muro das Lamentações, em Jerusalém, ao lado do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

O Muro das Lamentações é um local sagrado do judaísmo. A estrutura, de pedra calcária, é parte do que sobrou de um templo da Antiguidade. Há séculos as pessoas que visitam o Muro fazem orações no local e depositam, nas reentrâncias das pedras, pedidos escritos em papel.

Após uma breve oração ao lado de Netanyahu, Bolsonaro depositou um pedido. Questionado por jornalistas sobre o quê havia sido, ele respondeu: "Deus, olhe pelo Brasil".

A visita ao Muro faz parte dos compromissos da viagem oficial de Bolsonaro a Israel. Desde que foi eleito, o presidente tem se aproximado de Netanyahu. O primeiro-ministro de Israel foi um dos chefes de Estado presentes na cerimônia de posse, em 1º de janeiro.

Agenda

Ainda ontem, Bolsonaro visitou a basílica do Santo Sepulcro. O local é reconhecido por parte da comunidade católica como lugar onde ocorreu a crucificação de Jesus Cristo.

Mais cedo, Bolsonaro participou de uma cerimônia de condecoração dos militares israelenses que ajudaram no resgate de vítimas da tragédia de Brumadinho (MG).

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