CENTRO HISTÓRICO

Casarões seguem ameaçados; 12 estão sob risco elevado de queda

Defesa Civil Estadual realizou vistoria ontem (27), no que restou de casarão que desabou no fim de semana, na Rua Jacinto Maia, no Centro Histórico de São Luís; dois imóveis vizinhos estão ameaçados e também podem cair

Igor Linhares / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25

As últimas chuvas têm alertado o Corpo de Bombeiro Militar do Maranhão (CBMMA), por meio da Defesa Civil Estadual, para o possível desabamento de 92 casarões considerados de risco. Destes, 12 estão sob monitoramento constante do órgão, uma vez que foram vistoriados e apresentam risco altíssimo de desmoronamento, devido ao abandono, o que resultou na falta de conservação. Ontem (27), uma equipe da Defesa Civil vistoriou o que restou do imóvel que ruiu na chuva do último fim de semana, que tem ameaçado outros dois prédios vizinhos, localizados na Rua Jacinto Maia. Parte da via teve de ser interditada.

O risco de desabamento é grande, não apenas por causa da idade do casario, proveniente do século XVIII, mas também por causa das técnicas de construção usadas à época. As paredes são feitas de pedra e barro, o que facilita a infiltração e aumenta os riscos de desabamento de telhados e paredões. De acordo com a Defesa Civil Estadual, 92 imóveis estão em risco de desabamento, intensificado devido ao grande volume pluviométrico. Destes, pelo menos 12 podem não esperar por mais tempo para que sejam realizados os reparos necessários para que a construção seja mantida de pé.

“O mapeamento feito pelo Corpo de Bombeiros e realizado por meio da Defesa Civil Estadual, tem por objetivo, além de realizar o cadastro e manter os dados atualizados sobre cada imóvel, identificar os riscos e fomentar, dentro dos órgãos competentes, a tomada de decisão, quer seja acionamento do proprietário, quer seja uma interdição, escoramento ou, ainda, a recuperação do imóvel”, explicou o tenente Neiva. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) é o responsável, nessas circunstâncias, por notificar o proprietário do bem acerca da necessidade de tomada de providências, com o fim de conter o processo de degradação da edificação.

“Muitas vezes acontece de o proprietário ser notificado e não se manifestar, principalmente por causa da burocracia que existe, para fazer uma recuperação em estabelecimentos desse porte, principalmente em área de tombamento, como é o caso de todo o Centro de São Luís”, completou o tenente.

Durante a vistoria realizada pela Defesa Civil no que restou do casarão, que desabou por causa da chuva torrencial que atingiu a cidade de sábado (23) ao domingo (24), localizado na Rua Jacinto Maia, o órgão verificou um vazamento de água da encanação interna da construção, que, segundo a engenharia que fez o isolamento da área, com tapume de metal, comprometia ainda mais a estrutura que está ameaçando dois imóveis vizinhos ao que ruiu. “Além do isolamento com tapume metálico, também já inciamos as ações-respostas em virtude deste desabamento parcial da construção. Implantaremos o sistema de estabilização para garantir a segurança não só do entorno, mas, também, dos moradores próximos à situação”.

Relembre
O sobrado, localizado na Rua Jacinto Maia, próximo ao Convento das Mercês, desabou durante as fortes chuvas registradas no último fim de semana. O proprietário do local foi notificado sobre a situação do imóvel, mas não se manifestou, ao ponto de iniciar alguma intervenção para restaurar as características que se curvaram à ação dos séculos. No mesmo final de semana, meteorologistas registraram mais de 200 milímetros, os quais contribuíram para o recorde deste mês, que já soma 627,6 milímetros.

Centro Histórico de São Luís
O Conjunto Arquitetônico e Paisagístico da cidade de São Luís está inscrito na Lista do Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco e tem, aproximadamente, 62 hectares. A cidade foi fundada pelos franceses e ocupada pelos holandeses antes do domínio português – data do final do século XVII - e preservou completamente o planejamento original, com ruas organizadas de maneira retangular. Graças a um período de estagnação econômica no início do século XX, um número excepcional de edifícios históricos foi conservado, o que faz desse conjunto arquitetônico um extraordinário exemplo de cidade colonizada por uma nação ibérica.

MAIS

Orientações

A população deve estar atenta à variação na paisagem urbana, como a inclinação de uma árvore ou poste, que pode representar um indicativo de futuro desmoronamento. Há, ainda, a orientação para que – durante tempestades – a população evite trafegar nas ruas e não se exponha em áreas abertas para evitar descargas atmosféricas, por exemplo. Em caso de ocorrências, a recomendação é o contato direto pelo telefone 193 ou pelo 3214 3801.

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