Indecisão

CNH: é incerto futuro do uso obrigatório dos simuladores

Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Simuladores Profissionais (Anfasp), atualmente, no estado de Maranhão, são 86 simuladores em funcionamento

Emmanuel Menezes / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Equipamento treina o autocontrole e a segurança dos condutores em situações que simulam a realidade
Equipamento treina o autocontrole e a segurança dos condutores em situações que simulam a realidade (simulador)

No último dia 13 de março, esteve em discussão no Departamento Nacional de Trãnsito (Denatran), em Brasília, a proposta do Governo Federal para desburocratizar o sistema de formação do condutor no Brasil, sendo um dos temas discutidos o fim da obrigatoriedade dos simuladores veiculares. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Simuladores Profissionais (Anfasp), atualmente, no estado de Maranhão, são 86 simuladores em funcionamento. A resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) que prevê a obrigatoriedade da utilização de simuladores nas autoescolas é uma realidade desde 2016. A adição de equipamentos como simuladores e telemetria visa complementar a formação dos condutores, permitindo sua exposição a situações virtuais sem comprometer a segurança e a integridade de novos condutores e instrutores no ambiente externo.

Após as aulas teóricas, os alunos têm cinco horas de treinamento com o simulador, para depois começarem as aulas de direção nas ruas, que serão gravadas pelas câmeras do próprio veículo. Atualmente, o preço exigido para a realização do exame gira em torno de R$ 1.300,00. Com a nova adição ao processo, esse valor pode chegar até os R$ 1.600,00, causando revolta para alguns futuros candidatos a motorista.

Segundo o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes, a ideia é reduzir a burocracia e os custos para os trabalhadores do setor e para a população em geral. “A gen­te tem uma determinação de facilitar a vida do usuário, facilitar a vida do cidadão. Não foi por acaso que puxamos o Contran (Conselho Nacional de Trânsito) e Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) para o Ministério da Infraestrutura, que acompanha o dia a dia do setor”, afirma, durante a Convenção Nacional da Confederação dos Transportadores Autônomos (CNTA), realizada no último mês.

Sobre a necessidade do simulador, o ministro afirma que conhece um piloto da Força Aérea Brasileira (FAB) que não precisou passar por teste com simulador de voo para exercer a profissão. “Va­mos acabar com esse troço. Mas vão dizer que é importante… Coi­sa nenhuma. Isso é para vender hardware e software. Só para aumentar custo. É lobby, é máfia. Então, vamos acabar”, reiterou Freitas.

Contrapartida
A Anfasp esteve no encontro e argumentou sobre o assunto, sinalizando sua preocupação acerca disso e pontuou inúmeros benefícios da tecnologia na formação dos novos motoristas. Pesquisas realizadas pela Universidade Federal de Santa Catarina comprovam a eficácia do simulador para a redução de acidentes, como também garantem que eles melhorem o processo de formação de novos motoristas.

Isso porque o equipamento trei­na o autocontrole e a segurança dos condutores em situações que simulam a realidade das ruas e estradas. Além disso, um estudo, preliminar, realizado pelo Sindicato dos Centros de Formação de Condutores do Estado do Rio Grande do Sul, constatou um melhor desempenho dos alunos que foram submetidos a aulas nos simuladores, sendo necessária apenas uma prova prática para concluir o processo e obter a aprovação.

Segundo Renata Herani, Presidente do Conselho Deliberativo da Anfasp, o aprendizado adquirido por meio da condução simulada é a melhor alternativa para formar condutores conscientes. “Treinando em situações controladas, é possível garantir melhor aproveitamento, resultando na redução das reprovações nas provas práticas”, destacou. Aos que nunca dirigiram e não são familiarizados com um veículo, o simulador é primordial. Por possuir as peças necessárias para o manuseio de um carro, permite que o aluno conheça os principais comandos, assim como a vivência de situações do dia a dia como chuva forte e neblina, por exemplo. Também são simuladas circunstâncias adversas e de risco, às quais os futuros motoristas não poderiam ser submetidos com segurança nas aulas práticas em vias públicas, como aquaplanagem e ultrapassagens.

SAIBA MAIS

Contribuições no mundo

Com base nos estudos internacionais da Fundação CERTI é possível certificar:

- Estudo financiado pelo “National Center for Injury Control and Prevention”(CDC), Órgão Federal nos EUA onde 600-700 motoristas na fase da obtenção da primeira habilitação, que mostram que o uso de simuladores pode reduzir em até 50% o número de acidentes nos primeiros 2 anos de prática de direção de motoristas recém-habilitados, quando comparados com a estatística da formação puramente convencional.

- No Japão houve queda significativa de acidentes de motociclistas nos primeiros 2 anos de habitação após o início do uso de simuladores em todas as categorias de moto em 1998, em algumas classes isto chegou em uma redução de 50% após anos 10 anos da implementação.

- Na Holanda o uso de simuladores é disseminado por iniciativa das Auto Escolas e houve comprovação de sua assertividade na melhoria de aprovação dos exames de primeira habilitação.

- Estudo recente (2013) no Canada comprovou que no ponto de vista dos alunos o uso de simulador torna o aprendizado uma experiência menos estressante e mais efetivo.

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