Alta incidência

Casos de dengue aumentam 37,9% no Maranhão, segundo Ministério da Saúde

MS afirma que ainda não se pode tratar números como epidemia; falta de consciência e limpeza urbana pode ser o principal fator para o aumento

Emmanuel Menezes / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Carcaças de carros abandonados em via no bairro Vicente Fialho podem ser espaços propícios para o mosquito
Carcaças de carros abandonados em via no bairro Vicente Fialho podem ser espaços propícios para o mosquito (carcaças)

SÃO LUÍS - A falta de prevenção e cuidados com a limpeza urbana pode ser um dos principais fatores para o aumento dos casos de dengue registrados no Maranhão, comparados ao ano de 2018. Segundo dados divulgados na segunda-feira (25), pelo Ministério da Saúde, o estado teve um aumento de 37,9% em comparação ao mesmo período do ano passado. Até o último dia 16 de março, teriam sido notificados 749 casos da doença. Em 2018, no mesmo período, foram notificados 543 casos. A incidência é de 10,6 casos para cada 100 mil habitantes no estado.

A poluição pode ser um fator que agrava a situação atual. Após denúncia de moradores, O Estado esteve no bairro Vicente Fialho, onde as carcaças de vários carros foram deixadas na rua, acumulando água parada, devido à grande quantidade de chuvas registradas nos últimos dias, e se tornando um local favorável para a reprodução do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.

“Uma oficina que tinha aqui fechou há quase dois meses, e o dono deixou todas essas carcaças aí, sem tomar nenhuma providência a respeito delas”, disse um morador do bairro. Segundo ele, ninguém teve notícias do dono da oficina que funcionava na localidade. Além disso, nenhuma equipe de limpeza foi ao local recolher o material, que é de difícil manuseio.
Questionamos o Comitê Gestor de Limpeza Urbana a respeito do caso, mas até o fechamento desta edição nenhuma resposta foi recebida.

Aumento no Brasil
O sistema de vigilância de estados e municípios e toda a população devem reforçar os cuidados para combater o Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. O alerta do Ministério da Saúde é devido ao aumento dos casos de dengue no país, que passaram de 62,9 mil nas primeiras 11 semanas de 2018 para 229.064 no mesmo período deste ano. A incidência, que considera a proporção de casos em relação ao número de habitantes, tem taxa de 109,9 casos para cada 100 mil habitantes. O número de óbitos pela doença também teve aumento, de 67%, sendo a maior parte no estado de São Paulo. O Maranhão registrou um óbito em decorrência da doença neste ano.

Alguns estados têm situação mais preocupante, por apresentarem alta incidência da doença, ou seja, estão com a incidência maior que 100 casos por 100 mil habitantes: Tocantins (602,9 casos/100 mil hab.), Acre (422,8 casos/100 mil hab.), Mato Grosso do Sul (368,1 casos/100 mil hab.), Goiás (355,4 casos/100 mil hab.), Minas Gerais (261,2 casos/100 mil hab.), Espírito Santo (222,5 casos/100 mil hab.) e Distrito Federal (116,5 casos/100 mil hab.). Apesar de a incidência no Maranhão ser de 10,6 casos para cada 100 mil habitantes, baixa se comparada aos demais estados, toda prevenção é necessária.

O Estado questionou a Secretaria Estadual de Saúde (SES) a respeito desse aumento repentino dos casos de dengue no Maranhão, quais medidas preventivas estão e vão ser tomadas, dentre outras questões. Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que vem apoiando os municípios nas ações de mobilização social e combate vetorial por meio do serviço de monitoramento e assessoria técnica com acompanhamento rigoroso das operações de campo e vigilância dos casos. Deste modo, a atuação da SES permitiu um índice de casos inferior ao restante do país. A secretaria frisou que o aumento dos casos de dengue é causado por quatro tipos de vírus diferentes, enquanto a chikunguya e zika são causadas por apenas um vírus que confere imunidade as pessoas já infectadas. Por fim, a SES destacou que a assistência aos doentes deve ser garantida pelas unidades básicas de saúde, de gestão municipal.

Óbitos
Em relação aos óbitos, os profissionais devem ficar atentos. O aumento neste ano é de 67% em relação ao mesmo período de 2018, passando de 37 para 62 mortes. Destaque para o estado de São Paulo, que registrou 31 óbitos, o que representa 50% do total registrado em todo o país.

O secretário de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, Wanderson Kleber, reforça que a melhor forma de evitar o agravamento e as mortes por dengue é com diagnóstico e tratamento oportunos. “O Brasil vem de dois anos seguidos com baixa ocorrência de dengue. Portanto, é necessário que os profissionais de saúde estejam atentos a esse aumento de casos. É preciso que eles estejam mais sensíveis e atentos para a dengue na hora de fazer o diagnóstico. Quanto mais cedo o paciente for diagnosticado e der início ao tratamento, menor o risco de agravamento da doença e de evoluir para óbito”, explica Wanderson.

Ainda de acordo com o secretário, apesar do aumento expressivo no número de casos, a situação ainda não é considerada uma epidemia. No último ano de epidemia no país, em 2016, foram registrados 857.344 casos da doença no mesmo período. Contudo, ele reforça que é preciso intensificar as ações de combate ao Aedes aegypti para que o número de casos de dengue não continue avançando no país.

Outras doenças
O Aedes aegypti também é responsável por transmitir outras graves doenças, como zika e chikungunya. Em 2019, até 2 de março, foram registrados 2.062 casos de zika, com incidência de 1 caso para cada 100 mil habitantes no Brasil. Em 2018, no mesmo período, foram registrados 1.908 casos prováveis. Entre os demais estados, destacam-se Tocantins, com incidência de 47 casos para cada 100 mil habitantes, e Acre, com 9,5 casos para cada 100 mil. Em 2019, não foram registrados óbitos por zika.

Já a chikungunya teve 12.942 casos registrados em todo país, com uma incidência de 6,2 casos para cada 100 mil. Em 2018, foram 23.484 casos, resultando numa diminuição de 44%. Na análise dos estados, destacam-se entre as maiores incidências o Rio de Janeiro, com 39,4 casos para cada 100 mil; Tocantins, com 22,5 casos para cada 100 mil; e Pará, com 18,9 casos para cada 100 mil habitantes. Em 2019, não foram confirmados óbitos por chikungunya. No mesmo período de 2018, foram confirmadas nove mortes.l

NO MARANHÃO

Número de casos
Dengue

543 (2018) - 749 (2019)
Chikungunya
212 (2018) - 125 (2019)
Zika
36 (2018) - 27 (2019)

Incidência (casos/100 mil habitantes)
Dengue

7,7 (2018) - 10,9 (2019)
Chikungunya
3 (2018) - 1,8 (2019)
Zika
0,5 (2018) - 0,4 (2019)

10 dicas básicas de prevenção

Tome a vacina. A vacina contra dengue foi criada para prevenir a manifestação do vírus
Evite o acúmulo de água
Coloque tela nas janelas
Coloque areia nos vasos de plantas
Seja consciente com seu lixo
Coloque desinfetante nos ralos
Limpe as calhas
Atenção redobrada para piscinas e aquários
Use inseticidas e larvicidas da maneira correta
Use repelente

Casos de dengue aumentam 37,9% no Maranhão

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