ALERTA DE CHUVA

Acima da média, chuvas de março castigam a Grande Ilha

Entre sábado (23) e domingo (24), a Grande Ilha registrou mais de 200 milímetros de chuva; o volume que atingiu a região, no período de 24 horas, foi o maior em 48 anos; estragos ainda estão sendo contabilizados e o alerta é de mais chuva

IGOR LINHARES / O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25

[e-s001]A desordem urbana, com saldo de casas desabadas, encostas ladeira abaixo, alagamento de vias e transbordamento de rio, devido às intensas chuvas que atingiram a Grande São Luís na madrugada e manhã de domingo (24), foi o resultado de 236,2 milímetros de chuva em 12 horas, quantidade pluviométrica que contribuiu para o recorde do mês, calculado em 627,6 milímetros. Ontem (25), a chuva voltou a causar transtornos, como a ponte da Vitória, em São José de Ribamar, que se rompeu.

As chuvas deixaram rastros por todos os bairros, principalmente os periféricos, como Sá Viana e Salinas do Sacavém, na capital, dos quais 110 famílias tiveram de deixar suas residências por riscos iminentes de desmoronamento e deslizamento de terra. Em outros pontos, como o perímetro da Estrada de Ribamar, na altura do bairro Maiobinha, o Rio Paciência transbordou e causou diversos transtornos, impedindo o tráfego no local.

A madrugada de domingo (24) foi de tensão para os moradores da capital e dos municípios limítrofes que compõem a Região Metropolitana de São Luís. Mas o sábado (23) já alertava, assim como os meteorologistas, para quão forte seria a chuva dos próximos dias. Contudo, ninguém esperava e, tampouco, estava preparado para o caos que se instalaria por todas as áreas atingidas. Ruas e avenidas ficaram submersas ao nível da água que, imediatamente, teve dificuldade para escoar por uma realidade existente há anos, o descarte irregular do lixo, que via de regra toma espaço das galerias responsáveis por todo o escoamento do volume pluviométrico. Além disso, as áreas consideradas de risco voltaram a ameaçar quem nelas vive, necessitando que a Defesa Civil Municipal remanejasse os moradores.
A Rua das Maldivas, no Sá Viana, considerada área de risco, está comprometida por rachaduras e pode desmoronar a qualquer momento.

Pelo menos 110 famílias, segundo a Defesa Civil Municipal, tiveram de deixar suas casas após a chuva torrencial que atingiu a Grande São Luís entre o último sábado e domingo. Destas, 85 são do bairro Salinas do Sacavém e 25 do Sá Viana. No total, a capital possui 60 áreas de risco que vêm sendo monitoradas constantemente pelo Município, o que assegurou que, das ocorrências atendidas durante a chuva, nenhuma tivesse vítima, somente perdas materiais. As famílias estão sendo remanejadas para áreas seguras e, àquelas que não possuem alternativas, como casa de familiares onde possam ser acolhidas, a Prefeitura deverá garantir o repasse de aluguel social.

Já o Governo do Maranhão que, assim como a gestão municipal, convocou o secretariado para uma reunião emergencial no domingo, informou, por meio da Secretaria de Estado das Cidades (Secid) que as famílias atingidas receberão todo o suporte assistencial, bem como apoio à remoção daquelas que estiverem em áreas vulneráveis, com a concessão do aluguel social para garantir habitação adequada para cada uma. Além disso, em caráter emergencial e indenizatório, será concedido o benefício do Cheque Minha Casa, que oferece R$ 5 mil para que famílias de baixa renda adquiram materiais de construção para reforma ou ampliação de casas que registraram avarias.

[e-s001]Estragos de ontem
Na manhã de ontem (25), a chuva, mesmo que em menor quantidade, voltou a causar transtornos na Grande Ilha. A ponte da Vitória, em São José de Ribamar, que interliga os bairros Parque Vitória, Parque Jair, Alto do Turu e adjacências à Estrada da Maioba, por exemplo, foi rompida, e o tráfego de veículos teve de ser interrompido. Segundo moradores, a ponte foi construída em 2017, a fim de substituir a antiga, que estava sob ameaça de desabamento.

Maior chuva em 48 anos
Entre 9h do sábado (23) e 9h do domingo (24), choveu 236,2 milímetros, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que corresponde a 51% da média de chuva normal para todo o mês de março, que é de 462 milímetros. Mas a maior parte deste volume caiu durante a madrugada e o começo da manhã do domingo.

Nos registros históricos do Inmet, estes 236,2 milímetros foram o maior volume de chuva em 24 horas sobre São Luís em 48 anos. Antes dessa chuva extrema, o maior volume medido em 24 horas desde 1971 era de 210,0 milímetros, entre os dias 5 e 6 de fevereiro de 1980. "Os ludovicenses devem se preparar, porque teremos muito mais chuvas", informou o meteorologista da Uema, Gunter Reschke.

Março mais chuvoso desde 1971
São Luís teve bastante chuva em fevereiro, quase 437 milímetros, isto é, 36% acima da média. A chuva de março vem sendo regular desde o início do mês, com muitos temporais. Mas, depois da tempestade do primeiro fim de semana do outono, o total de chuva de março subiu para 627,6 milímetros, que também já está 36% acima da média de precipitação normal para março que é de 462 milímetros.

Mesmo para São Luís, onde chove muito nesta época do ano, estes quase 630 milímetros em 24 dias podem ser considerados excepcionais e não acontecem com frequência. Março de 2019 já é o sétimo mais chuvoso na capital do Maranhão desde 1971.

[e-s001]Previsão
Grandes áreas de instabilidade continuam se formando por toda a Região Nordeste do Brasil esta semana, de acordo com informações do Climatempo. A circulação dos ventos sobre a Região favorece uma forte entrada da umidade marítima. As nuvens carregadas vão crescer no litoral e no interior dos estados provocando pancadas de chuva com raios, que podem ser fortes em vários momentos.

Para São Luís, a previsão é de uma semana bastante instável, com muita nebulosidade e alguns períodos de sol, mas com pancadas de chuva com raios todos os dias. Há risco de chuva forte por toda a semana.

ESTRAGOS CAUSADOS PELAS CHUVAS

Imóveis interditados
85 no bairro Salinas do Sacavém
25 no bairro Sá Viana

Deslizamento de encostas
Sá Viana
Vila Dom Luís
Vila Embratel
Coheb Sacavém
Vila Isabel Cafeteira
Recanto dos Vinhais
Anjo da Guarda
Túnel do Sacavém
Vila dos Nobres
Quinta dos Machados
João de Deus
Salinas do Sacavém
Coroadinho

Alagamentos
Anil
Vila Embratel
Fumacê
Gapara
Coroadinho
Janaína
Salinas do Sacavém

NÚMEROS

Recordes de chuva em março
702,7 milímetros em 1971
797,1 milímetros em 1985
732,4 milímetros em 1986
689,2 milímetros em 1987
712,4 milímetros em 1994
660,8 milímetros em 1999
606,0 milímetros em 2000
627,6 milímetros em 2019 – até 24/3

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