Crime

Maranhense é preso suspeito de feminicídio no Distrito Federal

Antônio Alves Pereira, 40 anos, teria matado a companheira na cidade-satélite de Itapoã; após o crime, ele teria fugido para o município maranhense de Santa Quitéria, sua cidade natal; investigações indicam que o crime foi premeditado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Antônio Alves Pereira, de 40 anos, e sua namorada Maria dos Santos Gaudêncio, de 53 anos
Antônio Alves Pereira, de 40 anos, e sua namorada Maria dos Santos Gaudêncio, de 53 anos (Divulgação)

SANTA QUITÉRIA - Um homem identificado como Antônio Alves Pereira, de 40 anos, foi preso na cidade de Santa Quitéria, interior do Maranhão, suspeito de ter assassinado sua namorada, Maria dos Santos Gaudêncio, de 53 anos, em Itapoã, cidade-satélite no Distrito Federal. O homem, que é natural da cidade localizada a 350 quilômetros da capital maranhense, foi preso pela Polícia Militar na manhã do sábado,23. Uma denúncia anônima levou os policiais até a cidade, onde ele estava escondido. Segundo informações, Antônio Alves, após cometer o crime no Distrito Federal, fugiu para o Maranhão. O suspeito será entregue à Polícia Civil de Chapadinha.

As investigações do feminicídio de Maria dos Santos indicam que o crime foi premeditado. Ela foi assassinada com uma facada na nuca, dentro da própria casa, onde também funcionava um comércio. O corpo foi encontrado na noite da terça-feira, 19 de março, no quarto da própria vítima. Antônio Alves, que trabalhava como cabeleireiro, já estava sendo procurado pela 6ª Delegacia de Polícia de Paranoá. Segundo a delegada-chefe da DP, Jane Klebia, familiares e conhecidos da vítima afirmaram em depoimento que Maria dos Santos estava tentando acabar o relacionamento com Antônio Alves.

“Nas últimas semanas, ela queria terminar o namoro. Por isso, o relacionamento estava meio conturbado, mas não há relatos de violência física anterior ao feminicídio. O dono do salão onde Antônio Alves revelou que ele havia dito que queria ‘matar alguém’”, disse Jane Klebia. Ainda segundo o informante, o acusado ficou introspectivo e calado durante o dia em que Maria dos Santos foi morta. "Ao fim do sábado [16 de março], Antônio pediu um adiantamento de salário ao chefe, alegando que um familiar havia falecido", relatou.

Durante o domingo,17, o casal havia passado o dia na cidade-satélite de Ceilândia, na casa da filha mais nova da vítima, de 25 anos. No começo da noite, a mulher foi para casa acompanhada do cabeleireiro. “Ele voltou para a casa da vítima, onde ocorreu o assassinato. Após o crime, foi embora levando o celular da Maria. Não sabemos se ele foi ao salão antes ou depois do feminicídio, mas Antônio pegou a chave para tirar todos os pertences do estabelecimento. Quando os agentes chegaram ao local, não havia nenhum pertence dele”, informou a delegada Jane Klebia.

De acordo com relatos de vizinhos, Antônio foi embora de bicicleta, por volta das 23h. Ele trancou a casa e jogou a chave por debaixo do portão. Segundo a delegada, o suspeito teria se passado por Maria, usando o aplicativo de mensagens do celular da vítima. “Uma amiga disse que na segunda-feira,18, pela manhã, mandou uma mensagem para Maria. Ela questionou onde a amiga estava. Por volta das 9h, recebeu a resposta que ela estaria na autoescola. Contudo, a essa hora, a vítima já estava morta”, disse Jane Klebia.

Descoberta do corpo
O corpo de Maria dos Santos foi encontrado no próprio quarto, na noite de terça-feira,19. A filha mais velha, de 28 anos, que mora na casa da vítima, foi quem encontrou o corpo e acionou a polícia. A vítima tinha sinais de lesões na cabeça e estava deitada na cama, também com um corte na nuca.

A jovem voltou para casa apenas na segunda-feira,18, por causa de um curso. Apenas na terça-feira,19, um odor muito forte saía do quarto da Maria, o que causou estranheza. A filha tentou abrir a porta, que estava trancada. Por isso, decidiu arrombá-la. Ela contou para a Polícia Civil que, além do colchão sujo, havia muito sangue na parede e na televisão.

Feminicídios no Maranhão


Segundo dados divulgados pelo Departamento de Combate ao Feminicídio, órgão da Superintendência de Homicídios e Proteção a Pessoas (SHPP), em 2018 foram 43 mulheres vítimas de feminicídio, com média de 3,5 casos por mês. Em 2017, 51 ocorrências. Só este ano já ocorreram sete casos desse tipo de crime no estado.

O último caso ocorreu no dia 24 de fevereiro deste ano, na cidade de Morros, e a vítima foi uma adolescente, de 16 anos. O corpo da menor foi encontrado em um terreno baldio, no bairro Vila Seca, com sinais de violência sexual. Até o momento não há registro de identificação do acusado.

Ainda no mês passado ocorreram mais três casos. Uma das vítimas foi Aridelma de Fátima Oliveira Bezerra, de 38 anos, cujo corpo foi encontrado em uma área de matagal, em Juçatuba, no dia 5. O acusado, Marco Vinícius, de 32 anos, foi preso em cumprimento de uma ordem judicial no último dia 1º, em São José de Ribamar. As outras vítimas foram Adaléia Carvalho da Silva, de 25 anos, em Balsas; e Petrolina de Jesus Matos, de 36 anos, assassinada no município de Pedro do Rosário.

Já os outros três casos foram registrados em janeiro. O primeiro, no dia 10, teve a vítima identificada como Magda Carvalho Oliveira, de 25 anos. O fato ocorreu na cidade de Barreirinhas. O corpo da jovem foi encontrado com as mãos amarradas e com um pano no pescoço, enterrado no quintal da residência de seu ex-namorado, Wellisson Farias Martins, de 22 anos, que foi preso em flagrante. Também foram vítimas desse tipo de crime Carina Silva Sousa, de 24 anos, em Imperatriz; e Dona Roxa, de 74 anos, na cidade de Lago Verde.

Dados
O número de processos por crime de feminicídio no Maranhão teve um aumento de 120% entre os anos de 2016 a 2018, conforme dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) divulgados no início deste mês. Em 2016, em todo o estado, 15 processos foram registrados e no passado foram 33.

O CNJ registrou, também, um aumento de 63% no mesmo período em relação a pedido de medida protetiva no Maranhão. Em 2016, foram 5.933 medidas protetivas solicitadas ao Poder Judiciário; em 2017, 6.266; no ano passado, 9.662.

Os dados do CNJ revelam, ainda, o aumento de processo por violência doméstica nestes últimos três anos no estado. No ano de 2016, ocorreram 21.967 casos; no ano seguinte, 24.882; enquanto no ano passado, foram 27.190 casos em todo o estado.

Mais

Linha cronológica de feminicídio no Maranhão em 2019


Dia 10 de janeiro: Magda Carvalho Oliveira, de 25 anos, na cidade de Barreirinhas;
Dia 20 de janeiro: Carina Silva Sousa, de 24 anos, em Imperatriz;
Dia 21 de janeiro: Dona Roxa, 74 anos, em Lago Verde;
Dia 3 de fevereiro: Adaléia Carvalho da Silva, de 25 anos, em Balsas;
Dia 4 de fevereiro: Petrolina de Jesus Matos, de 36 anos, em Pedro do Rosário
Dia 5 de fevereiro: Aridelma de Fátima Oliveira Bezerra, de 38 anos, em Juçatuba;
Dia 24 de fevereiro: Adolescente de 16 anos, em Morros.

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