Mudança

Futuro do Brexit pode ser decidido nesta semana no Reino Unido

Jornal britânico publicou, ontem, que 11 ministros estão planejando tirar Theresa May do poder; a Câmara dos Comuns votará nesta semana se apoia o acordo firmado por May

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Manifestantes carregam cartaz que representa a primeira-ministra Theresa May durante protesto
Manifestantes carregam cartaz que representa a primeira-ministra Theresa May durante protesto (Reuters)

LONDRES - O ministro de Economia do Reino Unido, Philip Hammond, afirmou ontem,24, que a Câmara dos Comuns decidirá nesta semana qual será o futuro do "Brexit".

Em entrevista à emissora "Sky News", o político do Partido Conservador, liderado pela primeira-ministra britânica, Theresa May, disse que, de um modo ou de outro, os parlamentares terão a chance de discutir nos próximos dias o que fazer com o "Brexit".

"Espero que aproveitem a oportunidade para, caso não possam apoiar o acordo da primeira-ministra, dizerem claramente e sem ambiguidades o que é que eles podem apoiar", afirmou o ministro.

Hammond não esclareceu se os conservadores terão liberdade de voto na hora de se posicionar sobre o futuro do "Brexit". Mas reconheceu que a defesa de um segundo referendo é uma posição "perfeitamente coerente" de ser adotada.

Mais de 1 milhão de pessoas foram às ruas de Londres neste sábado (23) defender que o povo britânico seja consultado mais uma vez se deseja sair da União Europeia (UE). Para Hammond, a manifestação mostra que o segundo referendo é uma opção que deve ser considerada.

Possível conspiração

Perguntado sobre o golpe que, segundo o jornal "The Sunday Times", 11 ministros estão planejando para tirar May do poder, Hammond afirmou que esse grupo político está atuando de forma "indulgente".

"Mudar a primeira-ministra não vai ajudar, mudar o partido no governo não vai ajudar. Temos que perguntar ao parlamento que tipo de Brexit é aceitável para ele. Para evitar a catástrofe econômica de uma saída sem acordo ou de pôr em xeque o sistema político britânico caso o divórcio não ocorra", argumentou Hammond.

"Isso não é sobre May ou qualquer outro indivíduo. É sobre o futuro do nosso país", concluiu o ministro.

Segundo a BBC, a primeira-ministra pode conseguir o apoio necessário da Câmara dos Comuns para o acordo firmado com a União Europeia se prometer aos parlamentares que renunciará ao cargo.

Vários parlamentares planejam recuar e apoiar o pacto da primeira-ministra se ela se comprometer a não liderar a nova rodada de negociações com o bloco europeu para chegar a um texto definitivo com as regras para o divórcio da UE, ainda de acordo com a BBC.

Votação

A Câmara dos Comuns votará nesta semana se apoia o acordo firmado por May para deixar a UE. Caso isso ocorra, o governo do Reino Unido terá até o próximo dia 22 de maio para organizar a saída do bloco.

Se os parlamentares rejeitarem mais uma vez o pacto de May, o Reino Unido terá que comunicar ao bloco europeu até o dia 12 de abril se irá desistir do Brexit, se optará por uma saída sem acordo ou se solicitará uma prorrogação mais longa do prazo, o que obrigará o país a participar das eleições para a Eurocâmara no fim de maio.

Petição

Uma petição criada no site do Parlamento britânico pedindo a realização de um novo referendo já atingiu mais de 4 milhões de assinaturas, sendo 2,5 milhões em menos de 24 horas.

Ao meio-dia (hora de Londres) de sábado,23, a iniciativa, lançada pela professora Margaret Anne Georgiadou e apoiada por várias personalidades, contava com 4.167.129 assinaturas de cidadãos britânicos e residente no país, ultrapassando de longe o mínimo de 100 mil necessárias para o Parlamento se ocupar do tema.

O site chegou a ficar fora do ar por excesso de tráfego naquele dia, quando a primeira-ministra Theresa May fez um pronunciamento na TV depois de enviar uma carta à União Europeia pedindo um adiamento do Brexit até 30 de junho. Na última quarta-feira, May pediu que os parlamentares apoiem seu projeto de acordo.

Ao ser questionada por jornalistas sobre a petição, a primeira-ministra manteve sua posição contrária à realização de um novo referendo, dizendo que isso seria uma “traição ao resultado” da primeira votação, realizada em junho de 2016. Na ocasião, a saída da União Europeia foi aprovada por 51,9% dos eleitores, uma diferença de pouco mais de 1,2 milhão de votos.

"O governo afirma repetidamente que a saída da UE é 'a vontade das pessoas'. É necessário pôr um fim a essa afirmação através da força do povo para permanecer na UE", lê-se no site da petição.

A iniciativa, designada Revoke Article 50 and remain in the EU (Revogar o Artigo 50 e permanecer na UE), surge na sequência do pedido de adiamento do Brexit feito pela primeira-ministra britânica, Theresa May, à União Europeia.

O Artigo 50 faz parte do Tratado de Lisboa, assinado por todos os membros da União Europeia em dezembro de 2007. Ele determina o procedimento para qualquer país que deseje sair da UE.

Carta e acordo

Na sexta, 22, May enviou aos parlamentares uma carta, tentando amenizar o mal-estar criado por seu pronunciamento na TV dois dias antes. Na ocasião, ela atribuiu a eles o fato de ainda não haver um acordo sobre como o Reino Unido deve deixar a União Europeia e os pressionou a votar a favor de seu projeto, sob o risco de o país ter que sair do bloco sem negociações.

"Expressei minha frustração com nossa incapacidade de tomar uma decisão, mas sei que muitos de vocês estão frustrados também. Vocês têm um trabalho difícil a fazer e não era minha intenção fazer com que seja mais difícil. As pessoas em todos os lados do debate têm opiniões apaixonadas e respeito essas diferenças. Eu gostaria de agradecer a todos os colegas que apoiaram o acordo até agora e também aqueles que tiveram tempo para se reunir comigo e discutir suas preocupações”, escreveu.

Na carta, Theresa May também se mostrou disposta a não apresentar mais sua proposta de acordo para votação, caso fique claro que esta não tem apoio suficiente para aprovação.

A primeira-ministra ressaltou que, se for este o caso, está disposta a aceitar que o Reino Unido participe das eleições do Parlamento Europeu, uma condição que poderia garantir uma nova extensão no prazo do Brexit.

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