RESERVATÓRIO

Batatã segue inoperante e é símbolo de homenagem no Dia Mundial da Água

População, sobretudo da região do centro de São Luís, não é abastecida pela água do reservatório desde 2013; sistema depende da água da chuva, que não tem sido suficiente para aumentar seu nível

Igor Linhares / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Comunidade reunida pela Somadena realiza abraço simbólico no reservatório do Batatã, na sexta-feira
Comunidade reunida pela Somadena realiza abraço simbólico no reservatório do Batatã, na sexta-feira (abraço água)

SÃO LUÍS - O reservatório do Batatã, responsável pelo abastecimento de cerca de 120 mil pessoas em São Luís na década passada, foi abraçado na manhã de sexta-feira (22), data em que se comemora o Dia Mundial da Água, por uma comunidade reunida pela Sociedade Maranhense de Defesa da Natureza (Somadena), projeto que tem por objetivo debater uma consciência sobre os problemas socioambientais que afetam os mananciais da capital. Atualmente, a água da chu­va é o único provedor para manter o reservatório, uma vez que todos os outros pequenos rios e nascentes, que captavam água para o local, foram extintos pela má gestão de recursos hídricos na Ilha. Mesmo assim, o sistema permanece, historicamen­te, inoperante devido o seu baixo nível d’água.

O abraço, em solidariedade à atual situação e aos anos de glória, em décadas atrás, vividos pelo reservatório do Batatã, foi um dos atos que marcou o Dia Mundial da Água na capital maranhense. Mesmo com as chuvas recentes que caem sobre a Ilha, o local, que contemplava, pelo menos, 80 mil famílias, não tem o nível elevado desde 2013. Ainda no século passado, não se temia a falta d’água, uma vez que não se agredia tanto os mananciais, como tem acontecido frequentemente. A poluição, unida à falta de saneamento básico, má utilização dos recursos hídricos e desmatamento, foi o que causou a ruína do que poderia ter sido uma das maiores fontes de abastecimento - se não a única - da capital.

Segundo o coordenador do projeto Bicas do Saber, de competência da Somadena, o ato foi importante tanto para comemorar o dia instituído para que as populações tenham consciência sobre a realidade da água no planeta, quanto para que reflitam sobre tal situação. “A ação teve por finalidade apresentar a atual situação do reservatório e, sobretudo, para que continuemos a lutar por políticas públicas para evitar a depreciação dos nossos mananciais, que têm sofrido causa do crescimento desordenado da capital, que vai de encontro à quantidade e qualidade da água que possuímos atualmen­te”, contou Iury de Jesus. “Precisamos de educação, pois só a educação tem a capacidade da mudança”.

Quem também participou do ato foi a Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema), responsável por toda a gestão de saneamento básico da capital e que acompanha o reservatório do Batatã para garantir que ele torne a servir aos cerca de 20 bairros da cidade que eram abastecidos antigamente. “A Caema tem realizado constantemente o monitoramento do reservatório do Batatã, o qual contribuiu para grande parte do abastecimento de São Luís. Sabemos que, atualmen­te, a situação dele não é favorável, no que diz respeito ao seu volume, mas temos feito o possível para garantir que o que nele existe seja mantido em bom estado e para que se multiplique e possa servir à sociedade”, destacou a química do órgão, Nazareth Silva.

Segundo o Batalhão de Polícia Militar do Maranhão, a área que abrange o reservatório do Batatã também tido contínua fiscalização do órgão, que tem pretendido intervir em toda ação humana que possa prejudicar e degradar o verde do local.
Atualmente, de acordo com a Caema, o reservatório do Batatã apresenta 4,40 metros de profundidade, mantendo-se abaixo do nível normal, que é de 4,5 milhões de litros de água bruta. Desta forma, o reservatório configura-se como inoperante, uma situação que vem se perdurando desde 2013, por con­ta do regime irregular e insuficiente de chuvas na capital.

Vegetação
A vegetação do entorno, não só do reservatório do Batatã, mas de to­dos os outros corpos de água em São Luís, como os rios Anil e das Bicas, é fundamental para a conservação da água doce consumível, à medida que a vegetação contribui para evitar que o solo das margens sofram o processo de assoreamento, o qual dificulta seu aproveitamento, por causa do acúmulo de sedimentos (pedaços de solo ou rochas) sobre seu leito (caminho por onde o rio percorre).

Comprovação científica
Em 2018, o portal G1 Maranhão veiculou uma reportagem em que mostrou que estudos realizados na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) indicam que São Luís já perdeu cerca de 18 mil hectares de manguezais, o equivalente a 18 campos de futebol. E, como não bastasse, os manguezais que entornam os mananciais da Ilha continuam se degradando com a ação impensada do homem.

SAIBA MAIS

O Reservatório do Batatã foi estrategicamente construído pelo Departamento Nacional de Obras (Denocs), em um esforço conjunto de pesquisa de militares, engenheiros americanos e técnicos locais. Ele faz parte do Sistema Sacavém e quando foi inaugurado tinha 485 metros de comprimento, profundidade máxima de 17 metros e suportava uma proporção de 4,6 milhões de metros cúbicos de água. Está situado em uma altura de 15 metros e cercado por tabuleiros de cerca de 60 metros de altura, o que facilita o escoamento da água da chuva para dentro do reservatório, seja por via superficial ou subterrânea. De acordo com a Caema, a última vez em que o Reservatório Batatã atingiu o maior nível de água ocorreu em 2009, quando houve extravasamento.

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