Mistério

Crimes de "Jack, o Estripador" permanecem até hoje sem desfecho

Pesquisadores usaram modernas técnicas de análise genética para examinar resíduos em um xale que teria pertencido à última vítima de assassino serial que aterrorizou a Londres do final do século 19

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Crimes de Jack que aconteceram no século 19 e permanecem até hoje sem desfecho
Crimes de Jack que aconteceram no século 19 e permanecem até hoje sem desfecho (Reuters)

LONDRES - Até hoje a polícia de Londres nunca conseguiu desvendar a identidade do homem que espalhou terror pelas ruas da capital britânica no final do século 19, conhecido como "Jack, o Estripador".

Mas o mistério pode ter chegado ao fim graças a um grupo de cientistas que dizem ter realizado a análise genética mais avançada já feita em relação aos assassinatos cometidos pelo homem que mutilava, desfigurava e extirpava órgãos de suas vítimas.

Apelidado pela imprensa local da época, Jack, o Estripador, um dos mais notórios assassinos em série da história moderna, foi acusado de matar ao menos cinco mulheres em 1888 no bairro de Whitechapel, no leste de Londres. As vítimas, quase todas prostitutas, tiveram suas entranhas colocadas para fora. O caso inspirou - e ainda inspira - vários livros e filmes e até um tour temático no leste de Londres.

Velho conhecido

Os pesquisadores Jari Louhelainen e David Miller, das universidades John Moores e Leeds, divulgaram seu estudo na revista acadêmica Journal of Forensic Sciences.

Para eles, o assassino teria sido justamente o principal suspeito da polícia, Aaron Kosminski, um barbeiro de origem polonesa que tinha 23 anos na época dos crimes.

É a primeira vez que a acusação é sustentada por uma prova genética publicada numa publicação acadêmica.

Louhelainen e Miller fizeram um exame forense em num xale de seda que, segundo os pesquisadores, teria sido encontrado ao lado do corpo mutilado de Catherine Eddowes, a quarta vítima do assassino, em 1888.

Na peça, havia resíduos do que a polícia da época acreditava ser de sangue e sêmen. Os autores do estudo expandiram os exames genéticos desses resíduos e encontraram fragmentos de DNA mitocondrial (a herança genética por lado da mãe), que foram comparados com amostras de descendentes vivos da vítima e do suspeito.

O resultado? O resultado coincide com o de um parente vivo de Kosminski, asseguram os pesquisadores.

Da análise do DNA também concluíram que o assassino tinha cabelo e olhos castanhos. Isso coincide com o que uma testemunha declarou à época. "Essas características seguramente não são únicas", admitem os dois pesquisadores no artigo. Mas ponderam que olhos azuis são mais comuns que castanhos na Inglaterra.

Críticas

O estudo de Jari Louhelainen e David Miller não é imune a críticas. Nem todos os especialistas estão convencidos de que a análise genética feita pelos pesquisadores é capaz de revelar a identidade de Jack, o Estripador.

Muitos já vinham, há tempos, apontando para dúvidas sobre a autenticidade do xale. Outros dizem que a comparação genética não leva em conta outros fatores capazes de alterar o resultado.

Hansi Weissensteiner, especialista em DNA da Faculdade de Medicina de Innsbruck, na Áustria, disse à revista Science que a analise mitocondrial não é decisiva para indicar um suspeito. Walther Parson, pesquisador forense da mesma universidade, criticou na Science o fato de os pesquisadores não terem divulgado as sequências de DNA "para que o leitor pudesse interpretá-las por si mesmo". Segundo Parson, a exposição desse DNA não representaria nenhum risco à privacidade dos envolvidos.

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