Editorial

Videomonitoramento sucateado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26

O funcionamento precário do sistema de videomonitoramento operado pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) vem sendo alvo de sucessivas criticas e denúncias. Adquiridas em 2012, no último mandato da ex-governadora Roseana Sarney, ao custo de R$ 14 milhões, as 220 câmeras já não funcionam em sua totalidade, o que compromete a finalidade a qual se destinam, que é prevenir e combater a violência. Diante do descaso do governo Flávio Dino (PCdoB) para com um instrumento que poderia ser eficaz para coibir a criminalidade, já se cogita até a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), sugerida pelo deputado estadual Adriano Sarney (PV), para investigar por que o videomonitoramento está à beira do sucateamento.

A informação (não oficial) que se tem é que o videomonitoramento está funcionando, mas com pouco mais da metade das câmeras que estavam em operação inicialmente e que foram instaladas em pontos estratégicos de São Luís. Outro problema é a falta de recursos humanos. Segundo fontes internas da SSP, cada operador faz o monitoramento de 12 câmeras, tarefa impossível de ser executada por um único ser humano. Especialistas do ramo afirmam que o ideal seriam seis câmeras para cada monitor.

Em cada turno de trabalho na central de videomonitoramento, o déficit de mão de obra é visível. Apenas 10 operadores de câmeras atuam por escala de seis horas, quando o ideal seriam 20 por jornada. Profissionais da área alertam que tamanha defasagem de pessoal prejudica sensivelmente o trabalho de vigilância de ruas e avenidas da capital por meio do sistema, que, assim, já não serve mais ao propósito para o qual foi implementado. Pior é constatar que o governo demonstra não ter compromisso algum com a população, uma vez que o serviço deveria ser tratado como prioridade, por ser uma forte ferramenta de repressão à violência urbana.

Adriano comentou a importância das câmeras como arma contra o crime e sugeriu a criação da CPI ao comentar o caos no trânsito provocado por uma manifestação realizada por populares, na manhã da última terça-feira (19), no Jaracati, motivada pelo atropelamento de um pai e de uma filha, de apenas 1 ano, ao atravessar a Avenida Carlos Cunha, no trecho próximo à cabeceira da Ponte Bandeira Tribuzi. Durante o protesto, populares reivindicaram a apresentação das imagens supostamente captadas pelas câmeras para ajudar a identificar o motorista atropelador, que fugiu do local sem prestar socorro às vítimas e desde então está sendo procurado. A criança não resistiu às graves lesões causadas pelo acidente e acabou morrendo hora depois do protesto.

O parlamentar considerou um absurdo o descaso do atual governo com um sistema que, além de auxiliar as operações de segurança pública, representou, na época de sua aquisição pelo Estado, um investimento de R$ 14 milhões. E afirmou que uma CPI seria um importante instrumento para obrigar a gestão comunista a explicar por que o videomonitoramento não está mais cumprindo a sua finalidade de combater o crime e por qual razão um recurso tão expressivo está sendo desperdiçado.

O deputado recordou o período em que as câmeras estavam em pleno funcionamento, quando crimes foram coibidos, autores foram identificados e presos e até atos obscenos foram flagrados e punidos, de acordo com a lei. O parlamentar frisou que, nos últimos quatro anos, os maranhenses não viram nenhum crime solucionado com auxílio do videomonitoramento e questionou se a devida manutenção dos equipamentos está sendo feita.

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