Meio Ambiente

Poluição do Rio das Bicas pauta debate no Dia Municipal da Água

Rio, que fornecia recursos naturais e movimentava a economia de milhares na década de 1950, padece pela falta de preservação da população

Igor Linhares / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26

[e-s001]Em alusão ao Dia Municipal da Água, comemorado ontem (20) em São Luís, foi realizada, na sede da Defensoria Pública do Estado do Maranhão (DPE-MA), na Rua da Estrela, no Centro Histórico da capital, a apresentação do Painel Ecológico Bicas do Saber, projeto que tem por objetivo debater uma consciência coletiva sobre os problemas socio­ambientais que afetam a Bacia do Rio das Bicas, que abrange cerca de 30 bairros da capital e compõe a Bacia do Bacanga. Atualmente, o rio sobrevive sob grave situação, à medida que a construção de residências no entorno cresce desordenadamente, sem obediência às políticas de sanitarismo.

O acesso à água e ao saneamento é reconhecido mundialmente como um direito humano. Ainda assim, 40% da população do planeta vive com escassez de água. Além disso, 1,8 bilhão de pessoas consomem água de fontes que não são protegidas, de acordo com a Organização das Nações Unidas no Brasil (ONU). O dia 22 de março, decretado como o Dia Mundial da Água, é destinado à reflexão sobre a relação do indivíduo com um dos bens naturais mais preciosos que, pela falta de consciência, já apresenta situações com as quais têm tido de lidar as populações, como a escassez do recurso.

De acordo com o painel do Rio das Bicas, apresentado ontem na DPE-MA, o curso das águas do respectivo rio vem sendo comprometido há décadas, desde a construção de imóveis em seus arredores, despejo de esgoto in natura e descarte do lixo em suas águas, entre tantas outras ações do Município e da própria população, involuntárias ou não, conchavo do discurso do presidente da Sociedade Maranhense de Defesa à Natureza (Somadena), José Machado.

“O foco do projeto nada mais é que conquistar políticas públicas para o Rio das Bicas, que está, sob a visão de todos, completamente poluído, com seu manguezal, que deveria lhe proteger, destruído. Queremos, portanto, assegurar ações que garantam qualidade às águas em curso, que estão sendo comprometidas pela falta de consciência da própria população e do Município, que depende, ainda, do Estado para oportunizar a recuperação do que pode ser recuperado”, frisou.

Ainda segundo o presidente da Somadena, instituição que provocou a discussão a fim de buscar saídas para o rio já quase perdido, é urgente a necessidade de se ingressar com políticas socioambientais para assegurar a vida de um recurso importante para a sobrevivência da cidade. Caso contrário, toda riqueza hídrica não fugirá à realidade, tal qual vem sendo ameaçada pela falta de preservação da bacia, que foi um importante fornecedor de outros recursos naturais para os moradores dos bairros de Fátima, João Paulo e Sacavém, no ano 1950.

[e-s001]Década passada
Em 2007, a preocupação com a situação do Rio das Bicas já era altamente preocupante, quando uma pesquisa feita por professores e alunos da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), à época integrantes do projeto Cidades.com (parceria entre a UFMA e o Ministério da Educação – MEC) e por moradores dos polos do Coroadinho e Itaqui-Bacanga revelou que 96% dos pescadores que tinham o Rio das Bicas como fonte de renda deixaram a atividade por causa do seu grande nível de poluição.

O estudo mostrou, também, que 93% da população não o utilizava mais para tomar banho e que 96% da comunidade também não aproveitava mais o mangue do rio como fonte de renda. A pesquisa reuniu centenas de moradores da área do entorno do rio das Bicas, como Bairro de Fátima, Coroadinho, Bom Jesus Coroado, João Paulo, Parque Amazonas, Dom Sebastião, Parque Nice Lobão, Vila Conceição, Coroado, Sacavém, Salina, Coheb, Redenção, Primavera – Coroadinho, Parque Timbira, Residencial Vale Verde, Sítio do Pica-Pau Amarelo e Vila São Sebastião.

Nada mudou
Doze anos se passaram e nada mudou, pelo contrário. A situação ficou ainda mais grave. A população do entorno cresceu desenfreadamente, assim como o desmatamento da vegetação que circundava o rio e garantia sua qualidade, bem como o despejo do esgoto, pela falta de saneamento básico e pelo descarte incorreto de resíduos sólidos. Embora, entretanto, ainda seja imensuravelmente mais importante a participação da própria população em querer reverter a situação de um rio que agoniza as dores de uma morte lenta e pede socorro.

“Uma das saídas, senão a principal e mais eficiente para a situação em que o rio se encontra, é a educação e conscientização de jovens e demais sobre a importância de se adotar meios para contribuir para a despoluição da bacia, que tanto já custeou a vida de muitos ribeirinhos e muito contribui para a história da cidade de São Luís. Fomentar a discussão sobre a realidade do rio e o conhecimento sobre como revertê-la, é, sem dúvida, um dos principais meios para se preservar o Rio das Bicas e o ambiente que lhe entorna”, pontuou o defensor público- geral do Maranhão, Alberto Pessoas Bastos.

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