Música

Música negra aos domingos

Projeto All Black, que inicia neste domingo, às 16h, no Creole, vai reunir artistas maranhenses para exaltar a soul music

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26
O cantor Paulinho Akomabu, da banda Crioulos D''Ifé, grupo que está no lançamento do projeto
O cantor Paulinho Akomabu, da banda Crioulos D''Ifé, grupo que está no lançamento do projeto (Paulinho Akomabu)

SÃO LUÍS - A necessidade de resgatar o movimento da música negra no Brasil, em especial a ocorrida na década de 1960 quando iniciaram os primeiros bailes black, festas que tocavam LPs de funk, soul, miami bass, rap, reggae entre outros estilos que vinham de fora do país e também as músicas negras brasileiras, fez surgir o projeto All Black. O evento vai ocorrer todos os domingos, sempre às 16h, no Creole (Lagoa da Jansen).

Para dar a largada, uma programação com a discotecagem do DJ D Black, a banda Crioulo D’Ifé, Tambor de Crioula da Zilene e participação especial do rapper Preto Nando. Tocando a raiz da black music com muito soul, groove e funk nacional e internacional, o DJ Black vai extrair dos seus vinis e também do som eletrônico, sucessos da música negra de todos os tempos.

Atração principal da noite, a banda Crioulo D'Ifé, grupo formado por músicos de sólida trajetória que se juntaram para uma proposta diferente: fazer reggae com fortes influências regionais. No repertório, o grupo faz alusão a ritmos africanos e ao reino de Ilê-Ifé conhecido como o berço dos Yorubas mas não deixa de lado o reggae roots, que é difundido pelas radiolas em São Luís, bem como as tendências da música negra no mundo.

Entre as músicas da banda está “O som das paredes”, composição de Paulinho Akomabu que faz alusão às radiolas de reggae do Maranhão. Além de músicas de autoria de Paulinho Akomabu, o grupo tem parcerias musicais com nomes como Célia Sampaio, Santacruz, Gerson da Conceição, entre outros.

O evento abre espaço ainda para uma apresentação do rapper Preto Nando, que promete rasgar o verbo com suas letras e batidas especiais na qual mistura rap com bumba meu boi de matraca e de zabumba, bem como reggae.

Além das atrações musicais, o evento terá a realização da feirinha Viva la Vida – Floresça, que reunirá produtores de arte, moda e gastronomia que vão comercializar seus trabalhos. São 28 expositores já confirmados.

Movimento

A mistura da música gospel com o rock and roll e o rhythm and blues gerou, nos Estados Unidos da década de 1950, a soul music, gênero musical que teve seu auge nos anos 1960, mas continua encantando gerações, inclusive no Brasil. É este espírito que o projeto All Black pretende reviver. “A ideia do All Black, surge da necessidade de resgatar este universo tão diverso e colocar muitas pessoas para pensar e dançar aos domingos na cidade de São Luís”, diz o idealizador do projeto, Thiago Guterres.

No repertório das atrações, músicas que mesmo sendo censuradas durante a Ditadura Militar, na década de 1960, marcaram pelas importantíssimas afirmações políticas, culturais e estéticas da comunidade negra. Thiago Guterres relembra que os bailes black eram frequentados por pessoas da classe média e baixa e que a exaltação da negritude lhes proporcionaram uma melhora na autoestima devido às possibilidades de terem mais voz na sociedade.

As influências vinham dos sound systems surgidos na Jamaica e assim os produtores da época criaram bailes como o Grand Prix, a Furacão Zoo e a Cash Box que aconteciam principalmente em São Paulo, com o rap, resultado do movimento hip hop. No Rio de Janeiro, o Miami Bass era confundindo com o funk e influenciou na origem do funk carioca. Em São Luís, esta década viu o surgimento das chamadas radiolas de reggae.

No cenário nacional, nomes como Tim Maia, que aprendeu a fazer soul music nos Estados Unidos, no início dos anos 1960. Lá, ouviu muito Ray Charles e Sam Cooke e misturou tudo com samba, baião, forró, rock criando sucessos como “Você”, “Sossego”, “Azul da Cor do Mar”, etc. Outro nome é Cassiano, autor da balada “A Lua e Eu”, de 1976. Cantor e compositor paraibano, fez muito mais, compondo músicas para o amigo Tim Maia como “Primavera”, tocando guitarra e gravando outras músicas de sua autoria, entre as quais “Coleção” e “Amo Você”. Hyldon, Tony Tornado e Sandra de Sá, são outros nomes da black music brasileira.

Serviço

O quê

Projeto All Black

Onde

Creole - Av. Mario Meirelles, Lagoa da Jansen

Quando

Neste domingo, às 16h

Ingresso

R$ 20,00

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