Artigo

O sucesso vem do bom empresário

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26

Não basta ser apenas empreendedor. Talvez esta seja a frase que mais explica a derrocada de centenas de empresas recém-constituídas no cenário econômico brasileiro. Isso porque muita gente entende os termos empreendedor e empresário como sinônimos, mas que na verdade apresentam significações distintas e complementares.

O idealista, aquela pessoa que tem ideias brilhantes sobre novos negócios é o que se pode chamar de empreendedor. Por outro lado, o empresário é o indivíduo que possui habilidades administrativas e gerenciais para perpetuar o seu negócio. Isto é, o empreendedor concebe a ideia de negócio, mas sem a participação enérgica do empresário como executivo ou gestor do negócio, tal empreendimento tende a ir ao fracasso.

Ambos os papéis exigem competências bem distintas, o que faz ser muito difícil que apenas uma pessoa reúna habilidades para os dois papéis. Enquanto o empreendedor precisa apaixonar ao comunicar sua visão de negócios e se mostrar com ousadia acima da média, o empresário convence da viabilidade de um negócio mediante dados administrativos concretos que demonstram que o empreendimento está saneado o suficiente para seu crescimento.

Assim, a durabilidade do negócio envolve, na maioria das vezes, questões burocráticas que quase nunca são vislumbradas pelos empreendedores, sendo comum que empresários bem sucedidos manifestem comportamento menos efusivo, paciente e com atenção aos detalhes que envolvem a administração diária de um negócio.

Nesse sentido, em não havendo a reunião de atributos tão distintos em uma só pessoa, aconselha-se que o empreendedor idealista e com inovações realmente revolucionárias no mercado sempre busque se associar a um sócio gestor do seu negócio, que sempre esteja atento às questões regulatórias e burocráticas do ramo de atividade. Sempre que houver uma desatenção acentuada a tais questões, é quase certa a fragilidade e a possível ruína do negócio pela não adequação aos requisitos regulatórios que mantém uma empresa credenciada para acessar até as mais simples linhas de crédito do mercado.

A título de exemplo, veja-se uma empresa que tenha como foco fornecer produtos ou serviços para a Administração Pública, e que seja desatenta às obrigações trabalhistas e previdenciárias do seu quadro de pessoal. É muito provável que esta empresa, em descumprimento às normas, seja incluída no banco nacional de devedores trabalhistas, o que a impedirá de vir a contratar novamente para a Administração Pública.

Igualmente, veja-se o caso de uma empresa que seja desatenta no cumprimento tempestivo das obrigações com fornecedores, além de não conseguir maior margem para futuras negociações, tais como prazos estendidos etc, possivelmente terá dificuldade no acesso das mais linhas de crédito mais populares.

O jovem empresário, como geralmente se mostra idealista e com o coração cheio de paixão pelo que empreende, tende a alcançar sucesso primeiro como empreendedor e depois como empresário, aprendendo com o tempo a resolver problemas típicos e burocráticos de uma empresa.

Inúmeros são os problemas diários que são enfrentados pelo gestor de uma empresa, tais como controvérsias decorrentes das relações interpessoais no âmbito das empresas, questões regulatórias, fiscais, trabalhistas e outros fatores do cotidiano empresarial que fomentam a formação de passivos de difícil administração. Desde a regulação de procedimentos internos até a celebração de negócios vitais para a empresa são elementos que precisam ser detalhadamente analisados pelo empresário profissional.

Portanto, apenas o executivo bem assessorado, especialmente nos aspectos jurídicos, contábeis e de gestão de pessoas, colherá melhores frutos da sua atividade empresarial.


Gabriel Pinheiro

Coordenador da Associação dos Jovens Empresários, advogado integrante de Kleber Moreira Advogados e foi membro do Tribunal de Ética da OAB/MA

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