Denúncia

MPF denuncia Joesley, Palocci, Mantega e mais oito por apoio do BNDES ao J&F

Ação pede ressarcimento de mais de R$ 5,5 bilhões ao banco; segundo Ministério Público, Mantega e Palocci, quando foram ministros, facilitaram operações de crédito para Joesley Batista, que usou a verba para comprar outras empresas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26
Joesley Batista usou dinheiro do BNDES para comprar outras empresas e somente conseguiu com apoio de Guido Mantega e Antônio Palocci, que foram ministros no governo dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff
Joesley Batista usou dinheiro do BNDES para comprar outras empresas e somente conseguiu com apoio de Guido Mantega e Antônio Palocci, que foram ministros no governo dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff (Joesley Batista)

Brasília

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou à Justiça, ontem, 11 acu­sados de crimes ligados ao apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao grupo J&F.
A ação pede reparação de R$ 5,5 bilhões aos cofres públicos - valor que inclui R$ 1,86 bilhão de suposto prejuízo apurado, em valor atualizado, e outros R$ 3,74 bilhões como indenização.
A lista de denunciados inclui o empresário Joesley Batista, da JBS, o ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho e os ex-ministros Guido Mantega e Antonio Palocci.
O dinheiro do BNDES foi usado pelo grupo J&F para comprar outras empresas do ramo de carnes, como a norte-americana Swift.

Operação
A Operação Bullish foi deflagrada em maio de 2017, semanas após o Tribunal de Contas da União (TCU) apontar a irregularidade das operações de crédito.
Naquele momento, o TCU já apontava prejuízo de R$ 70 milhões aos cofres do BNDES. Segundo o tribunal, o banco comprou ações da J&F como forma de aportar dinheiro na empresa, mas pagou
R$ 0,50 a mais por ação, favorecendo a empresa duas vezes.

Acusações
O grupo é acusado de formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, gestão fraudulenta, prevaricação financeira e lavagem de dinheiro. Segundo a ação, a verba do BNDES foi repassada ao grupo JBS em um “esquema alimentado por propina”, que resultou na internacionalização da empresa.
A denúncia, de 355 páginas, é assinada pelo procurador regional da República Francisco Guilherme Vollstedt e pelo procurador da República Ivan Cláudio Garcia Marx.
Segundo a denúncia, Joesley Batista “corrompeu” Victor Sandri – indicado como operador de Guido Mantega, que presidiu o BNDES entre 2004 e 2006 – para ter acesso ao político. Depois, usou a ligação com Mantega para “exercer influência sobre o novo presidente da instituição, Luciano Coutinho”.
Os investigadores dizem que Coutinho, já no cargo, deu continuidade e ampliou o esquema, "aceitando investimentos sem análises adequadas, em valores superiores ao necessário".
A ação diz que Palocci aparece nas fraudes a partir de 2008, como deputado e não como ministro. Ele teria assinado um contrato de consultoria com a JBS, sob cláusula de êxito, para ajudar na compra das empresas internacionais. Segundo o MPF, ele não trabalhou nisso, mas recebeu R$ 2,5 milhões para exercer mais pressão sobre o BNDES.
Segundo o procurador Ivan Clau­dio Marx, a denúncia usou muitos argumentos do Tribunal de Contas da União (TCU), que se debruçou sobre a regularidade das transações do BNDES.
"O TCU tem uma forma muito peculiar de identificar responsabilidades. Não é uma denúncia genérica. É muito bem detalhada sobre a participação de cada membro do BNDES, cada documento, cada decisão e cada prejuízo decorrente de cada decisão".

Confira a lista
de denunciados

• André Gustavo Salcedo Teixeira Mendes
• Caio Marcelo De Medeiros Melo
• Eduardo Rath Fingerl
• Fábio Sotelino Da Rocha
• Gonçalo Ivens Ferraz Da Cunha E Sá,
• Guido Mantega, Antonio Palocci Filho
• Joesley Mendonça Batista
• José Cláudio Rego Aranha
• Leonardo Vilardo Mantega
• Luciano Galvão Coutinho
• Victor Garcia Sandri

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