Editorial

Injustificável e perigoso

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26

Mortes em massa, em massacres, sempre geram questionamentos. Se quer saber respostas, o porquê. O que leva um ser humano a invadir uma escola e matar pessoas aleatoriamente. Precisa-se ter um motivo, uma razão que possa explicar, até justificar o fato, que na verdade é injustificável. Nesta quarta-feira (13) foi em Suzano, na Grande São Paulo. Antes, já havia ocorrido em outras cidades, outros estados, outros países.

Não há justificativa. Jovens devem ser despreocupados, andar em bandos e passar o dia em redes sociais, quando não estão reclamando de terem de estudar. Jovens são o futuro da nação. Eles devem aproveitar cada minuto de seu tempo, enquanto sua única responsabilidade é apenas tirar boas notas. Jovens não devem ter sangue nas mãos, não devem ser algozes, não devem tirar vidas.

Mas é o que eles vêm fazendo ao longo dos tempos. Começando no primeiro mundo e gerando exemplos malfadados para o terceiro. Se inspirando no mal e ceifando vidas, incluindo as suas.

Em média, morrem diariamente 96 pessoas nos Estados Unidos vítimas de armas de fogo. Segundo a organização Everytown for Gun Safety, que desde 2013 compila informação sobre os casos relacionados com armas de fogo dos quais resultam feridos ou mortos, foram registados desde essa data cerca de 300 ataques com armas de fogo em escolas do país. Segundo esta mesma organização, no início de 2018, houve 18 incidentes com armas de fogo em escolas ou locais próximos de estabelecimentos de ensino.

Um dos casos considerados mais emblemáticos, ocorridos nos EUA e não catalogados pela organização, mas que gerou, inclusive dois filmes premiados, foi o “Massacre de Columbine”, ocorrido em 20 abril de 1999. Além do tiroteio, o ataque envolveu o uso de bombas para afastar os bombeiros, tanques de propano convertidos em bombas colocados na lanchonete, dispositivos explosivos, e carros-bomba.

Os autores do crime, os alunos Eric Harris e Dylan Klebold, mataram 12 alunos e um professor. Eles também feriram outras 21 pessoas, e outras três ficaram feridas, enquanto tentavam fugir da escola. Depois de trocarem tiros com policiais, a dupla (coincidência ou não) cometeu suicídio. O ataque foi considerado complexo e altamente planejado. Segundo apuração, na época, os atiradores teriam se baseado em outra tragédia, ocorrida em 1995, o Atentado de Oklahoma City, que não aconteceu em uma escola, mas em um prédio e matou pelo menos 168 pessoas, feriu mais de 680 e destruiu um terço do edifício.

O fato é que casos dessa natureza sempre são planejados com base em outros que tiveram grande repercussão. Os envolvidos, exaustos sabe-se lá do que em suas vidas, querem encerrá-las de maneira “gloriosa”, “triunfal”, para serem lembrados na história, ainda que de maneira caótica, pois isso não representa problema para eles, apenas um sinal de sua rebeldia assassina.

No Brasil, desde 2002, mais de oito casos de ataques em escolas foram registrados, com mortes e falta de respostas que tragam algum tipo de alento ou aceitação. Salvador, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Goiânia foram palco de tais atrocidades. Não há explicação que traga paz aos que perderam seus parentes, tampouco sossego aos entes daqueles que promoveram os descalabros. Resta a culpa, por não ter percebido o que se desenrolava, a falta de entendimento, e o medo pelo que ainda pode acontecer, em outras escolas, com tantos exemplos nefastos noticiados amplamente, com riqueza de detalhes no planejamento.

Fica a pergunta: expor, criar filmes que mostrar a saga, endeusar matadores, pessoas que agem de tal maneira, não causa prejuízo às mentes perversas ou perdidas que buscam apenas um detalhe para se inspirar?

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