Prisão

Polícia prende no Rio dois suspeitos de matar Marielle Franco

Ronie Lessa, PM reformado, e Elcio Vieira de Queiroz, expulso da PM, foram presos após monitoramento e investigação da polícia sobre caso da vereadora

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26
Acusados de serem os assassinos da vereadora, PMs são apontados como integrantes de milícias no RJ
Acusados de serem os assassinos da vereadora, PMs são apontados como integrantes de milícias no RJ (Suspeitos de assassinto de Marielle)

RIO DE JANEIRO - Uma operação conjunta do Ministério Público, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), e da Polícia Civil do Rio de Janeiro, prendeu na madrugada de ontem, 12, dois suspeitos de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes no dia 14 de março de 2018. Ronie Lessa, policial militar reformado, e Elcio Vieira de Queiroz, expulso da Polícia Militar, foram denunciados por homicídio qualificado e por tentativa de homicídio de Fernanda Chaves - que também estava no veículo atacado.

Segundo o Ministério Público, as prisões ocorreram por volta das 4h durante a Operação Lume, realizada na residência dos suspeitos. Os dois foram denunciados depois de análises de diversas provas. Lessa teria sido o autor dos disparos de arma de fogo e Elcio, o condutor do veículo Cobalt utilizado na execução. O MP informou que o crime foi planejado de forma meticulosa durante os três meses que antecederam os assassinatos

Além dos mandados de prisão, a Operação Lume cumpre mandados de busca e apreensão em endereços dos dois acusados para apreender documentos, celulares, computadores, armas, munições e outros objetos.

Na denúncia apresentada à Justiça, o Gaeco/MP-RJ também pediu a suspensão da remuneração e do porte de arma de fogo de Lessa, a indenização por danos morais aos parentes das vítimas e a fixação de pensão em favor do filho menor de Anderson até completar 24 anos de idade.

Segundo o MP, o nome da operação é uma referência a uma praça no centro do Rio, conhecida como Buraco do Lume, onde Marielle desenvolvia um projeto chamado Lume Feminista. No local, ela também costumava se reunir com outros defensores dos direitos humanos e integrantes do seu partido, o PSOL.

"Além de significar qualquer tipo de luz ou claridade, a palavra lume compõe a expressão 'trazer a lume', que significa trazer ao conhecimento público, vir à luz", informa o comunicado do MP. "É inconteste que Marielle Francisco da Silva foi sumariamente executada em razão da atuação política na defesa das causas que defendia", diz a denúncia, acrescentando que a ação foi um golpe ao Estado Democrático de Direito.

A suspeita da polícia é de que Marielle Franco tenha sido morta por sua atuação política. Ela atuava em defesa dos direitos humanos.

A família de Marielle também acredita em motivação política e cobra agora uma resposta a respeito da possibilidade de haver um mandante para a execução.

'Até agora, é coincidência', diz MP-RJ sobre suspeito ser vizinho de Bolsonaro

O fato de um dos suspeitos pela morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) preso nesta terça-feira, 12, ser vizinho do presidente Jair Bolsonaro é, até agora, uma coincidência, de acordo com o Ministério Público do Rio.

"Absolutamente, não há nenhum fato que diga que tem alguma vinculação. Muito pelo contrário, não temos controle dos nossos vizinhos. Até esse momento, o fato foi coincidência", disse a coordenadora do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-RJ, Simone Sibílio, durante coletiva de imprensa.

Apontado como autor dos disparos que mataram Marielle e o motorista Anderson Gomes, o policial militar reformado Ronnie Lessa mora no mesmo condomínio do presidente Jair Bolsonaro no Rio.

Motivação - Na linha de investigação do MP-RJ, a vereadora e o motorista Anderson Gomes foram assassinatos por causa das causas abraçadas pela parlamentar.

O fato de o crime ter sido classificado juridicamente como "torpe", no entanto, não elimina a suspeita de que possa ter um mandante, disse a investigadora.

De acordo com o Ministério Público, é possível que o crime tenha ou não um mandante e que todas as possibilidades estão sendo consideradas na investigação. "Nenhuma linha é descartada", declarou.

A operação para prender dois suspeitos nesta terça-feira, 12, foi adiantada por risco de fuga, ainda segundo o MP. As prisões estavam programadas para ocorrer na quarta-feira, 13.

'É possível que tenha um mandante', diz Bolsonaro sobre caso Marielle

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que "é possível" que o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) tenha mandantes e que espera que as investigações tenham chegado nesta terça-feira, 12, aos reais executores do crime. Ele destacou que não conhecia a vereadora do Rio de Janeiro e completou: "Eu também estou interessado em saber quem mandou me matar". No ano passado, o presidente foi vítima de atentado durante a campanha eleitoral, de autoria de Adélio Bispo.

"É possível que tenha um mandante. Eu conheci a Marielle depois que ela foi assassinada. Eu não conhecia ela, apesar de ser vereadora com meu filho no Rio de Janeiro. E eu também estou interessado em saber quem mandou me matar", declarou.

Hoje, a Delegacia de Homicídios (DH) da Capital e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ) prenderam o sargento reformado da Polícia Militar Ronnie Lessa e o ex-PM Elcio Vieira de Queiroz, por envolvimento no assassinato de Marielle e do motorista Anderson Gomes, que ocorreu há cerca de um ano.

Desde a divulgação das prisões, passou a circular na internet uma foto de Bolsonaro ao lado de Elcio de Vieira Queiroz, um dos suspeitos. Questionado sobre o assunto, Bolsonaro respondeu que tem fotos com "milhares de policiais civis e militares, com milhares, do Brasil todo".

Bolsonaro disse que não ficou surpreso com as descobertas desta terça porque "não existe crime impossível" de ser solucionado. "Eu acredito que não existe crime impossível de ser solucionado, coisa rara. Agora que poderia chegar a um bom termo, eu acredito que sim", disse.

Bolsonaro falou com a imprensa após encontro e pronunciamento ao lado do presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, que está no Brasil para sua primeira visita oficial.

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