Editorial

Para combater a causa e não só a consequência

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26

Dois episódios recentes, e que ganharam destaque na mídia, mostram que as autoridades seguem atacando as consequências e não as causas dos problemas e, com isso, acabam perpetuando práticas consideradas nocivas por muitos. E isso se torna ainda mais preocupante quando os perpetuadores são exatamente aqueles que antes de assumir o poder de gestão pregavam exatamente o inverso do que deixam ocorrer após assumir seus cargos.

O primeiro caso diz respeito a crianças amarradas por populares, sob acusação de serem invasores, e presas pela polícia em Caxias, no Maranhão. A segunda é o fechamento da Maternidade Maria do Amparo, no bairro Anil, em São Luís.

A ação em terras caxienses foi desastrosa, não há como negar. Prender as crianças é inaceitável. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) está aí para comprovar isso. Afastar os policiais envolvidos, abrir investigação e outras medidas são o mínimo a ser feito pelas autoridades.

Mas, essa medida é só um ataque à consequência de um fato que poderia até ser evitado. O cidadão que paga seus impostos, espera que crianças na idade das que foram amaradas e presas tenham ocupação mais educativa e lúdica do que levar animais para pastar. A partir do episódio, resultam muitos questionamentos: as crianças estavam de férias? Estavam matriculadas em escola? Será que há creche ou unidade similar pública para atendimento a essas crianças?

Pois é. Punir os policiais é tão somente combater a consequência de uma tragédia que se repete há anos em cidades de todo o país. As autoridades, espera a população, devem investir em ações efetivas para que, não apenas essas duas crianças, mas todas possam crescer e se desenvolver sem a possibilidade - para não dizer ameaça - de se verem envolvidas em casos de polícia.

No caso da Maternidade Maria do Amparo, o fechamento ocorreu ano passado, quando o governo do estado cortou verbas destinadas à manutenção da unidade. Após o vencimento do convênio firmado entre o Centro Assistencial Elgitha Brandão e a Secretaria de Estado da Saúde (SES), responsável pelo repasse do kit-médico, que garantia o funcionamento da unidade hospitalar, os serviços foram suspensos, fazendo com que uma média de 190 partos por mês deixassem de ser realizados na unidade de saúde.

O kit-médico inclui salários dos obstetras, pediatras, ginecologistas e anestesistas, profissionais essenciais para o andamento das atividades na maternidade. Com o corte de gastos, foi disponibilizado apenas o obstetra no kit e o resto seria suspenso. A unidade parou.

No dia 13 de fevereiro, foi realizada uma reunião, organizada por uma comissão de vereadores para intermediar um acordo entre a prefeitura e o Centro Assistencial, na qual a Semus se responsabilizou em pagar pelo kit-médico para a reabertura da Maternidade. A reabertura foi marcada para a segunda-feira passada, o que não ocorreu porque os reparos no prédio não foram finalizados. A nova data de reabertura não foi divulgada.

Assim, segue o cidadão, esperando ter saúde desde a hora do nascimento, porque o início de uma vida deve ser encarado com responsabilidade e não visto com descaso por autoridades.

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