Entrevista/Izalci Lucas

Senador defende que não se pode destruir o Sistema S

Parlamentar diz que governo não tem sido eficiente na formação profissional e não pode, portanto, mexer nesse sistema sem ter uma alternativa concreta que ofereça garantia de que vai funcionar

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26
(sistema S)

Brasília

A revolução industrial em andamento, conhecida como Indústria 4.0, precisará cada vez mais de trabalhadores com boa formação profissional, como a ofertada pelo Sistema Sesi/Senai. Na opinião do senador Izalci Lucas (PSDB-DF), essa discussão não pode ser feita apenas de um modo pontual. Tem de ser uma análise global. “O que você percebe que funciona hoje é a formação profissional por meio do Sistema S. Se você tenta destruir a única coisa que está funcionando, acaba complicando mais”, afirma o parlamentar, em entrevista à Revista Indústria Brasileira

Como o senhor vê a discussão atual para reduzir encargos sobre folhas de salários?
Sempre achei essa questão mui­to distorcida, porque quem quer emprego não pode onerar quem vai contratar. Então, isso já deveria ter sido desonerado há muito tempo. Não pode ser de uma forma desordenada, como a presidente Dilma Rousseff fez e trouxe um problema seríssimo para a Previdência. Eu defendo a desoneração total da folha. Então, tem que achar uma compensação. Por isso, a reforma tributária é fundamental.
O senhor acha que é possível fazer a desoneração sem antes discutir a questão fiscal?
Eu acho possível. O maior problema das empresas é a falta de segurança jurídica. Em outros governos, aprovaram a desoneração, depois mudaram de novo e isso causa perda de credibilidade e confiança. A economia funciona com confiança e segurança jurídica. Para fazer, tem que ser algo definitivo. Não tem como fazer as coisas de forma precipitada e sem análise técnica como um todo.

Como o senhor vê a discussão sobre alterações no Sistema S, responsável por melhorar a qualificação profissional dos trabalhadores?
Essa discussão não pode ser feita apenas de um modo pontual, mas tem que ser uma análise global. O que você percebe que funciona hoje é a formação profissional por meio do Sistema S. Se você tenta destruir a única coisa que está funcionando, acaba complicando mais. Evidentemente, tem que ponderar essa questão, ver se todas as confederações e áreas do sistema estão funcionando, porque pode haver distorções. A questão é fiscalizar e manter o controle dessas atividades.

Então, seria aperfeiçoar um sistema que já está dando certo?
Sim. Precisamos pensar duas vezes antes de fazer mudanças e reduzir recursos de algo que está funcionando. Agora, tem de buscar eficiência no Sistema S. Por mais que funcione bem, a gente tem algumas reclamações. Por isso, a transparência é fundamental.

Como o senhor vê a importância do sistema S para a qualificação da mão de obra?
O governo busca a qualificação, mas quase tudo que o governo faz não funciona. Na educação pública não funciona. O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), que aprovamos aqui, só funcionou no Sistema S. O projeto original era funcionar só em escola e faculdade pública, mas não deu certo. De uma maneira geral, o governo não tem sido muito ou nada eficiente na formação profissional. Tem de ter muito cuidado para não mexer nesse sistema sem ter uma alternativa concreta que tenha garantia de que vai funcionar. Falar simplesmente em corte é precipitado. Tem de saber o que fazer, porque mudar aquilo que possa comprometer o que está sendo bem feito hoje para a educação é prejudicial. O mercado precisa hoje de gente qualificada, então tem que ter cuidado para não destruir o que já funciona.

Qual outro ponto é importante destacar para entrar nessa discussão do Sistema S?
Lembro que essa proposta não é nova. No governo do PT tentaram fazer isso, para pegar parte desse recurso para o Pronatec. Tirar de um lugar para colocar em outro que não funciona já é um problema. Tem que fazer uma auditoria da utilização dos recursos. Saber se estão sendo usados corretamente. Eu acho que não deve mexer. Sei que tem muita coisa para alterar, mas tem que tomar muito cuidado para não afetar o que está funcionando bem hoje, que é o caso da formação profissional.

Como senhor vê o papel de fomento cultural realizado pelo sistema S?
Acho importante. A gente sabe que o Sesi e o Sesc têm a parte cultural, que também é válida. Além da qualificação profissional, o Sistema S também tem a parte social. Antes de mudar a distribuição de recursos do sistema, acho que o governo precisa primeiro cortar na carne.

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