Insegurança

Violência e fugas de detentos desconstroem discurso de Dino

Dados da Secretaria de Segurança mostram que mais de 60 pessoas foram assassinadas na Ilha de São Luís nos 2 primeiros meses do ano e durante o Carnaval; presos conseguiram fugir de Pedrinhas

Ronaldo Rocha da editoria de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26
Flávio Dino concedeu entrevista a veículos nacionais garantindo que a segurança pública teve avanços
Flávio Dino concedeu entrevista a veículos nacionais garantindo que a segurança pública teve avanços (Flávio Dino)

O elevado número de homicídios registrados na Região Metropolitana de São Luís nos dois primeiros meses do ano e a fuga de 10 presos de Justiça do Centro de Detenção Provisória, o Cadeião, no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, desconstroem o discurso do governador Flávio Dino (PCdoB) à imprensa nacional.
No mês passado, o chefe do Executivo estadual concedeu uma entrevista exclusiva ao portal de notícias Uol, em que criticou o pacote anticrimes entregue pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, ao presidente da Câmara Federal, deputado Rodrigo Maia (DEM), e declarou ter conseguido reverter os elevados índices de violência na Ilha de São Luís e no sistema prisional do estado.
Na ocasião, ele também chegou a responsabilizar o Poder Judiciário pela superlotação constatada nos presídios do Maranhão e fez autoelogios à gestão de Segurança Pública.
“Nós investimos bastante na polícia porque tínhamos uma taxa de homicídios muito alta no Maranhão. Por exemplo, na Região Metropolitana de São Luís nós chegamos a ter mil homicídios em um ano. Nós fechamos ano passado na casa dos 300 e pouco, ou seja, uma redução de mais de 60%”, disse.

Relatório
Dino também afirmou que melhorou o sistema carcerário do Maranhão com investimento em recursos humanos.
Ocorre que, somente nos primeiros dois meses de 2019, 65 pessoas foram assassinadas por uso de armas de fogo e arma branca nos municípios que integram a Região Metropolitana de São Luís: São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa.
De acordo com o relatório, que é elaborado pelo próprio Gover­no, 48 mortes foram catalogadas como homicídio doloso, 24 delas somente no mês de fevereiro, e a maioria com o uso de armas de fogo.
Além das mortes, já houve registro de fuga em massa no Complexo Penitenciário de Pedrinhas.
No domingo de Carnaval, 10 pre­sos de Justiça fugiram do Cadeião após terem conseguido serrar um cadeado e as grades de uma cela, ir ao pátio externo e utilizar um artefato chamado “teresa”, uma espécie de corda feita com lençóis e pedaços de outros tecidos, além de uma escada que era usada nu­ma obra no local. Até o momento, apenas dois dos 10 detentos foram recapturados.
Todo esse cenário, de violência e insegurança nas ruas, assassinatos e fuga de presos dos presídios do Maranhão, portanto, desconstrói o discurso de Flávio Dino.

Outro Lado

O Estado entrou em contato com o Governo por meio da Secretaria de Estado da Comunicação para obter um posicionamento a respeito, mas até o fechamento desta edição, não houve resposta.

Governo sonegou dados sobre a violência no estado em 2018

No fim do ano passado, ocasião da divulgação do último levantamento do Monitor da Violência 2018 pelo portal G1, o Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado da Segurança Pública, voltou a sonegar dados sobre a quantidade de homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte no estado.
Na ocasião, O Estado registrou que aquela foi a quinta vez somen­te em 2018 que o Executivo deixou de fornecer os dados para o portal, que elaborou o mapa da violência.
Além do Maranhão, o estado do Paraná também sonegou dados sobre a violência no período levantado pelo portal.
O G1 acompanha os casos de crimes violentos letais e intencionais no Brasil por meio do Monitor da Violência, elaborado em parceria com o Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Ferramenta
É uma das ferramentas utilizadas para se avaliar o índice de violência nos estados numa relação ao investimento feito pela gestão pública em cada setor.
Apesar de sonegar dados, o Governo do Maranhão sempre divulgou relatórios próprios com informação de redução no índice de violência. Dados que foram já questionados pela oposição no Legislativo.

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