Vida Ciência

Radiação no uso do celular (smartphone)

Em especial neste artigo vamos enfatizar o uso da telefonia móvel, restringindo nosso assunto à faixa de micro-ondas, com comprimento de onda na ordem de 10-1cm, com frequência em torno de 1010 Hz

Antonio José Silva Oliveira, físico, doutor em Física Atômica e Molecular, pós-doutor em Jornalismo Científico. Professor da UFMA

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26
Ondas mecânicas na superfície de uma lâmina d’água
Ondas mecânicas na superfície de uma lâmina d’água
Propagação de campos elétricos e magnéticos
Propagação de campos elétricos e magnéticos

O espectro da luz visível, ou simplesmente luz visível, é uma pequena parte de todo o espectro da radiação eletromagnética possível, que vai desde as ondas de rádio aos raios gama. A existência de ondas eletromagnéticas foi prevista por James Clerk Maxwell por meio de quatro equações confirmada experimentalmente por Heinrich Hertz. A radiação eletromagnética encontra aplicações como a radiotransmissão, seu emprego no aquecimento de alimentos (fornos de micro-ondas), na telefonia móvel e em lasers para corte de materiais. Ela pode ser classificada com ionizantes e não ionizantes. As ionizantes são aquelas que possuem energia suficiente para ionizar a matéria e são caracterizadas por possuírem comprimentos de ondas menores que 10-10 cm e frequências inferiores a 1015 Hz.

Representação esquemática do formato de um fóton
Representação esquemática do formato de um fóton

Em especial neste artigo vamos enfatizar o uso da telefonia móvel, restringindo nosso assunto à faixa de micro-ondas, com comprimento de onda na ordem de 10-1cm, com frequência em torno de 1010 Hz, onde existe uma controvérsia sobre benefícios e malefícios em seres vivos quando em sua exposição. A pergunta que queremos fazer: a radiação não ionizante emitida por uma antena de micro-ondas interfere na saúde? Ela pode ser classificada como cancerígena?

A radiação eletromagnética não ionizante é absorvida pela pele e por níveis mais profundos do corpo, dissipando-se repetidamente com a profundidade, podendo causar um aumento de temperatura não percebido pelos sensores térmicos naturais, localizados superficialmente. Uma antena de celular convencional emite radiação que se atenua com o quadrado da distância da fonte e utiliza antenas que operam em uma faixa de frequências de 800 MHz a 1900 MHz.

O aquecimento gerado internamente depende do tempo de exposição, da intensidade do campo e da espessura do tecido, não podendo às vezes ser compensado pelo organismo, ocasionando efeitos biológicos. A profundidade de penetração das ondas ao redor de frequência de 900MHz, usada na telefonia celular, em tecidos com alto conteúdo de água, como o muscular, é de 3cm. Em tecidos com baixo teor de água, como o ósseo, esses valores variam n bentre 17,7cm e 11,2cm (1).

A radiação eletromagnética no celular é emitida pela antena acoplada ao aparelho. O que envolve a radiação dos celulares está relacionado ao fato que usamos esses aparelhos próximos ao corpo e, principalmente, perto da cabeça. Essas antenas acopladas no celular emitem radiação eletromagnética em uma direção quase simétrica, ou seja, quando o aparelho está a uns 25 centímetros desta, essa radiação é absorvida quase que totalmente, sendo potencialmente nociva para o corpo humano e principalmente para o cérebro. Não pela ionização e sim pelo aquecimento e desaquecimento da região próxima à têmpora.

Espectro eletromagnético dando ênfase a luz visível
Espectro eletromagnético dando ênfase a luz visível

A relação entre exposição às radiações eletromagnéticas não ionizantes de telefonia celular e efeitos à saúde tem sido motivo de preocupação da comunidade científica, bem como de gestores públicos, de populações circunvizinhas de estações radiobase de telefonia celular e de usuários de telefone celular. O tema em questão é de grande relevância para saúde pública, e apresenta-se na literatura com resultados controversos. Para tal recorre-se ao princípio da precaução que é uma decisão exercida quando a informação científica é insuficiente, não conclusiva ou incerta e haja indicações de que os possíveis efeitos sobre o ambiente, à saúde das pessoas ou dos animais ou à proteção vegetal possam ser potencialmente perigosos e incompatíveis com o nível de proteção escolhido.
Desta forma, recomendamos os seguintes cuidados para proteção individual dentro da possibilidade de cada usuário:
1 - Gaste o menor tempo possível no uso do equipamento celular (smart phone) próximo a sua cabeça durante a chamada. Para tempo maiores utilize o recurso do fone de ouvido ou o da viva voz;
2 – Não conduzir o aparelho celular (smart phone) próximo a órgãos vitais, em especial, os portadores de marco passo, ou que utilizam equipamento que funciona com sistema eletromagnético;
3 - Aos adolescentes, pelo fato que culturalmente transportam seu equipamento (smart phone) próximo aos órgãos reprodutores;
4 – As mulheres, o cuidado na colocação e guarda do equipamento próximo ao ventre quando no período de gestação, em especial nos primeiros meses.

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(1) Da Silva DF ET AL. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 31(10).2110-2126, out, 2015.

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