Editorial

Folia contida no governo comunista

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26

Definitivamente, o governador Flávio Dino (PCdoB) e seu grupo não têm motivo algum para festejar neste Carnaval, tamanha a sucessão de episódios negativos que minam a gestão comunista neste início de segundo mandato. Mergulhado em uma crise provocada por múltiplos fatores, Dino até que tenta disfarçar o mal-estar, mas sua ausência nas ruas durante as prévias carnavalescas é um claro sintoma de que ele não se sente à vontade para encarar o povo. Ao contrário do ano passado, quando caiu na folia no circuito oficial e não se intimidou diante da multidão, o governador adota, no presente, uma postura reservada, que tende a evoluir para a reclusão, tamanha a antipatia popular que passou a despertar no pós-reeleição.

Qualquer manifestação de euforia do grupo governista neste momento seria despropositada. Percalços há de sobra para conter o ímpeto de comunistas e aliados de brincar o Carnaval. Um dos embaraços advém do corte do percentual de 21,7% que milhares de servidores públicos estaduais recebiam até janeiro, antes de o governo barrar o benefício com um recurso no Tribunal de Justiça, deferido há duas semanas. Indignado com tão grave perda, o funcionalismo, certamente, encararia como deboche o entusiasmo palaciano, por menor que fosse, com o Carnaval, e certamente execraria Flávio Dino se este fosse às ruas com espírito de folião.

A ameaça de perda da concessão do Porto do Itaqui é outro fator que reforça a melancolia governista neste Carnaval. A cassação da licença é cogitada por causa da acusação de que a gestão comunista fez movimentações financeiras não previstas no contrato de delegação firmado há 18 anos entre o Governo do Maranhão e o Governo Federal. Trata-se de um risco real, apontado pelo deputado estadual Adriano Sarney, em recente discurso na tribuna da Assembleia Legislativa, como único legado do comunismo aos maranhenses.

A conjuntura internacional também é desfavorável aos comunistas no período de folia. Seria, no mínimo, um contrassenso o grupo liderado por Flávio Dino extravasar a alegria típica do Carnaval em meio ao clima de hostilidade entre Brasil e Venezuela. Mais absurdo ainda seria ver os governistas festejando enquanto o ditador Nicolas Maduro segue fomentando conflitos e relegando o seu povo a condições de vida subumanas. Mesmo considerando o tirano um herói da pátria venezuelana, o governador maranhense e seus adeptos se mantêm discretos, a fim de evitar mais desgastes.

Tomados por uma sensatez incomum para quem usufrui as benesses do poder, alguns aliados do governo reconhecem que o momento é delicado e concordam que os palacianos devem se recolher durante a folia. Para eles, seria uma espécie de penitência a ser paga pelo atual governante e seus seguidores diante do cenário negativo que terão que enfrentar daqui para frente.

São muitos os dissabores para o governo ao mesmo tempo. Sem clima para festa, Flávio Dino e seu grupo tendem a permanecer apáticos até a Quarta-Feira de Cinzas, a não ser que o cinismo insista em prevalecer. Um componente ameaça tornar o quadro ainda pior em pleno auge da folia. O aumento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), aprovado em dezembro de 2018 pela Assembleia Legislativa, a pedido do Palácio dos Leões, entrará em vigor em plena Terça-Feira Gorda. Será um momento crucial para o governador, que poderá cair em desgraça de uma vez.

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