SÃO LUÍS -As redes sociais, jornais, noticiários de TV e, às vezes, situações vividas dentro da própria família têm chamado cada vez mais a atenção para a violência a que são submetidas as mulheres. Muito mais que simples números estatísticos, esta realidade é cruel e deve ser denunciada sempre. A temática do universo feminino sempre permeou o trabalho da artista plástica Marlene Barros que com a exposição individual “Eu tenho tua cara” retorna à cena colocando este assunto em discussão. A mostra, que entra em cartaz a partir das 17h de hoje, na Galeria de Arte do Sesc Deodoro (Centro), reúne fotografias sobre as quais a artista realizou interferências usando a costura, crochê e bordado para desfigurar e reconfigurar os rostos expostos com fins a expor o impacto da violência sofrida por mulheres. A mostra fica em cartaz até o dia 29 de março.
São 49 fotografias que retratam mulheres que emprestaram à artista suas imagens mas que não necessariamente passaram por episódios de violência. A partir destas fotos, captadas por Marlene Barros por meio do celular, a artista une partes diferentes dos rostos, trocando olhos e bocas, o que causa estranhamento e inquietação em quem as observa.
As montagens se qualificam enquanto grotescas, pois a imagem dessas costuras também transporta para outra, ligada às costuras dos corpos de mulheres que sofreram ou sofrem algum tipo de violência. O trabalho é resultado do curso de mestrado que a artista faz em Portugal e que já foi exposto em uma coletiva que reuniu outras peças de alunos no Museu Santa Joana, na cidade de Aveiro, naquele país.
A mostra “Eu tenho tua cara”, ocupará, além da galeria, outras salas do Sesc. “O trabalho expandiu para outras salas e, assim, as pessoas vão poder interagir com as mesmas fotos que se desdobram. Assim, elas podem contar suas histórias, escrevendo em locais destinados pra isso. Além do que, teremos um equipamento de som que veiculará parte das histórias que estão perfuradas nas próprias imagens da exposição”, explica Marlene Barros.
Feminino
O universo feminino é inerente ao trabalho de Marlene Barros, que costuma dizer que não escolheu esta temática, mas que foi escolhida por ela desde muito pequena. “Meus desenhos, quando criança, eram sempre voltados para o feminino. Desde que me lembro é assim. E eu, enquanto artista, não posso fechar os olhos para uma temática que cerca as mulheres desde sempre, que é a violência”, pontua.
Desta forma, a artista constrói um diálogo entre a intuição e a razão, abordando assuntos como a vaidade, sensualidade, sexualidade, gravidez, sofrimento e aprisionamento social, desejo, amor, entre outros comuns às mulheres. Tudo expresso por meio de pinturas, esculturas e também da mistura de técnicas como costura, colagens e outras. Marlene Barros procura dar uma linguagem contemporânea a sua obra buscando sempre novos rumos, mas principalmente, provocando questionamentos em quem observa a sua arte.
Marlene Barros é formada em Desenho Industrial pela universidade Federal do Maranhão (UFMA). Sua primeira individual foi em 1981, na Galeria Universitária do Solar Nazeu Quadros, tendo como tema as mulheres de Bacurituba, sua cidade natal. Interessados em fazer plano de visitas mediadas podem ligar no telefone (98) 3216-3830 ou enviar e-mail para galeriadeartesescma@gmail.com l
Serviço
O quê
Exposição “Eu tenho tua cara”, de Marlene Barros
Quando
De hoje ao dia 29 de março
Onde
Galeria de Arte Sesc Deodoro – Av. Gomes de Castro, 132, Centro
Visitação
Das 9h às 17h (exceto sábados, domingos e feriados)
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