Centenas de pais de alunos protestaram, na manhã de ontem, 25, em frente à Secretaria Municipal de Educação de São Luís (Semed), por não conseguirem realizar a matrícula dos filhos na rede pública municipal de ensino. Segundo eles, o resultado da pré-matrícula realizada pela internet, do dia 21 de dezembro do ano passado a 1º deste mês - processo que teve resultado divulgado no último dia 12 -, não atende às necessidades dos alunos. A Prefeitura de São Luís informou que há 7 mil vagas a serem preenchidas e que o motivo da ociosidade é porque os pais não aceitaram “o local de lotação do filho”.

Passava das 10h quando uma multidão de pais, insatisfeitos com a nova política de matrículas das escolas municipais, tomou conta das duas faixas da Avenida Marechal Castelo Branco, no bairro São Francisco, onde fica localizada a Semed, e interrompeu a circulação de veículos que transitam, em grande fluxo, entre as duas regiões da capital, divididas pela Ponte Presidente José Sarney. Com pneus dispersos pela via, e aos gritos de “Secretário, queremos educação!”, os manifestantes reprovaram o novo sistema, que a Prefeitura implantou alegando ser um avanço “no processo de informatização e modernização da rede” de educação municipal.

“A gente já passa o dia lutando, correndo para cima e para baixo em busca de um salário mínimo que não dá para pagar o mesmo que os políticos pagam para seus filhos nas escolas particulares, e agora ainda tem que andar atrás, brigando por não conseguir fazer a matrícula das crianças, que estão em casa sem estudar, porque esse novo sistema de pré-matrícula pela internet não ajudou em nada, nem atendeu os alunos como prometeram que ia atender”, declarou Kátia Dantas, de 34 anos, uma das manifestantes e mãe de um filho de 6 anos, até ontem sem a matrícula efetuada. “O resultado da pré-matrícula colocou os nossos filhos longe de casa, de onde eles estudavam antes”.

“Ainda vieram dizer que esse novo sistema de pré-matrícula, pela internet, ia facilitar nossa vida. Só que eu não sei quando isso vai acontecer, porque, até agora, nada. Tanto que a gente teve que se manifestar para ver o que acontece, se dão alguma resposta, porque os alunos não podem ficar sem estudar, e também não podem ir para locais distantes, que custe caro para a gente, que não tem de onde tirar para custear”, complementou a dona de casa Eudinar Ramos, de 36 anos.

“Ano letivo ameaçado”
Outro ponto que levou pais e responsáveis à rua, e alegado durante o manifesto, foi o início do ano letivo, ontem, 25. Segundo eles, os alunos que não tiveram as matrículas efetuadas até o dia 15, como estalecido pela Semed, estão em prejuízo e correm o risco de perder o ano, aspecto negado pela secretaria, que afixou um cartaz na faixada do prédio onde o órgão funciona avisando que o atendimento para matrícula será realizado a partir de hoje (26) até o dia 1º de março, no Ginásio Costa Rodrigues, no centro da capital, em horários específicos, das 9h às 12h e das 14h Às 17h - o que causou ainda mais revolta aos manifestantes.

“Estamos há não sei quanto tempo correndo atrás de matrícula para os nossos filhos e, chegando aqui, na secretaria, ainda temos que dar de cara com esse aviso, que é um desrespeito. Agora, não basta as aulas terem começado e os alunos já estarem perdendo tempo. Ainda vamos ter que ir não sei onde para resolver isso, porque a Semed acha que nós não temos que o fazer”, pontuou a também dona de casa Luana Muniz, de 37 anos.

Outro lado
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Educação (Semed) esclareceu que foram oferecidas 21 mil vagas para a rede municipal de ensino. Destas, 13 mil novas matrículas foram efetuadas, e ainda há 7 mil vagas para serem preenchidas, por motivo de os pais não terem aceitado o local de lotação do filho.

A Semed informou que a partir desta terça-feira (26), até a sexta-feira (1º de março), será feito o atendimento aos pais e responsáveis, com atenção aos casos específicos, no Ginásio Costa Rodrigues, no Centro, das 8h às 12h e das 14h às 17h, e ressaltou também que em relação à distância no Núcleo Rural será providenciado transporte escolar para atender a essa demanda. Por fim, a respeito do ano letivo, a Semed tranquilizou pais e responsáveis, garantindo que cumprirá os 200 dias letivos assegurados por lei.

PRÉ-MATRÍCULA

A matrícula online é uma das ações da política de educação municipal do programa Educar Mais, uma iniciativa da gestão do prefeito Edivaldo, que também realiza diagnóstico da qualidade do ensino oferecido na rede pública municipal de São Luís com o objetivo de acompanhamento, monitoramento e tomada de decisões na área da educação.
Segundo a Prefeitura, o sistema possibilita ter todas as informações dos estudantes da rede; realizar emissão de relatórios da vida escolar dos estudantes; planejar a gestão de vagas para se obter a previsão de matrículas anuais na rede; garantir a matrícula online em todas as escolas; obter resultados de avaliações; e obter dados de frequência escolar dos alunos, além do acesso a registros e alocação de professores e servidores de uma unidade para outra; migração de dados para o sistema educativo; controle de serviços especiais executados na rede de ensino; e promoção da modernização do sistema de lotação no Recursos Humanos, entre outros processos.

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