Conflito

Clima é tenso na fronteira entre o Brasil e a Venezuela

Soldados venezuelanos abriram fogo contra um grupo de civis que tentavam manter aberta uma passagem na região; uma mulher foi morta e 12 pessoas ficam feridas

Reuters

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26
Pessoal falam com soldados venezuelanos na fronteira entre o Brasil e a Venezuela, em Pacaraima
Pessoal falam com soldados venezuelanos na fronteira entre o Brasil e a Venezuela, em Pacaraima (Soldados)

Caracas - O clima na fronteira entre Brasil e Venezuela está tenso, com a decisão do presidente Nicolás Maduro de fechar a fronteira sul com o Brasil e ameaçou fazer o mesmo com a fronteira colombiana antes do prazo de sábado determinado pela oposição para levar a assistência ao país. Nesta sexta-feira, 22, soldados venezuelanos abriram fogo contra um grupo de civis que tentavam manter aberta uma passagem na região entre os dois países. Uma mulher foi morta e ao menos 12 foram feridos, segundo Emilio Gonzalez, prefeito de Gran Sabana, onde aconteceu o incidente.

O ataque aconteceu pela manhã quando uma escolta militar se aproximou de uma comunidade indígena de Kumarakapai. Os soldados abriram fogo com balas de borracha e gás lacrimogêneo quando os voluntários tentaram impedir que os veículos fechassem a passagem. Ao menos 12 pessoas ficaram feridas, com quatro em estado grave.

A mulher, Zorayda Rodriguez, de 42 anos, foi morta, marcando a primeira fatalidade de uma operação internacional que tenta levar ajuda humanitária ao país, desafiando o governo de Nicolás Maduro.

Segundo afirmou em publicação no Twitter o opositor Juan Guaidó, os feridos serão transferidos para um hospital no Brasil porque na Venezuela não há remédios para tratamento médico.

"Eu pergunto às Forças Armadas, é constitucional que abram fogo contra indígenas desarmados?", indagou Jorge Perez, um vereador que diz ter estado presente quando os soldados abriram fogo. "É constitucional matar indígenas?"

Ao menos 30 vizinhos da região foram às ruas após a ação, sequestrando três soldados, segundo Carmen Elena Silva, de 48 anos, e George Bello, porta-voz da comunidade indígena.

"A maior parte das pessoas apoia a entrada da ajuda humanitária e nós queremos a nossa fronteira aberta", disse Carmen. "Isso é ajuda, não é guerra. Todos os dias morrem mais crianças".

Um porta-voz do Ministério das Comunicações da Venezuela afirmou que não poderia comentar sobre o caso. Os ativistas pertencem à aldeia Pemones, que se juntou à oposição para buscar a ajuda doada pelos Estados Unidos e por outros países fronteiriços.

Auxilio humanitário

Com a inflação chegando a mais de 2 milhões por cento por ano e com controles monetários restringindo a importação de bens básicos, muitos venezuelanos não têm acesso a remédios e uma crescente parcela dos quase 30 milhões de habitantes do país sofre de desnutrição.

A violência desta sexta-feira começou quando líderes indígenas no sul da Venezuela disseram ter tentado bloquear um comboio militar que estava a caminho da fronteira com o Brasil, acreditando que os soldados tentariam impedir a entrada do auxílio humanitário sob ordens de Maduro.

Mesmo assim, o comboio entrou na aldeia indígena de Kumarakapay, abrindo fogo para liberar o caminho e matando uma mulher, Zoraida Rodriguez, de acordo com os líderes da comunidade Richard Fernandez e Ricardo Delgado.

O Ministério de Informação da Venezuela não respondeu de imediato a pedido por comentário.

“O resultado deste crime: 12 feridos e um morto”, disse Guaidó em publicação no Twitter. “Vocês precisam decidir de qual lado estão nesta hora decisiva. A todos os militares: entre hoje e amanhã, vocês definirão como querem ser lembrados.”

Guaidó tem afirmado que a oposição levará auxílio humanitário de países vizinhos à Venezuela neste sábado e pediu que as forças de segurança desobedeçam Maduro e permitam a entrada dos carregamentos ao país que sofre com escassez de alimentos e medicamentos.

Guaidó foi reconhecido como presidente interino legítimo da Venezuela por diversos países no mês passado, incluindo os Estados Unidos e o Brasil.

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