Criminalidade

Violência contra a mulher atinge alto índice no estado do Maranhão

Polícia registrou somente no último fim de semana três casos envolvendo briga de casal que resultou em duas mortes; ano passado, 43 casos de feminicídio ocorreram no estado

Ismael Araújo

- Atualizada em 11/10/2022 às 12h26
Maria Célia Coelho de Sousa morta pelo marido com várias facadas
Maria Célia Coelho de Sousa morta pelo marido com várias facadas

SÃO LUÍS - A violência contra a mulher continua apresentando alto índice no Maranhão. A polícia registrou somente neste fim de semana três casos envolvendo brigas entre casais no estado e em uma delas, duas mortes. As vítimas foram Maria Célia Coelho de Sousa, de 48 anos, e Adérito Pires Ribeiro Filho, de 44 anos. Dados da Delegacia Especial da Mulher (DEM) de São Luís revelam que no ano passado foram registradas 1.870 denúncias de mulheres ameaçadas por companheiro ou alguém de convivência familiar.

Adérito Pires Ribeiro Filho recorreu aio suicídio após matar a mulheri
Adérito Pires Ribeiro Filho recorreu aio suicídio após matar a mulheri

Ao todo, foram 1.625 inquéritos instaurados, 3.789 pedidos de medidas de proteção e 433 prisões. Em se tratando a feminicídio em todo o estado foram 43 ocorrências registradas em 2018, uma média de 3,5 por mês e durante este ano já ocorreram seis casos.

“A polícia não pode informar nesse momento o dia da morte, mas pode ter ocorrido há três ou quatro dias, mas isso vai ser constatado por meio de exame pericial”, disse o delegado Leonardo Carvalho, da Superintendência de Homicídio e Proteção a Pessoas (SHPP), ao relatar sobre o assassinato de Maria Célia. Ele também não soube precisar a quantidade de golpes de faca que a vítima teria levado e que foram desferidos pelo marido, Adérito Pires, que recorreu ao suicídio por enforcamento.

A polícia ainda ontem estava no aguardo do resultado dos exames periciais que os corpos das vítimas foram submetidos pelos peritos do Instituto de Criminalística (Icrim). O caso está sendo investigado pelo Departamento de Feminicídio, órgão da SHPP, coordenado pela delegada Viviane Azambuja.

“A polícia não pode informar no momento o dia da morte de Maria Célia, que pode ter ocorrido há três ou quatro dias; isso vai ser constatado por meio de exame pericial”Leonardo Carvalho, delegado da SHPP

Achado

O delegado Leonardo Carvalho disse que vizinhos chegaram a olhar Adérito Pires na porta da sua residência, no bairro da Alemanha, no período da manhã da última sexta-feira e no começo da noite de domingo, 17, o corpo da mulher foi encontrado. Os populares e familiares das vítimas somente encontraram os corpos devido o mal cheiro oriundo da casa do casal.

Os corpos estavam em estado de putrefação. O delegado informou que Adérito Pires recorreu ao enforcamento no quarto do imóvel e o de Maria Célia na sala. Ele disse ainda que os populares disseram para a polícia que o casal tinha um relacionamento conturbado e havia constantes brigas devido ciúme. Há informações de que ainda esta semana, vizinhos e parentes as vítimas devem comparecer a sede da SHPP, na Beira-Mar, onde prestarão mais esclarecimentos sobre esse caso.

Este mês a polícia registrou mais dois casos de feminicídio. Um deles teve como vítima Petrolina de Jesus Matos, de 36 anos. Segundo a polícia, ela foi morta a tiros pelo esposo, Valdinho, no último dia 4, no povoado Valença, em Pedro do Rosário.

A outra vítima desse crime foi Adaléia Carvalho da Silva, de 25 anos. A delegada Viviane Azambuja, chefe do Departamento de Combate ao Feminicídio, informou que Vando Gomes do Nascimento, de 25 anos, era o ex-namorado da vítima, teria desferido um golpe de faca no peito da jovem e, logo após, tentou se matar, em Balsas, no dia 3. Ele ainda foi levado para o hospital onde morreu no dia 5 deste mês.

Agressão

Também na noite do domingo, 17, a polícia prendeu em flagrante um homem não identificado, em um motel, localizado na Avenida dos Africanos, nas proximidades da sede da Favela do Samba, no bairro do Sacavém. Ele foi preso despedido acusado de ter espancado e aplicado um golpe de faca em sua namorada.

A vítima foi encontrada em um dos quartos desse motel, ensanguentada. Ela foi levada para um hospital da capital pelos socorristas do Serviço Móvel de Urgência (Samu), enquanto, o acusado foi apresentado no plantão de Polícia Civil da Casa da Mulher, no Jaracati. A delegada da Mulher de São Luís, Wanda Moura, disse que esse detido vai responder com base na Lia Maria da Penha.

Incêndio

A polícia ainda ontem não havia conseguido prender um homem, não identificado, acusado de ter agredido a esposa e ateado fogo na residência do casal, localizada no bairro Goiabal, em Pedreiras, na última sexta-feira. A vítima compareceu à Delegacia Regional de Pedreiras onde o caso está sendo investigado. Inclusive, o pedido de medida protetiva já foi solicitada ao Poder Judiciário.

Saiba mais

O capitão Lisboa, assessor de comunicação do Corpo de Bombeiros Militar, informou que três mulheres, nomes não identificados, foram golpeadas no braço, panturrilha e coxa, na área da Madre Deus, na noite do último domingo. Elas não souberam informar o nome dos acusados e foram encaminhadas para o Hospital Municipal Socorrão I, no centro, mas não correm risco de morte.

Números

1.870

foi o número de denúncias de mulheres ameaçadas por companheiro ou alguém de convivência familiar no decorrer do ano passado na Ilha, com 1.625 inquéritos instaurados na Delegacia Especial da Mulher

43

foram os casos de feminicídio no ano passado em todo o estado; este ano, seis mortes já foram registrados pela polícia na Região Metropolitana de São Luís, sendo três em janeiro e três em fevereiro

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