SÃO Luís - O desastre ambiental que atingiu a cidade de Brumadinho, em Minas Gerais, se tornou um dos maiores já registrados no país. Como forma de ajuda, uma equipe de 22 bombeiros maranhenses foi enviada para o local, na intenção de ajudar no resgate de sobreviventes visto a enorme extensão da tragédia.
Na tarde de ontem (18), os 22 bravos bombeiros receberam a mais alta comenda do estado do Maranhão, a Medalha da Ordem do Mérito Timbira. A solenidade aconteceu no auditório do Palácio Henrique de La Rocque, e a medalha foi entregue pelo governador do Estado, Flávio Dino, e outras autoridades.
O comandante-geral do Corpo de Bombeiros do Maranhão, Célio Roberto, destacou a atuação da equipe em Minhas Gerais. “Foram 21 dias de trabalho. Esses profissionais atuaram com os bombeiros mineiros na busca de sobreviventes. Com o passar dos dias, as chances de achar sobreviventes se tornou menor. Então, o foco se tornou em encontrar corpos que pudessem ser entregues dignamente aos seus familiares”, disse.
O cenário insalubre e chocante tornava o trabalho dos profissionais ainda mais difícil, visto que o deslocamento para a zona quente, local onde se encontrava o maior número de possíveis sobreviventes, só poderia ser feito via aéreo. “Os sobreviventes foram encontrados predominantemente em lugares de difícil acesso, dentro da mata ou até mesmo ilhados. Só posso afirmar que essa foi a experiência mais difícil já vivenciada por essa equipe”, completou o comandante Célio Roberto.
A equipe no local foi coordenada pelo major Patrício Penha, que esteve à frente dos maranhenses durante os 21 dias. “Chegamos no local logo no segundo dia em que aconteceu o evento e pudemos atuar na zona quente, que foi aquela região mais atingida e onde havia a possibilidade de ser encontrado o maior número de pessoas ainda com vida”, explicou o major.
Segundo o bombeiro, a atuação da equipe se deu, principalmente, com as equipes de intervenção, por meio da utilização de aeronaves e alguns equipamentos de tecnologia mais avançada, que faziam a sucção da água suja e facilitava nosso trabalho de tirar pessoas ainda vivas e corpos dos escombros. “Eu já tenho quase 13 anos de serviço, mas sem dúvida essa foi a mais marcante de toda história vista que foi a maior tragédia nacional já registrada”, diz emocionado.
Depoimento
A cabo Brenda Matos foi a única mulher presente na equipe do Corpo de Bombeiros do Maranhão que realizou trabalhos na cidade de Brumadinho, em Minas Gerais.
“É muito difícil até de falar. A gente acordava 5h e só conseguíamos chegar ao local de helicóptero, porque todas as vias terrestres estavam destruídas. Eu não digo por mim, mas digo em nome de todo o Corpo de Bombeiros do estado do Maranhão que foi a operação mais difícil já realizada. Esse tipo de situação é atípico para qualquer profissional dessa área. A gente tem treinamento de busca e resgate, mas nesse tipo de cenário é surreal. Eu me sinto honrada de ter sido uma das poucas mulheres presentes nesse serviço, exercendo meu trabalho como qualquer outro profissional, nas mesmas condições físicas e psicológicas”, diz.
Sobre o desastre
O Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais atualizou para 169 o número de mortes em decorrência do rompimento de uma barragem da mineradora Vale em Brumadinho. Fragmentos de corpos também foram localizados pelas equipes.
De acordo com boletim da Defesa Civil do estado divulgado no domingo (17), todos os óbitos já foram identificados. A tragédia na mina Córrego do Feijão, nos arredores da capital Belo Horizonte, deixou ainda 141 pessoas desaparecidas - entre funcionários da mineradora, terceirizados que prestavam serviços à Vale e membros da comunidade.
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