Editorial

Sangue e medo na orla

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26

A diversão noturna outrora garantida aos frequentadores da Avenida Litorânea deu lugar à sensação de pânico em razão da violência que assola um dos principais cartões postais de São Luís. Nos últimos três anos, foram registrados nada menos do que cinco homicídios na via, manchando de sangue um ambiente onde deveria imperar apenas o bem-estar proporcionado pelas práticas saudáveis e pelas opções diversificadas de lazer disponíveis. O assassinato mais recente, que teve como vítima um jovem de 19 anos, ocorreu na noite da última segunda-feira e sinalizou um clima ainda mais hostil.

Com a frequência de público em baixa devido à ameaça constante da insegurança, um número crescente de donos bares da orla aboliu o turno noturno da rotina. Além de constatarem que o trabalho nesse horário não compensa o sacrifício em termos físicos e financeiros, os empresários do ramo sentem-se intimidados, tamanha a exposição à violência.

É cada vez mais comum pretensos clientes serem surpreendidos logo ao anoitecer com a falta de alternativa para curtir um bom happy hour. Muitos bares da orla que antes funcionavam sem limite de horário para fechar as portas já não atendem mais após as 18h, reflexo da criminalidade, que não afeta só o entretenimento, mas todo o movimento no extenso trecho formado pelas praias de São Marcos (ou Marcela, para muitos), Calhau e Caolho.

O litoral da capital, apesar de toda a urbanização que experimenta desde o início da década de 90, já não é mais tão atrativo, embora seja dotado de equipamentos urbanos dignos do melhor lazer, como quiosques, calçadão e vagas de estacionamento, além de gastronomia e bebidas diversificadas e agradáveis aos paladares mais exigentes. À procura de vítimas, bandidos interferem prejudicialmente nos hábitos cultivados no local. Quem decide mantê-los, o faz movido por extrema coragem, já que os malfeitores estão sempre à espreita, tornando o risco de furtos, assaltos e até de assassinatos cada vez mais real.

A estrutura por si só deixou de ser motivação única para a escolha da orla como point de diversão, ou mesmo de um singelo bate-papo regado a chopp gelado e ao sabor de uma caranguejada, por exemplo. Sejam moradores de São Luís, sejam turistas, os frequentadores buscam algo além dos atrativos à disposição. Querem segurança, um direito que o Estado tem se mostrado incapaz de garantir.

O policiamento ostensivo em um ambiente que gera volume significativo de emprego e renda deve ser prioridade para qualquer governante. Se o descaso persistir, mais bares fecharão em pleno horário propício ao atendimento, extinguindo postos de trabalho e reduzindo drasticamente a capacidade financeira de um setor que reverte boa parte do seu faturamento em tributos aos cofres do Estado.

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