O veranico (estiagem) de até 42 dias registrado no sul do Maranhão, mais conhecida como região de Balsas, principal área produtora de grãos no estado, evidencia forte perdas de rendimento na lavoura de soja. O impacto da falta de chuvas é verificado no 5º Levantamento da Safra 2018/2019, divulgado ontem pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no qual se aponta uma redução de 37% na produção de soja.

De acordo com o levantamento, o Maranhão deve colher 2,863 milhões de toneladas de soja, bem menor que as 2,973 milhões de toneladas colhidas na safra passada. A produtividade da lavoura, em função da estiagem prolongada, recuou 5,6%. Segundo a Conab, o município onde se registrou maior veranico foi São Domingos do Azeitão, resultando em perdas significativas de produtividade.

Em diversas unidades produtivas que cultivaram soja sequer haverá viabilidade de aproveitamento do grão colhido, em razão da baixa qualidade e peso apresentado, obrigando o produtor a incorporar a cultura ao solo, a exemplo do ocorrido no município de São Raimundo das Mangabeiras.

Com o milho não é diferente. O levantamento da Conab aponta uma produção de 1,858 milhão de toneladas este ano, volume 1,4% menor que o colhido na safra anterior. A área plantada recuou 0,8% e a produtividade 0,5%.

O rendimento médio nas diversas regiões que utilizam baixo nível tecnológico deve ficar abaixo de 60 sacas/hectare (ha), ao passo que na região Sul do estado, onde há emprego de avançada tecnologia nas unidades produtivas, o rendimento médio deve permanecer em torno de 130 sacas/ha.

Ao passo que prejudicou a soja, com perdas na lavoura, as fortes estiagens evidenciadas na região Sul do estado devem favorecer o aumento da área plantada de milho safrinha, mas em um percentual ainda não definido.

Arroz

O arroz, terceira mais importante cultura produzida no Maranhão também apresenta resultado negativo. A queda estimada pela Conab é de 19,4%, com uma produção de 258,7 mil toneladas, ante as 320,9 mil toneladas colhidas na safra passada. A área plantada registra recuou 15,4% e a produtividade 4,8%.

Conforme o levantamento da Conab, as lavouras de arroz de terras altas continuam a sofrer forte pressão de outros sistemas produtivos, considerados mais rentáveis pelo pequeno e médio produtor, a exemplo da criação de animais de pequeno porte, entre outros, o que tem favorecido, com raríssimas exceções, na diminuição de área semeada dessa cultura em várias regiões do estado.

No Município de Chapadinha haverá uma redução de distribuição de sementes doadas pelo governo do estado de 28 mil quilos de sementes na safra 2017/18, para 18 mil quilos de sementes na presente safra, o que acarretará em uma redução na área plantada, motivada pela falta de rentabilidade na venda do arroz.

Em São Mateus, que tradicionalmente cultiva o arroz na Região do Perímetro Irrigado do Salangô, deve semear nessa estação somente 10% da área plantada na safra anterior, ou seja, dos 600 hectares cultivados na safra 2017/18 foram semeados nessa safra somente 60 hectares.

Algodão

No Maranhão, a semeadura de algodão para essa safra está finalizada, com a destinação de 27,6 mil hectares, representando incremento de 23,8% em relação a 2017/18. O crédito de custeio da produção de algodão no estado é oriundo do próprio capital das empresas produtoras e a produção é 80% direcionada ao mercado internacional.

Ao contrário dos outros grãos, no caso do algodão em caroço a safra é positiva, com estimativa de se colher 113,8 mil toneladas, acrescimento de 30,4% em comparação à safra anterior, quando a produção alcançada foi de 87,3 mil toneladas.

Mais

Seguindo o mesmo desempenho da soja, milho e arroz, a cultura do feijão no Maranhão tem previsão de queda de 13,4%. A produção é estimada em 50,4 mil toneladas, ante as 58,2 mil toneladas colhidas na safra passada.

Números

42

Dias de veranico foram registrados na região sul do Maranhão, prejudicando a safra de soja

37%

É a queda na produção maranhense de soja na atua safra, segundo levantamento da Conab

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