Editorial

As escolas cívico-militares

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26

A decisão do Ministério da Educação (MEC) de ampliar e investir em escolas cívico-militares deixa a sensação de que o cidadão já não tem a quem recorrer, a não ser a polícia, e isso em todos os âmbitos da vida moderna. Também fica a impressão de que o sistema faliu, ruiu, já que Educação é a base de tudo e os responsáveis por sua gestão deixaram a criminalidade se alastrar, precisando do apoio da polícia para que tudo volte ao eixo - ao menos essa é o que se espera da proposta.

Polícia para quem precisa, já diziam os Titãs, mesmo que seja dentro das salas de aula, onde o professor deveria ter autoridade máxima com os alunos, mas assim já não é há muito tempo. Incrédulo, o cidadão se questiona se a medida não consolidaria a ideia de que a bandidagem invadiu todos os setores da sociedade, inclusive a escola, fazendo com que o feitiço vire contra o feiticeiro, em sala de aula, acelerando a aproximação com o crime de quem já vive essa realidade de violência em seu cotidiano.

A proposta do governo federal se apresenta bem estruturada, tendo por base algo que já ocorre no país, em pequena escala. Atualmente, são 120 escolas em 17 estados do país com o modelo cívico-militar, a maior parte funcionando no estado de Goiás, com 50 unidades, segundo dados da Polícia Militar do Distrito Federal (DF). Nessa conta ainda não estão incluídas as escolas do DF, onde o ano letivo começou segunda-feira com a implementação do novo modelo em quatro escolas de regiões ao redor do Plano Piloto, área central de Brasília.

A ampliação do número de escolas cívico-militares no país é uma das prioridades do MEC, que agora tem uma Subsecretaria de Fomento às Escolas Cívico-Militares. Detalhe que, no mês passado, o MEC informou, em nota, que o modelo se justifica pelos altos índices de criminalidade registrados no país.

Segundo a nota, com o modelo, o ministério busca “uma alternativa para a formação cultural das futuras gerações, pautada no civismo, na hierarquia, no respeito mútuo, sem qualquer tipo de ideologia, tornando-os desta forma cidadãos conhecedores da realidade e críticos de fatos reais”. Nenhuma promessa mirabolante, mas apenas o básico que se espera quando o assunto é educação, até porque toca em fatores que já deveriam ser oferecidos pelo ensino nas escolas de todo o país.

Além disso, o MEC informou que a iniciativa “contará com a participação de vários segmentos da sociedade”. Algo que também deveria ser comum no processo educativo de hoje, mas, ao que parece, não ocorre no país.

Espera-se que, desta vez, o projeto alcance o objetivo e as escolas voltem a ser locais somente de ensino-aprendizagem. Assim, como só falta o MEC finalizar a proposta, o cidadão, que não sabe mais a quem recorrer, agarra-se à esperança de que tudo dê certo. E nessa categoria, claro, incluem-se pais, educadores, professores e gestores das unidades escolares. Todos esperando dias de um futuro melhor.

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