Ajuda humanitária

Maduro impede caminhões com comida de entrar na Venezuela

Veículos com alimentos e remédios fornecidos pelos EUA não conseguem atravessar ponte fronteiriça, bloqueada por governo de Nicolás Maduro, que alega que permitir acesso abriria caminho para intervenção militar americana

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26
Com ponte bloqueada, vários caminhões com alimentos e medicamentos foram enviados para um centro de coleta em Cúcuta, Colômbia
Com ponte bloqueada, vários caminhões com alimentos e medicamentos foram enviados para um centro de coleta em Cúcuta, Colômbia (Reuters)

CARACAS - Os primeiros caminhões com ajuda humanitária dos Estados Unidos para a Venezuela chegaram à cidade fronteiriça colombiana de Cúcuta. Os veículos estão atualmente estacionados perto da ponte Tienditas, que continua bloqueada por tropas venezuelanas. O presidente Nicolás Maduro, que tem o apoio do Exército, não deixou os caminhões entrarem no país.

O líder da oposição Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino da Venezuela no dia 23 de janeiro, alertou que muitos venezuelanos estão sob risco de morte correm o risco de morrer sem a ajuda internacional.

O impasse sobre os caminhões é mais um capítulo da crise política, econômica e social que a Venezuela enfrenta. Politicamente, o cenário no país se agravou desde janeiro, quando Juan Guaidó se autoproclamou presidente e foi reconhecido por diversos países, incluindo Estados Unidos e Brasil, aumentando a pressão contra o regime de Maduro.

Guaidó é chefe da Assembleia Nacional da Venezuela e já conseguiu o apoio de mais de 40 países. Maduro, por outro lado, ainda conta com o apoio da China e da Rússia.

A ajuda humanitária dos EUA

Foi em meio a esse contexto que, na quinta-feira, vários caminhões com alimentos e remédios chegaram a um centro de coleta em Cúcuta. Os veículos foram escoltados por policiais colombianos em motos.

Enviados pelos Estados Unidos, os suprimentos foram, no entanto, impedidos de entrar. A ponte que dá acesso ao país foi bloqueada por militares venezuelanos.

Não ficou imediatamente claro como a ajuda humanitária seria entregue do outro lado da fronteira.

Os militares venezuelanos já haviam colocado contêineres de carga e um caminhão-tanque para bloquear a ponte Tienditas, que liga Cúcuta e a cidade de Ureña, na Venezuela.

Maduro recusou a ajuda estrangeira, alegando que permitir o acesso abriria caminho para uma intervenção militar americana com intenção de derrubá-lo. Ele disse que "ninguém vai entrar, nem um único soldado invasor".

Enquanto isso, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, exige que a Venezuela reabra a ponte, ressaltando que "o regime de Maduro tem de permitir que a ajuda alcance o povo faminto".

Vários líderes venezuelanos também pediram aos militares que permitissem a entrada dos caminhões de ajuda no país.

Como poderia funcionar?

Guaidó não controla nenhum território na Venezuela e, em vez disso, planeja instalar centros de coleta em países vizinhos para os quais os venezuelanos fugiram.

Ele disse que queria criar uma coalizão internacional para obter ajuda em três pontos e pressionar o Exército da Venezuela a permitir a entrada dessa ajuda no país.

Em um tuíte no último domingo, o conselheiro de segurança nacional dos EUA, John Bolton, disse que os planos estão avançados.

Enquanto isso, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse em uma entrevista que o uso da força militar continua sendo "uma opção".

Em seu discurso na terça-feira sobre o Estado da União - tradicional discurso perante o Congresso em que o mandatário fala sobre as conquistas do governo e apresenta sua agenda política para o ano que se inicia -, ele reiterou seu apoio a Guaidó e disse: "Estamos ao lado do povo venezuelano em sua nobre busca pela liberdade".

Qual é o pano de fundo?

A Venezuela sofreu turbulências econômicas durante anos, com hiperinflação e escassez de itens essenciais, como alimentos e remédios. Milhões de pessoas fugiram do país.

Em janeiro, Maduro foi empossado para mais seis anos de mandato após eleições realizadas em 2018 - amplamente contestadas pela oposição e por vários países e órgão internacionais.

Cerca de duas semanas depois, em 23 de janeiro, Guiadó se autoproclamou "presidente encarregado" do país, alegando que a Constituição lhe permite assumir temporariamente o poder quando o presidente é considerado ilegítimo.

No dia 1º de fevereiro, ele disse que os protestos contra Maduro continuariam até que seus apoiadores tivessem alcançado "liberdade".

Entre os desdobramentos da história, os Estados Unidos anunciaram novas sanções a membros do governo de Maduro, afirmando que os vistos para membros da Assembleia Constituinte, controlada pelo governo, seriam revogados.

Membros europeus e latino-americanos do chamado Grupo de Contato Internacional também ressaltaram que era crucial restaurar a democracia plena na Venezuela, dizendo que pressionariam por novas eleições o mais rápido possível.

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