Negociações

Rússia está aberta a propostas dos EUA para novo pacto de armas nucleares

Rússia suspendeu o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário no fim de semana depois que Washington anunciou que iria se retirar do acordo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26

MOSCOU - A Rússia está disposta a considerar novas propostas dos Estados Unidos para substituir um pacto nuclear da Guerra Fria que está suspenso por um tratado mais amplo que inclua mais países, afirmou ontem o vice-ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Ryabkov, segundo a Reuters.

Os russos suspenderam o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF) no fim de semana, depois que Washington anunciou que iria se retirar do acordo em seis meses a menos que a Rússia abandonasse o que os EUA dizem ser violações do pacto. Moscou nega as alegações.

O tratado de 1987 eliminou os arsenais de mísseis de médio alcance das duas maiores potências nucleares do mundo, mas deixa outros países livres para produzi-los e implantá-los.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na semana passada que gostaria de manter conversações com o objetivo de criar um novo tratado de controle de armas.

"É claro que vimos a referência na declaração do presidente Trump à possibilidade de um novo tratado que poderia ser assinado em uma sala bonita e que este tratado deveria também incluir outros países como seus participantes. Esperamos que esta proposta seja concretizada e colocada no papel ou por outros meios", disse Ryabkov, em coletiva de imprensa em Moscou.

Ryabkov disse que os Estados Unidos não enviaram a Moscou nenhuma proposta concreta para um novo pacto.

Acusação americana

Washington acusa a Rússia há tempos de descumprir o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário de 1987, alegando que o novo míssil russo Novator 9M729, chamado pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de SSC-8, viola o pacto, que proíbe os dois lados de instalarem mísseis terrestres de alcance curto e intermediário na Europa.

A Rússia nega, dizendo que o alcance do míssil o exclui do tratado, acusando os EUA de inventarem um pretexto para se desligarem de um acordo que Washington quer abandonar de todo modo para desenvolver novos mísseis e rejeitando a exigência norte-americana de destruir o novo míssil.

Novo míssil

Na terça-feira (5), o ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, anunciou que o seu país planeja desenvolver até 2021 uma versão terrestre dos mísseis usados até agora pela Marinha russa.

"Durante os anos de 2019-2020, será necessário desenvolver uma versão terrestre do sistema Kalibr usado na Síria. Durante o mesmo período, teremos que criar um sistema de mísseis terrestres de longo alcance", declarou Shoigu em comunicado das Forças Armadas russas.

A Rússia usou mísseis Kalibr pela primeira vez em 2015, em operações contra rebeldes sírios. Sua potência corresponde ao tipo de armas proibidas pelo tratado INF, e que só se aplica a mísseis terrestres.

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