Em Londres

Oposição apresenta condições para apoiar acordo do Brexit

May e líderes europeus reiniciam conversas sobre divórcio; eles concordam que é possível encontrar uma solução que obtenha o maior apoio possível no Parlamento do Reino Unido

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26
Theresa May, primeira-ministra do Reino Unido, e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker
Theresa May, primeira-ministra do Reino Unido, e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker (Reuters)

LONDRES - A premier britânica, Theresa May , e líderes europeus concordaram em começar uma nova rodada de conversas sobre o Brexit após se reunirem ontem ( 7) em Bruxelas. Com menos de dois meses até expirar o prazo para o Reino Unido deixar a União Europeia, a primeira-ministra corre contra o tempo para renegociar o acordo que já havia sido acertado a duras penas no ano passado, mas foi rechaçado pelo Parlamento de Londres em 14 de janeiro. Na noite de quarta-feira ( 6), o Partido Trabalhista do Reino Unido apresentou cinco condições à primeira-ministra conservadora, Theresa May, para apoiar o seu acordo do Brexit.

"Apesar dos desafios, ambos os líderes concordaram que suas equipes devem manter conversas sobre se é possível encontrar uma solução que obtenha o maior apoio possível no Parlamento do Reino Unido e respeite as diretrizes do Conselho Europeu", aponta uma declaração conjunta de May e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.

May reiterou o desejo do Parlamento britânico de buscar uma alternativa para evitar o retorno de controles de fronteira entre a República da Irlanda, membro da UE, e a província britânica Irlanda do Norte, uma das questões mais sensíveis envolvendo as negociações do Brexit. A versão do acordo que foi rejeitada pelo Parlamento, considerada inaceitável para os defensores mais ardorosos do Brexit no Partido Conservador, previa uma união aduaneira temporária entre Reino Unido e UE, enquanto se buscaria outra opção para evitar o fechamento dessa fronteira.

O negociador europeu, Michel Barnier, se reunirá na segunda-feira com o ministro britânico do Brexit em Estrasburgo. Ele já negociara o acordo atual por quase um ano e meio em nome da UE e, agora, a missão é fazer ajustes legalmente possíveis que agradem suficientemente a líderes europeus e políticos britânicos em poucas semanas.

Oposição britânica

O líder trabalhista, Jeremy Corbyn, principal figura da oposição britânica, foi ao encontro de May na semana passada e, na noite de quarta-feira, suas demandas foram divulgadas numa carta pública. Dentre as exigências da oposição, à primeira vista inaceitáveis para os eurocéticos do Partido Conservador de May, estão uma união aduaneira pemanente com a UE, laços próximos com o mercado único europeu e a proteção aos direitos dos trabalhadores britânicos, que deverão ter as mesmas garantias oferecidas pelo bloco. Outras mudanças requeridas são pactos em futuros acordos de segurança com a UE e a participação do Reino Unido em agências e programas de financiamento do bloco.

A insatisfação com os termos acertados por May fez com que o Parlamento rejeitasse o acordo no mês passado e votasse para que houvesse mudanças no texto. De acordo com o The Guardian, o governo de May expressou disposição nesta quinta-feira para discutir os termos propostos por Corbyn. Já uma porta-voz da primeira-ministra disse que May responderá à carta de Corbyn; que uma união aduaneira com a UE continua descartada; e que o foco das negociações são mudanças relacionadas à fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte.

Alguns líderes do próprio Partido Trabalhista que vêm pressionando por um segundo referendo do Brexit, a fim de reverter o resultado daquele realizado em 2016, não ficaram satisfeitos com a possibilidade de renegociar o pacto que já existe.

Contra o tempo

May corre contra o tempo na tentativa de salvar o seu acordo para o Brexit, a fim de evitar que o Reino Unido deixe a União Europeia sem condições pré-definidas, o que jogaria o país em um campo de incertezas. O prazo para a saída britânica do bloco é 29 de março deste ano.Londres e Bruxelas também debatem a possibilidade de atrasar o Brexit, embora a premier tenha dito nesta quinta-feira que "está claro que ela entregará o Brexit a tempo".

Ontem, o presidente do Banco da Inglaterra, Mark Carney, alertou que a economia britânica "ainda não está pronta" para um Brexit sem acordo. Ele insistiu nas tensões que as empresas podem sofrer em decorrência das incertezas sobre a saída do país da UE.

"Ainda que muitas empresas tenham intensificado seus preparativos, a economia britânica como um todo ainda não está pronta para uma saída sem acordo e sem transição", declarou Carney a jornalistas.

Os encontros de May acontecem num contexto tenso, após o chefe do Conselho Europeu, Donald Tusk, ter afirmado na quarta-feira que os promotores do Brexit "têm um lugar garantido no inferno". May disse hoje ter falado sobre sua "linguagem pouco útil" para as negociações com Tusk.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.