Diálogo

Papa diz que está disposto a mediar situação na Venezuela

Pontífice confirmou ontem que o presidente Nicolás Maduro lhe escreveu carta, mas diz que ainda não a leu; ele disse que a condição inicial para a mediação é que ambos os lados - governo e exposição - a solicitem

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26
Papa Francisco conduz missa com aproximadamente 170 mil católicos em Abu Dhabi
Papa Francisco conduz missa com aproximadamente 170 mil católicos em Abu Dhabi (AFP)

ABU DHABI - O papa Francisco disse ontem que o Vaticano está disposto a mediar a situação na Venezuela, caso requerido pelos dois lados. O pontífice salientou, no entanto, que medidas preliminares de aproximação devem ter tomadas antes.

Falando com repórteres no avião que o levava de volta de uma visita aos Emiradores Árabes, a primeira de um papa a um país da Península Arábica, Francisco também confirmou que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, lhe escreveu uma carta, mas que ainda não a leu.

Ontem disse à emissora italiana Sky TG24 que enviou a carta ao Papa para pedir "ajuda no processo de facilitar e reforçar o diálogo".

Questionado sobre um possível esforço de mediação direta do Vaticano, o Papa disse: " Vou ler a carta e ver o que pode ser feito, mas a condição inicial é que ambos os lados a solicitem. Estamos dispostos".

Dado o fracasso das rodadas anteriores de diálogo, incluindo uma liderada pelo Vaticano, os oponentes de Maduro suspeitam da iniciativa, acreditando que Maduro os usa para reprimir protestos e perpetuar-se no poder.

Francisco acrescentou que uma mediação formal deveria ser vista como um último recurso na diplomacia. Ele disse que algumas medidas preliminares devem ser tomadas primeiro pelo Vaticano e outros membros da comunidade internacional.

Ele disse que isso incluiria esforços para "tentar aproximar um lado do outro, iniciar um processo de diálogo".

Francisco teve importante atuação na mediação das conversas entre Cuba e Estados Unidos, que, em 2015, durante o governo de Barack Obama, restauraram as relações diplomáticas, após 54 anos de rompimento.

Grupo de contato

Amanhã, ( 7) um grupo de contato coordenado pela União Europeia, com participação de oito países europeus e cinco latino-americanos, incluindo Uruguai, Equador e Costa Rica, se reúne pela primeira vez, em Montevidéu.

A reunião acontece a nível ministerial e a atividade diplomática começará na quarta-feira, com reuniões bilaterais entre autoridades uruguaias e as delegações do México e dos países membros da Comunidade do Caribe (Caricom).

De acordo com seus promotores, apesar de não ter uma posição unânime de apoio ao autoproclamado presidente da Venezuela Juan Guaidó, o grupo de apoio pretende "contribuir para criar as condições para o surgimento de um processo político e pacífico", que leve a eleições livres e transparentes.

O plano da reunião surgiu inicialmente, no dia 30 de janeiro, como uma chamada para países neutros realizada por Uruguai e México, dois dos poucos na região que não reconheceram Guaidó, mas mudou de natureza.

Em uma nota conjunta do governo uruguaio e da União Europeia divulgada neste domingo, o bloco europeu tornou-se co-anfitrião da reunião, em uma união de forças entre os países latino-americanos e o grupo de contato lançado dias antes em reunião da UE em Bucareste. O Grupo de Contato Internacional, como ficou conhecido, tem o objetivo de alcançar resultados concretos em 90 dias.

Na segunda-feira (4), vários dos participantes europeus da reunião no Uruguai deram seu apoio explícito a Guaidó, desfazendo a alegada limitação da reunião a países neutros.

O México, enquanto isso, manteve uma postura singular entre os participantes da reunião no Uruguai, ao informar que seu ministro das Relações Exteriores, Marcelo Ebrard, participará da reunião, mas que não pertence ao grupo de contato. O país, da mesma forma, não assinou as declarações do Grupo Lima, do qual é membro.

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