Desconfiança

Maduro rejeita novas eleições, mas está pronto para o diálogo

Venezuela, hoje mergulhada numa crise econômica, social e política, aguarda solução imediata para o impasse que tem deixado a população sem emprego

Reuters

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26
Maduro em meio à população defende seu mandato, mas já admite negociar com adversários
Maduro em meio à população defende seu mandato, mas já admite negociar com adversários (Maduro)

Caracas - O presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, rejeitou um ultimato internacional para convocar eleições dentro de oito dias e disse que o líder da oposição, Juan Guaidó, violou a Constituição do país ao declarar-se presidente.

Em entrevista à CNN da Turquia neste domingo, Maduro disse estar aberto ao diálogo e que um encontro com o presidente dos EUA, Donald Trump, é improvável, mas não impossível.

Washington, que reconheceu Guaidó como líder, pediu no sábado que o mundo “escolha um lado” na Venezuela e se desconecte financeiramente do governo de Maduro.

Com Maduro, a Venezuela mergulhou numa crise econômica, social e política, com escassez de alimentos, uma inflação que deve subir para 10 milhões por cento este ano e protestos, que levou a uma emigração em massa.

Reino Unido, Alemanha, França e Espanha disseram que reconhecerão Guaidó se Maduro não convocar novas eleições dentro de oito dias, um ultimato que a Rússia considera “absurdo” e que o chanceler venezuelano chamou de “infantil”.

Washington, Canadá, assim como a maioria dos países latino-americanos, incluindo o Brasil, e muitos países europeus classificaram as eleições do segundo mandato de Maduro, em maio passado, como fraudulentas.

Maduro mantém a lealdade das Forças Armadas, embora o principal adido militar da Venezuela aos Estados Unidos tenha desertado para o lado de Guaidó no sábado.

Transição

Já o líder da oposição venezuelana e autoproclamado presidente interino, Juan Guaidó, disse, no sábado, que conversou com funcionários do governo para convencê-los da necessidade de uma transição e eleições.

“Há funcionários públicos que vieram falar conosco”, disse Guaidó em um ato no qual ele disse estar disposto a conversar com todos aqueles que “querem alcançar a cessação da usurpação e das eleições”. Ele não detalhou com quem ele se encontrou para “protegê-los”.

Em uma entrevista na TV no início da semana, Guaidó pareceu se esquivar de uma pergunta sobre se ele havia se encontrado com Diosdado Cabello, primeiro vice-presidente do partido de Nicolás Maduro, e segundo homem forte do governo.

Guaidó, um engenheiro de 35 anos, se declarou presidente na quarta-feira e foi reconhecido pelos Estados Unidos, Canadá e vários países latino-americanos, entre eles o Brasil.

O governo venezuelano mostrou sexta-feira um vídeo para evidenciar uma reunião de Cabello e outro dos principais auxiliares de Maduro, Freddy Bernal, em um hotel em Caracas com vários parlamentares da oposição, junto com uma pessoa vestindo um boné de beisebol e um moletom cinza que o governo diz ser Guaidó.

Cabello disse no sábado que teve mais gravações da reunião e que Guaidó pediu a ele que apoiasse novas eleições. Ele acrescentou que a única eleição que ele apoiaria seria para a Assembléia Nacional, que hoje é chefiada por Guaidó.

Guaidó tem apoio internacional, mas não controla as instituições e procura conquistar membros do partido governista prometendo uma política de anistia e incentivos legais aos funcionários e desobediência militar a Maduro.

Foi bem-sucedido no sábado, quando um adido militar da embaixada venezuelana nos Estados Unidos reconheceu o jovem líder e rompeu com Maduro. Mas as Forças Armadas, através de sua conta no Twitter, o chamaram de “traidor” por se subordinar aos “interesses internacionais”.

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