CARACAS - A Venezuela está vivendo horas de extrema tensão e a dúvida onipresente é se a oposição e seus aliados internacionais conseguirão a adesão de setores da Força Armada Nacional Bolivariana (Fanb) para poder avançar em sua ofensiva contra o governo de Nicolás Maduro.

Contatos estão sendo feitos, confirmaram fontes venezuelanas, mas trata-se de uma jogada difícil. Basicamente porque a Fanb tem em torno de 600 generais, para um efetivo de 315 mil homens (incluindo a Guarda Nacional). O Brasil, por exemplo, tem 273 generais para um efetivo de 327 mil.

Na pirâmide militar venezuelana, a base é grande, mas os escalões superiores também. Nesses escalões, explicaram fontes que conhecem bem o mundo militar local, poucos têm poder de fogo. Ou seja, poder para, de fato, representar uma ameaça a Maduro e dar sustentação a estratégia opositora de obrigar o presidente a negociar uma saída que leve a Venezuela a uma transição democrática.

Governos da região estão atuando com ações de inteligência para tentar chegar aos generais venezuelanos. O objetivo, porém, é dificultado pela presença da inteligência cubana na Venezuela. Os apoiadores do presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, que nesta semana proclamou-se presidente interino, sabem que a estratégia da oposição só será viável com o apoio de pelo menos um setor da Fanb.

Os militares são peça-chave na crise venezuelana, e até o momento a cúpula mantém seu respaldo ao governo Maduro. O temor de uma onda de detenções contra dirigentes da oposição é grande. Apesar disso, deputados da oposição estão organizando eventos para esta sexta em lugares públicos de Caracas.

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