Transporte

Brasil: mais de 4.3 mil ônibus incendiados em pouco mais de 30 anos

Já foram atacados e queimados este ano 25 veículos; 17 no Ceará; números foram obtidos pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) e pela Confederação Nacional do Transporte (CNT)

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26
Em 2016, mais de 60 ônibus foram incendiados em Mauá, região metropolitana de São Paulo
Em 2016, mais de 60 ônibus foram incendiados em Mauá, região metropolitana de São Paulo (Divulgação)

BRASÍLIA - Pelo menos 4.397 ônibus foram incendiados no Brasil em pouco mais de 30 anos. O número foi obtido pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) e pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) e consta da publicação Fogueira da Insensatez – Por que Queimam os Ônibus no Brasil?, divulgada na semana passada.

De acordo com a publicação, ao menos 20 pessoas morreram em incêndios criminosos registrados entre 1987 e o último dia 21. Além disso, 63 usuários desses veículos ficaram gravemente feridos. Segundo os responsáveis pelo levantamento, o total de ônibus incendiados no período é maior que as frotas de ônibus de Curitiba e Salvador, juntas.

De 2017 a 2018, o número de casos caiu de 345 para 225 ocorrências, um resultado muito abaixo do total registrado em 2014, quando 657 veículos foram incinerados, informa a publicação. Neste ano, 25 ônibus já foram atacados e queimados em apenas 21 dias - 17 deles no Ceará, que, desde o último dia 2, enfrenta uma onda de crimes, com ataques a ônibus, caminhões de lixo, veículos que prestam serviço à empresa fornecedora de energia elétrica, prédios públicos, bancos e vias públicas.

Lembrando que o transporte público é um direito social, a publicação sustenta que os ataques criminosos têm sido um grande obstáculo para a efetivação do acesso aos meios de locomoção a que todo cidadão faz jus. Além disso, os responsáveis pelo levantamento afirmam que os maiores prejudicados são justamente as pessoas mais pobres, com menos possibilidade de acesso a alternativas de transporte e que, normalmente, vivem distante das áreas centrais das cidades.

Para os pesquisadores, a impunidade é um fator que favorece a perpetuação do problema que, para ser resolvido, exige melhoria dos instrumentos de punição aos envolvidos, aperfeiçoamento das leis e responsabilização do Estado. “Uma solução definitiva e duradoura só pode ser alcançada por meio da educação, sobretudo das crianças e dos jovens das comunidades mais afetadas por esses atos de violência. Este é o melhor caminho”, diz o presidente do Conselho da NTU, Eurico Galhardi, nas conclusões da publicação.

Galhardi enfatiza ainda a importância de mais investimentos em educação. “E essencial que a população valorize e conserve os meios de transporte – em especial quem os utiliza”, afirma.

Considerado todo o período analisado (2004/2019), as cidades com o maior número de ocorrências foram São Paulo (441); Rio de Janeiro (336), seguido pelo conjunto de municípios da região metropolitana do Rio de Janeiro, onde 122 ônibus foram incinerados. Os estados com mais registros foram São Paulo (700); Rio de Janeiro (570) e Minas Gerais (385).

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