Expulsos por Maduro

Diplomatas dos EUA vão permanecer na Venezuela

Guaidó, reconhecido por Washington e autodeclarado presidente interino, insta missões diplomáticas a desconheceram determinações do líder bolivariano

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26

CARACAS/WASHINGTON - O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, anunciou que os Estados Unidos não retirarão da Venezuela seus diplomatas e funcionários de governo, expulsos por Nicolás Maduro, que rompeu as relações diplomáticas com Washington na quarta-feira ( 23). O líder bolivariano deu um ultimato para que os americanos deixassem Caracas em 72h, em meio aos grandes protestos da oposição e à autoproclamação de Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, como presidente interino venezuelano.

O anúncio americano põe Maduro em um impasse: retirar o pessoal americano à força, o que os EUA considerariam um ato de guerra, ou sair desmoralizado.

Os Estados Unidos foram o primeiro país a apoiar Guaidó como novo encarregado dos poderes do Executivo venezuelano. Em comunicado, Pompeo explicou que a missão diplomática do país será mantida em Caracas porque Washington não reconhece o governo Maduro como governo da Venezuela. Neste sentido, não considera que "o ex-presidente tenha autoridade legal para romper relações diplomáticas".

"Os Estados Unidos mantêm relações diplomáticas com a Venezuela e vão conduzir as relações por meio do governo do presidente interino Guaidó, que convidou nossa missão a permanecer na Venezuela", declarou Pompeo, no comunicado.

A decisão dos EUA abre novo enfrentamento com Caracas, que acusa Washington de liderar um complô para derrubar o herdeiro de Hugo Chávez. Maduro criticou o que chamou de "gravíssima insensatez da política extremista" do governo Trump para dividir o país e destruir suas instituições democráticas.

"Dou 72 horas para que toda a equipe diplomática americana abandone a Venezuela", afirmou Maduro, em pronunciamento no Palácio de Miraflores, na quarta-feira. "Aqui ninguém se rende, ninguém se entrega. Vamos rumo ao enfrentamento, ao combate, à vitória da paz, da vida, da democracia e do futuro".

Segurança

Na nota, o governo americano apelou à Força Armada Nacional Bolivariana (Fanb), hoje principal pilar de sustentação de Maduro no poder, a proteger a segurança dos cidadãos venezuelanos e americanos na Venezuela.

"Os Estados Unidos vão tomar as ações apropriadas para responsabilizar qualquer um que colocar em perigo a segurança da nossa missão e seu pessoal", acrescentou Pompeo.

Ainda na noite desta quarta-feira, Guiadó divulgou comunicado em que insta as missões diplomáticas a não respeitarem qualquer determinação de Maduro. Sem citar o rival bolivariano, o presidente encarregado, como agora lhe classifica o governo brasileiro, destacou que o país é uma nação soberana e manterá as relações diplomáticas com todos os Estados do mundo. Os privilégios e imunidades diplomáticas serão garantidos, ressaltou ele.

"O Estado da Venezuela deseja que mantenham a presença diplomática no país", diz o comunicado, que pede aos estrangeiros desconsiderar posição que contradiga o poder legítima da Venezuela. "Qualquer disposição contrária careceria de validade, pois emanaria de pessoas ou entidades que, por seu caráter usurpador, não têm autoridade legítima para se pronunciar a respeito".

O Conselho Permanente da Organização de Estados Americanos (OEA) se reuniu ontem em caráter extraordinário para discutir a situação da Venezuela.

Apoio

Além dos EUA, outros 12 países reconheceram Guaidó como presidente interino, incluindo o Brasil, que prometeu apoio político e econômico ao processo de transição na Venezuela. Argentina, Peru, Colômbia, Chile, Paraguai, Guatemala, Costa Rica, Equador, Honduras, Panamá e Canadá adotaram posicionamento semelhante. A União Europeia disse apenas que "acompanha de perto" a situação venezuelana e estabeleceu consultas entre os 28 países-membros do bloco. Já o México e o Uruguai defenderam novas negociações para solucionar a crise do país petroleiro para evitar escalada de violência no país petroleiro.

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